segunda-feira, 30 de abril de 2012

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] S. Luzia - Besteiros

Capela de Santa Luzia, Besteiros
 No dia 9 de Abril rumei a Besteiros. Tradicionalmente na segunda-feira de Páscoa festeja-se Santa Luzia e as romarias à capela da aldeia têm fama nas freguesias vizinhas e nas redondezas.  Não conhecia o programa e cheguei pela manhã ao calmo lugar pertencente à freguesia de Fontelonga.
A calma do lugar deu-me a indicação de que pouca coisa iria acontecer, mas já me dei por satisfeito por encontrar a capela aberta (e sem nenhum automóvel, autocarro ou carrinha estacionado à frente, o que é bastante raro).
A capela é cheia de cor. As imagens são antigas principalmente as laterais, de S. Gonçalo (padroeiro de Zedes) e de S. Domingos. A imagem central que representa Santa Luzia ou Santa Lúcia (nome original), não tem os símbolos que normalmente a caracterizam, uma salva com dois olhos. A imagem no altar lembrou-me imediatamente a de Santa Cecília do santuário em Seixo de Manhoses e tenho dúvidas que seja de Santa Luzia. Há outras imagens mais antigas de Santa Luzia na capela que não oferecem qualquer duvidas.
Interior da capela de Santa Luzia, Besteiros
Santa Luzia viveu em Siracusa e morreu no início do Séc. IV, virgem (dai as flores em volta da cabeça) e executada.  Não há nada que a relacione com a cegueira, a não ser o seu nome (Luz), podendo os olhos que normalmente segura serem também interpretados como iluminação divina. A sua festa ocorre a 13 de dezembro, poucos dias antes do solstício de inverno.
Esta Santa é venerada como protetora dos olhos, de doenças como a cegueira, miopia ou estigmatismo, daí o ritual, que também se verifica no culto a outros santos de passar a palma da imagem pelos olhos, enquanto se reza em frente da imagem. Também é habito oferecem uma salva com dois olhos, em cera.
No local encontrei quatro ou cinco pessoas que com quem falei, nos seus intervalos de oração e cumprimentos de promessas. Além da passagem da palma pelos olhos (a palma simboliza muitas vezes a vitória), fazem-se voltas à capela enquanto se reza.
Pagamento de promessas
Tentei obter informações sobre as romarias de outros tempos, mas pouco consegui apurar. Nos contactos que já tive com pessoas de Fontelonga e do Seixo de Ansiães fiquei com a ideia que a segunda-feira de Páscoa se passava em Besteiros. Juntavam-se grupos de pessoas que se deslocavam a pé, muitas vezes acompanhadas por instrumentos musicais. Depois das cerimónias religiosas as pessoas espalhavam-se pelo largo e pelos lameiros em redor a comerem as suas merendas em festa. Cantavam, tocavam e dançavam.Noutros tempos as romarias eram momentos privilegiados para conhecimento e aproximação dos jovens, que quase nunca eram bem aceites pelos rapazes da aldeia das raparigas. Havia alguma rivalidade entre os grupos das aldeias que referi. O regresso a casa também se fazia em festa.
Há quem diga que a festa foi esmorecendo porque o Sr. Padre Antonione não gostava do convívio que se seguia às cerimónias religiosas, mas pode haver muitas razões. Certo é que já não se comem os folares em Besteiros, em dias de festa à Santa Luzia.
A procissão de Fontelonga a Besteiro iria realizar-se ao fim da tarde. Ainda não foi em 2012 que acompanhei o que resta desta tradição.

--
Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 4/30/2012 07:30:00 AM

sexta-feira, 27 de abril de 2012

[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Estendal

Na aldeia do Castedo, concelho de Torre de Moncorvo.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 4/27/2012 11:25:00 AM

[À Descoberta de Vila Flor] Lodões

Casa brasonada em Lodões, concelho de Vila Flor.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 4/27/2012 09:21:00 AM

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Trilho da Pala da Moura - 22 de Abril (2.ªParte)

Continuação de:  Trilho da Pala da Moura - 22 de Abril (1.ªParte)
A caminho das Olgas
O percurso segue depois para sul, contornando a montanha e dirigindo-se para em direção a Pinhal do Douro, para um sítio chamado Olgas. De início não percebi o porquê de nos desviarmos tanto do objetivo que eram os moinhos, mas depois percebi a razão. No ribeiro das Tábuas há um pedaço de calçada e uma ponte, creio que chamada ponte Romana das Olgas. Posteriormente já procurei informação sobre a acalçada e sobre a ponte, mas pouco consegui encontrar. No livro Património Arqueológico o Concelho de Carrazeda de Ansiães não há referência, nem à calçada, nem à ponte. É possível que não sejam romanas, mas nem assim deixam de ter interesse. Gostei de passar aqui pela primeira vez e penso voltar. É um local visitado pelos praticantes de Geocaching.
A chagar aos moinhos
Gostava de ter seguido pelo caminho até junto da estrada no Pinhal, onde há mais uma capela, a de S. Bartolomeu. Alguns participantes da caminhada fizeram esse percurso, outros seguiram as marcações, fletindo para norte, pouco depois da ribeira. O traçado pela capela é menos cansativo e pouca distância acrescenta.
Já perto da Pala da Moura
Por esta altura o grupo já estava bastante disperso, seguindo cada um ao seu ritmo. O reencontro com os moinhos é sempre interessante. A mim fascina-me imaginar o espaço cheio de vida, como terá sido nos tempos áureos. Os residentes do Vilarinho que nos acompanham ainda sabiam a quem pertenciam os moinhos.
A explicação "à sombra" da anta
Numa casa que seria de habitação (ainda que temporária) ainda existe quase intacto um forno. No caminho, muito acidentado há muitas possas escavadas no granito. Possivelmente seriam bebedouros para as galinhas que deviam circular livremente por entre as casas. Também ainda estão lá as ruínas de um pombal e sobrevive um  lilás, ainda em flor, a indicar que mesmo nos locais mais humildes as flores eram bem-vindas.
As pessoas espalharam-se pelas ruínas, admirando a obra do homem. A água corrente era pouca e por isso muita da beleza do local depreendia-se mas não se via. Eu estive no local em fevereiro de 2010, com um cenário bastante diferente.
Uma provocação à "dieta"
Depois de mais um pequeno esforço o grosso do grupo chegou à Pala da Moura, nome dado à milenar anta ou dólmen, Monumento Nacional desde 1910. Houve um momento de pausa também para ouvir as preciosas informações da arqueóloga presente. Ainda bem que estes Percursos Pedestres para além de fazerem bem ao corpo permitem também aprender ou recordar pedaços da história do nosso concelho.
Seguiu-se o regresso aos moinhos, onde já estava a ser confecionado o almoço.
O espaço há muito que é utilizado pela população do Vilarinho para ali comerem o folar e fazerem outro tipo de encontros, pelo que não faltam assadores e mesas, o suficiente para as cerca de 130 pessoas que estavam presentes.
A cantar os parabéns
O tempo esteve sempre muito instável e com algum vento, mas, felizmente, não interferiu com o desenrolar dos acontecimentos.
Não prestei muita atenção à ementa. Apercebi-me que havia vários tipos de carne no churrasco, caldo verde e ... a novidade, sardinhas assadas, fruta vinho e água. Tivemos até direito a bolo de aniversário!
Interior do moinho recuperado
O tempo ainda chegou para algumas brincadeiras e a visita ao moinho recuperado, infelizmente parado por falta de água que o fizesse rodar.
O mini-autocarro da Câmara estava próximo para transportar as pessoas para o Vilarinho, ou para Carrazeda de Ansiães mas um pequeno grupo de pessoas decidiu fazer o percurso até à aldeia a pé. Claro que integrei este grupo.
Possível lagar escavado na rocha
Nos limites da cerca do Fidalgo um habitante do Vilarinho mostrou-me ruínas de mais uma fonte antiga e, ali perto, o que me pareceu ser um lagar escavado na rocha granítica. Nunca li nenhuma referência a esta estrutura, mas há vários lagares inventariados no concelho e é-lhes dado algum relevo. Gostaria de conhecer a opinião de um especialista a respeito da estrutura ali presente. É mais um elemento a valorizar este Trilho da Pala da Moura.
Brasão, em Vilarinho da Castanheira
Este regresso à Igreja Matriz permitiu também admirar um dos mais bonitos brasões do concelho, do séc. XVIII, com ornatos barrocos que lhe dão uma graça pouco comum. Vilarinho tem um bom conjunto de casas brasonadas!
Verifica-se que em cada caminhada o número de participantes aumenta. Este é um sinal do interesse que estas iniciativas têm. Tal como nas aldeias onde se realizaram os percursos anteriores, Linhares e Castanheiro, fomos bem recebidos, diria mesmo acarinhados, e isso deixa-nos com vontade de voltarmos. E a aldeia de Vilarinho da Castanheira merece, porque tem muito para oferecer.
Parabéns à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia de Vilarinho da Castanheira.

Nota: Este percurso foi traçado por mim, pode diferir um pouco do oficial, sinalizado e não foi o seguido neste Passeio Pedestre.
GPSies - Trilho da Pala da Moura

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 4/27/2012 07:35:00 AM

quinta-feira, 26 de abril de 2012

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Trilho da Pala da Moura - 22 de Abril (1.ªParte)

Apresentação do percurso com informações históricas
O passeio pedestre da Pala da Moura, com organização da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, aconteceu no dia 22 de abril em Vilarinho da Castanheira.
O trilho da Pala da Moura desenvolve-se na freguesia de Vilarinho da Castanheira e integra a Rede Municipal de Percursos Pedestres (com o número 5). O interesse do percurso divide-se entre o paisagístico e o cultural, prolongando-se por pouco mais de 10 km com um grau de dificuldade baixo.
Sendo este o terceiro percurso realizado dá para perceber que há um núcleo "duro" de caminheiros que é de presença quase garantida. Por isso, mesmo para mim que não vivo em permanência no concelho, a maior parte dos rostos já me são familiares. Desta vez até tive uma considerável companhia de Vila Flor, de onde nos deslocámos quase duas dezenas de pessoas.
Interior da Igreja Matriz
O percurso feito no dia 22 segue nos pontos principais o marcado como oficial de Pequena Rota, mas teve algumas variações, para o enriquecer em termos de interesse e para o tornar mais curto em termos de distância a percorrer. Contou também com a novidade do almoço ser servido no campo.
Os primeiros caminheiros na rua Dona Urraca
 De todos os eventos este foi o que contou com de participantes mais jovens. Havia crianças, adolescentes e jovens em número considerável. pelo contrário, os idosos, numerosos no Castanheiro, estiveram em menor número aqui. Fiquei com a impressão de que a população do Vilarinho da Castanheira não aderiu em grande número, mas só contam os que estiveram presentes. Eu gostei da sua companhia e aproveitei para saber mais dos locais onde passámos.
Interior da capela de S. Sebastião
A caminhada iniciou-se junto da Igreja Matriz. Este templo é muito grande e e está bem preservado (restaurada em 2008). Os pináculo são vistosos  os altares em talha dourada também. Terá sido construída durante o séc. XVIII e terminada já no séc. XIX, depois de demolida a segunda igreja que estaria situada na zona da cerca do Fidalgo, alguns metros mais abaixo. Mas Vilarinho da Castanheira já era paróquia desde o séc. XIII, devendo ter existindo ainda outro tempo anterior a esse, de que não há nenhum rasto.
Haverá poucas aldeias no concelho, ou talvez nenhuma, que possua tantas capelas como o Vilarinho! Curiosamente Valtorno, já no concelho de Vila Flor mas próximo dali também teve um elevado número de capelas!
Parte das roupinhas do Menino Jesus
O grupo dirigiu-se de seguida para a capela de S. Sebastião pela rua Dona Urraca (que não faz parte do percurso marcado). Em muitas visitas que já fiz à aldeia nunca tinha entrado nesta capela e acabei por visitá-la 2 vezes durante o mês de abril!
Uma curiosidade desta capela foi realçada pela zeladora. Há um busto do Senhor dos Passos que parece olhar diretamente para nós à medida que nos deslocamos ao longo da capela.
Mesa que aguardava os caminheiros para o mata-bicho
Regressámos à Igreja Matriz passando junto ao futuro Museu Rural, que ainda não está terminado, continuando pelo centro da aldeia até à capela de Nossa Senhora do Rosário. Parece-me que está capela é uma pequena maravilha, quer pela talha, quer pelas imagens, quer por alguns objetos que aqui estão guardados. Um deles é o antigo sacrário da capela de S. Sebastião de cujo o altar não resistiu à ânsia de modernidade.
O Sr. Presidente da Câmara que fez questão de estar presente
O que mais gostei nesta capela está na sacristia, uma vitrina com uma imagem do Menino Jesus rodeado por roupinhas pintadas à mão ou bordadas. Veio-me à memória, de imediato, o Menino Jesus da Cartolinha, em Miranda do Douro, que é a principal atração da Sé da cidade. Também existe uma pequena cama, mas não é do mesmo Menino, mas de outro que não está exposto. Senti curiosidade para saber a proveniência das roupas. Disseram-me que era a professora que fazia as roupinhas, mas, pela falta de tempo, não consegui aclarar o assunto. À frente desta capela há um grande a capela do Senhor do Calvário. Como já era o último da caminhada, nem sequer tive tempo de olhar para ela, com muita pena minha.
Acelerei o passo para recuperar o atraso (também atalhei no caminho) e consegui chegar atempadamente ao alto do monte de Nossa Senhora da Assunção. Este é o ponto mais alto do percurso (847 metros de altitude). O dia não estava muito convidativo, mas a paisagem que se avista em redor é admirável, além de proporcionar uma perspetiva da aldeia que, só por si, vale a pena.
Vista parcial e Vilarinho da Castanheira
A capela de Nossa Senhora da Assunção domina a paisagem e também estava aberta. Aliás é de louvar a preocupação da freguesia em proporcionar o acesso a estes locais e até em os prepararem para serem admirados. Esta foi uma das coisas de que me lamentei da caminhada realizada no Castanheiro.
O mata-bicho foi na Casa dos Milagres. Os bolos característicos da Páscoa marcavam presença. Havia também outros bolos, sandes, presunto, fruta e água. A organização esmerou-se nas iguarias e também na sua apresentação, o que também só valoriza o seu trabalho.
Continua...




--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 4/26/2012 08:20:00 AM

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XXXI)



Basta um caminho.
As vezes, nele, o respirar
do sol.
O acaso de um corpo
a passar por outro corpo.
Um riso leve. Um aceno.
Desabrochar de flor
abreviando as horas.

Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Vila Flor, alto do Facho.


--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 4/26/2012 07:30:00 AM

[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Rua, sol e sombra

Aqui há anos, na euforia de Abril, as multidões gritavam: «Os pides morrem na rua!». Não morreu nenhum, que se saiba, apesar dos gritos das multidões que ocupavam a rua, alardeando um poder afinal inconsequente, porque o poder tinha sido entregue em mão aos generais, no Convento do Carmo, para evitar que caísse na rua. É certo que o poder andou uns tempos na corda banca, tem-te-não-caias, mas a verdade é que não caiu na rua, onde, aliás, talvez nem coubesse, de tão cheia que a rua estava de multidões.
Palavra-chave de slogans para consumo imoderado de manifes e campanhas, jornadas de luta e comícios, a palavra rua ganhou, por essa altura, uma frequência que ninguém lhe conhecera antes, sugerindo, ao mesmo tempo, liberdade e prisão, vitória e derrota, gesto de paz e grito de guerra - sol e sombra, como nas praças de touros, lugar privilegiado para o jogo da vida e da morte.

texto: Afonso Praça, do livro Um momento de ternura e nada mais; Editorial Notícias, 1995
fotografia: Torre de Moncorvo

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 4/26/2012 12:38:00 AM

quarta-feira, 25 de abril de 2012

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Festa de Marzagão (2010)

Andores no interior da igreja de Marzagão, na festa de Nossa Senhora do Rosário em Maio de 2010.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 4/25/2012 10:45:00 AM

[À Descoberta de Vila Flor] Papoilas

Papoilas na estação de Abreiro, na Linha do Tua.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 4/25/2012 07:35:00 AM

terça-feira, 24 de abril de 2012

[A Linha é Tua] Manifesto pelo Tua

Está iminente a destruição do Vale do Tua, um dos últimos rios da Europa em estado natural e um dos mais belos de Portugal. Os signatários defendem a paragem imediata das obras em Foz Tua, antes que sejam cometidos danos irreparáveis sobre um património de inestimável valor social, ecológico e económico, parte da nossa herança cultural e identidade nacional.

Sete razões objectivas para parar a construção da barragem de Foz Tua:
1. Não cumpre os objectivos.
2. Não é necessária.
3. É cara.

4. Há alternativas melhores.
5. É um atentado cultural.
6. É um atentado ambiental.
7. É um atentado social.

Se está de acordo com estas ideias e pretende lutar para salvar o Vale do Tua, assine o manifesto que está disponível aqui.

--
Publicada por Anibal G. em A Linha é Tua a 4/24/2012 03:03:00 PM

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Passeio pedestre - Vilarinho da Castanheira





Primeiras fotografias do Passeio Pedestre realizado no dia 22 de Abril, em Vilarinho da Castanheira.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 4/24/2012 09:52:00 AM

[À Descoberta de Vila Flor] VI Rota da Liberdade

O Clube de Ciclismo de Vila Flor (CCVF) realizou no dia 15 de Abril a 6.ª edição da Rota da Liberdade em BTT, depois de um ano de interregno. A prova contou com a presença de 73 participantes da modalidade e 9 pessoas que fizeram um interessante percurso pedestre. A meia-maratona recebeu a preferência da maioria dos participantes.
 A prova teve início no complexo do Peneireiro, junto às piscinas municipais e Estádio Municipal, e percorreu alguns dos caminhos e trilhos mais bonitos do concelho, sem descurar a exigência física e técnica. O percurso desenvolveu-se pelo termo das freguesias de Vila Flor, Seixo de Manhoses, Valtorno, Candoso, Carvalho de Egas e Samões, desenvolvendo-se entre os 450 e os 750 metros de altitude. Os caminhos tradicionais fizeram as delícias dos praticantes das duas rodas que apreciaram com destaque para o single track do ribeiro dos Moinhos.
A maratona foi ganha por Leonardo Lico, da aacr-bikemania; a meia maratona por Diogo Tomé, da CC Torre Dona Chama-Rodas de Fogo e a mini maratona por Leando Silva.  
O passeio pedestre visitou a aldeia abandonada do Gavião, local também incluído no percurso traçado para as duas rodas.
O reforço foi servido na Junta de Freguesia de Valtorno e o almoço no edifício do Turismo de Vila Flor.
A direção do CCVF ficou satisfeita com a forma como decorreu a prova, mas gostava de ter tido um maior número de participantes. O ano de interregno foi justificado pelo trabalho que dá organizar um evento do género, onde todo o trabalho é voluntariado e não pode prejudicar a vida familiar e profissional dos envolvidos. "O importante não é fazer todos os anos, o importante é fazer bem" diz Nuno Palmeirão, presidente da direção. A crise em que o país se encontra mergulhado também não facilita as coisas, sendo cada vez mais difícil conseguir os apoios necessários das entidades e comércio local. No entanto, há um bom leque de patrocinadores que continua a apoiar a prova.
A 7.ª edição ainda não tem data marcada. Está dependente de um conjunto de fatores que podem fazer com que ela se realize já em 2013, ou então, em 214. Até lá o CCVF vai continuar a proporcionar aos seus sócios a prática do ciclismo e a realizar eventos, mas de menores dimensões.
Nesta edição participei nas duas rodas por não me encontrar minimamente preparado para dar algumas pedaladas. No entanto, não quis que evento se realizasse sem a minha presença e desta forma também contribuir com alguma coisa para o Clube de Ciclismo de que sou sócio.
Estive presente na partida e depois desloquei-me de carro para diferentes locais onde sabia que os atletas iriam passar. Procurei locais interessantes mas como não tinha qualquer contacto com a organização nunca sabia quem iria passar, nem quando, mas até acho que correu bem e que consegui algumas fotografias interessantes. Algumas delas estão desde o dia da priva visíveis no blogue do Clube.
Como aspeto menos positivos, e que nada têm a ver com a organização da prova, aponto o frio que se fez sentir e o lixo que os atletas puderam presenciar em vários locais. O dia esteve gelado e fez um vento difícil de suportar. Ainda estive algum tempo em Candoso, junto à Fraga do Ovo mas tive de abandonar o local porque não suportava o frio.
Quanto ao lixo, não me tenho cansado de dizer que é muito desagradável, mas estou quase a concluir que quanto mais civilizadas são as pessoas, mais poluem e menos respeito têm pela natureza. É uma vergonha o que se passa.
Ainda não perdi as esperanças de voltar a percorrer os caminhos do concelho em duas rodas. Enquanto isso não acontece, vou continuar a fazê-lo a pé.
Parabéns à organização da VI Rota da Liberdade. São eventos como este que dão vida e visibilidade ao concelho.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 4/24/2012 07:26:00 AM

segunda-feira, 23 de abril de 2012

[A Linha é Tua] Barragem de Foz Tua: EN 212 cortada até abertura de troço alternativo na terça-feira

Vila Real, 23 abr (Lusa) - A Estrada Nacional 212, entre Alijó e Foz Tua, vai estar cortada ao trânsito até terça-feira devido a uma derrocada de pedras que ocorreu ao início da tarde, na sequência dos rebentamentos programados da construção da barragem.
Segundo disse à agência Lusa fonte da EDP, na terça-feira é aberto um troço alternativo que já estava a ser preparado para substituir esta parte da estrada, que se localiza a partir da descida de São Mamede de Ribatua para a foz do rio Tua.
 Por volta das 12:00 de hoje, durante um dos rebentamentos programados e que ocorrem no âmbito da empreitada de construção da barragem, verificou-se uma projeção de pedras para a EN-212, o que obrigou a um desvio do trânsito para Alijó-Carlão ou Alijó-Castedo.

Fonte da Fotografia: Vale do Tua 
Fonte do texto: Visão

--
Publicada por Anibal G. em A Linha é Tua a 4/23/2012 11:44:00 PM

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] À Descoberta de Zedes (3/3)

Continuação de  À Descoberta de Zedes (2/3)
A Portela é o centro da aldeia, o largo de que todos se orgulham e que algumas vilas invejam. É um espaço bastante amplo, povoado por bonitas árvores, onde se situam as mais importantes valias da aldeia. Era nesta largo que se realizada única feira de Zedes, no dia 10 de Janeiro, dia de festa do padroeiro S. Gonçalo. Atualmente o dia ainda não passa despercebido, havendo celebrações religiosas mas nada mais. Lembro-me de existirem duas habitações no meio do largo e um tanque para os animais beberem. Havia alguns negrilhos enormes, pelo menos quatro, onde os pardais faziam ninhos em colónias numerosas. De Inverno a água brotava do interior da terra por todo o lado, formando um lamaçal. Os mais pequenos jogavam à roça, com paus aguçados que se espetavam com facilidade na terra húmida. Aqui se jogava à bola, se faziam cascatas para os santos populares, se malhava o cereal ou se prendiam os burros a pastar, quando a erva era mais abundante.
Hoje o seu aspeto é bastante diferente. As duas casas foram demolidas, bem como o tanque onde os animais bebiam. Foi feito um campo em cimento, um dos primeiros do concelho, que proporcionou à aldeia arrojados torneios de futebol de cinco. Verdade se diga que Zedes sempre foi terra de gente com muita habilidade para a bola. A prová-lo está um vasto conjunto de taças e troféus exibidos na sede da sua Associação Cultural e Desportiva (ACDZ), também situada no largo da Portela. Esta Associação, uma das pioneiras no concelho, realizou grandes eventos, desportivos, recreativos e culturais, mas, à medida que a aldeia foi perdendo a sua juventude, foi esmorecendo, sendo difícil faze-la rejuvenescer.
Ao lado da sede da Associação, construída com o esforço do povo, está a antiga escola primária. Além da sala de aulas tinha uma casa de habitação para a professora e um pequeno quintal nas traseiras (não faço ideia se a professora o cultivava). Nessa altura nem todos tinham "direito" a ir à escola, mas devia haver várias dezenas de crianças.
Em 1758 a aldeia tinha dezassete menores e cento e cinquenta "pessoas de sacramento". A população foi crescendo até à década de 60 do séc. XX, quando atingiu cerca de 400 pessoas. O número de fogos nunca parou de crescer, mas o número de habitantes deve estar hoje mais ou menos como em 1758, com a agravante de não ter dezassete menores. As crianças contam-se pelos dedos de uma mão!
Se ao longo de quase todo o ano Zedes é uma aldeia pacata, onde apenas ao Domingo o largo da Portela ganha vida, com pequenos grupos de pessoas a conversarem ao sol, ou a jogarem a sueca, nos meses de Julho e Agosto enche-se de vida. São dezenas de famílias de emigrantes as que anualmente retornam à terra para matarem saudades e recuperarem a coragem para mais um ano de esforço num país distante.
Na antiga escola primária funciona hoje a sede da Junta de Freguesia. O espaço está mais amplo e arranjado do que alguma vez esteve. Proporciona ligação à Internet, espaço para aulas de música e exposições e, sobretudo, muitas recordações de quando aí funcionava um salão de baile, dos mais arrojados do concelho.
A poucos metros de distância está mais uma capela, esta particular, da família Barbosa, mesmo ao lado de um antigo Solar brasonado. Embora seja difícil imaginar Zedes sem a sua "Casa Grande", a verdade é que nas Memórias Paroquias de 1758 não se fala nela. Pura e simplesmente ainda não existia. O solar foi construído no séc. XIX (parte dele em 1848) tal como a capela (1873). Pelos dois brasões existentes (um no Solar e outro na capela) é possível inferir das raízes nobres dos que a habitaram. Ali se encontram símbolos dos Morais, Pimental, Mesquita, Meneses, Sousas do Prado, Lemos, Costas, etc. Alguns dos membros desta nobre família Morais de Mesquita Meneses, ocuparam cargos de relevo no concelho, administradores, procuradores e Presidentes de Câmara. Em 1892 os nomes Barbosa e Abreu e Lima passam a fazer parte dos habitantes do Solar e estes já são mais conhecidos na atualidade, com vários membros da família a desempenharam o cargo de Presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães.
Esta família abastada forneceu trabalho e outro tipo de apoio a muita gente da aldeia. Facultaram também espaços para a construção de casas, muitos deles gratuitamente, merecendo o reconhecimento de todos os habitantes. Um ato simbólico desse reconhecimento foi a colocação em 2009 de um busto de Jerónimo Barbosa Meneses de Abreu e Lima, falecido em 2002, no largo principal da aldeia. A inauguração deste monumento contou com a presença de vários membros da família Barbosa e do sr. Presidente da Câmara.

Infelizmente, até a "Casa Grande" ficou vazia, mostrando evidentes sinais de degradação e abandono. Os extensos e bonitos jardins envolventes, a vacaria, os armazéns, tudo passou à história, ainda não terminada, que espera por um final feliz.
A igreja matriz também fica situada no largo da Portela. A paróquia de S. Gonçalo foi desmembrada da Abadia de S. João, de Marzagão, sendo autónoma já no séc. XVI. Supõe-se que a primeira igreja pode ter sido um templo românico, sendo posteriormente ampliada e reconstruida até dar lugar ao templo barroco que agora existe. Na padieira da porta principal existe uma legenda que nunca vi decifrada. Com algum esforço da minha parte consegui perceber algumas palavras e números que fazem algum sentido, mas que carecem de algum suporte. Pareceu-me entender "Mandou fazer esta obra Gonçalo de Meneses Morais Pinto (…) juiz das confrarias em 1710. Foi reedificada em 1861". A primeira data parece não fazer muito sentido, a sua leitura é muito difícil, mas a segunda pode muito bem ser real.
O templo mostra sinais evidentes de precisar de restauro. Mesmo assim, os seus altares em talha dourada são muito bonitos. Abundam os motivos florais com representações de flores e de bolbos. O sacrário é fantástico. Os altares laterais estão dedicados a Nossa Senhora de Fátima e ao Sagrado Coração de Jesus. Há alguns séculos atrás o altar do Sagrado Coração de Jesus era o altar do Santo Cristo, chegando a existir a Irmandade das Almas.
O último restauro foi feito em 1941, como se encontra gravado junto do altar da capela-mor. No corpo da igreja há caixotões com os discípulos pintados, prolongando-se a pintura por todo o teto, mas com muito menor rigor e qualidade. S. Gonçalo ocupa um espaço central no teto.
Existem ainda no largo uma elegante fonte com um tanque, um parque infantil e um monumento que chama pouco à atenção, mas que é significativo para Zedes, trata-se de uma escultura em homenagem ao emigrante.
Partindo do Prado, do coração de Zedes, as descobertas poderiam continuar em várias direções: visitar algumas das casas mais antigas e típicas (há pelo menos duas portas com motivos manuelinos); conhecer o muito recente Calvário, constituído por três cruzes em granito, erigidas no lugar com o nome de Calvário; visitar a Ribeira e descobrir o que resta dos moinhos de água que aí existiram; percorrer os campos e conhecer os soutos que se vestem de bonitas cores outonais logo depois das saborosas castanhas caírem; escalar enormes formações graníticas na Fraga do Tartaranho ou nos confins da Cabreira; conhecer a história da Quinta do Pobre e descobrir como se pode arrancar pão do solo mais agreste que se pode imaginar; conhecer história da exploração do minério e visitar os poços que ainda se encontram espalhados pelas serras; conhecer as tradições da fogueira do Natal, do Entrudo, da partilha do burro, do cantar dos Reis; conhecer as mais bonitas rendas e colchas, tecidas por mãos hábeis em teares arcaicos ou até saborear a doçaria típica do Natal e da Páscoa ou mesmo um pouco de fumeiro. Motivos não faltam, para mais uma visita - À Descoberta de Zedes.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 4/23/2012 06:46:00 AM

[À Descoberta de Vila Flor] Monumento a D. Dinis


Povoada desde tempos remotos, em Vila Flor existem provas de habitação desde a época do bronze. A proximidade do fértil Vale da Vilariça influenciou a presença humana em terras de Vila Flor. Por aqui passaram Celtas e Romanos, deixando, um pouco por todo o território do Concelho, testemunhos de ruínas castrejas ou restos de pequenas aldeias romanizadas. Na alta Idade Média foi cristianizada sendo mais tarde invadida pelos Mouros e colonizada por estes até à reconquista cristã. No século XIII estava representada por uma pequena povoação chamada de "Póvoa de Além Sabor", até que, em 1286, por meio do Foral, D. Dinis muda-lhe o nome para "Vila Flor" e manda erguer, em seu redor, como jeito de proteção contra as invasões vindas de Castela e seus consequentes ataques, uma cinta de muralhas com 5 portas ou arcos: o Arco de D. Dinis, classificado monumento de interesse público. A Idade Média deste "ramalhete de cravelinas e bem-me-queres", como lhe chamou Cabral Adão, é florescente, recebendo especial impulso com o acolhimento de famílias judaicas fugidas às perseguições europeias e que aqui foram desenvolvendo a agricultura, o comércio e as indústrias de curtumes e ourivesaria. D. Manuel I viria mais tarde a atribuir novo Foral a Vila Flor, reformulando o anterior, em Maio de 1512, o qual pode ser apreciado no Museu Municipal D.ra Berta Cabral. Em jeito de homenagem ao monarca que lhe deu nome, Vila Flor ergue, atualmente, a imponente estátua de D. Dinis, na Praça com o mesmo nome, de forma a receber e dar as boas vindas a todos os seus visitantes.

--
Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 4/23/2012 07:36:00 AM

domingo, 22 de abril de 2012