domingo, 22 de dezembro de 2013

[À Descoberta de Vila Flor] Êxodo

- Sabes a última? O Antonho Botija, a esta hora, já lá está! Mandou-o ir o João da Fonte.
- Isso é que é vida, hein?
- Não fica cá ninguém. Espanha, Inglamanha, França, Canadá.
A mulher chorou e os filhos desconfiaram.
Disse que ia à feira dos três, a Mirandela. Mas não voltou.
Na esquina, um tipo manco, bigode de agulha, esperou-lhe os dez contos.
- Garantido?
- Garantidinho. Não se esqueça do homem com lenço vermelho no pulso!
Faça o que lhe disse, quando avistar o camião da carne!
Lá longe, o Antonho há-de aprender a fazer o caldo e duas batatas com borrego. Dormir, por favor, de meias com o Augusto, na mesma cama de pau, armada rente ao fogão.
As horas extraordinárias engordam-lhe os cheques dilatados os câmbios.
A mulher parte para ele. Os filhos andam a estuda e pouco dão, tirante a Alice que tem mais, caco.
- Mas estudar para quê, mulher? Não vês que ser-se funcionária para ganhar dois réis de mel coado não compensa?
- Não é bem assim. A posição é oitra.
- Não, não; não vou fintado em lonas.
No seu pais, na lavoura - palavra que não cresceu.
Ali, numa fábrica de sobressalentes para veículos.
- Um carro com F grande?
- Traz um espadinha, o tipo!
- Vês, há dos anos que foi e olha o que tem!
- Bem haja ele, que bem poupado é.
- Só lá boto mais cinco anos de contrata! Quero vir morrer às palhas em que me pariu a minha velha, Deus lhe perdoe!
Oxalá que sim.
Quando tal for, o carro aos franceses.
E compra um arado!

Artigo de José Nascimento Fonseca, nascido no Nabo em 22-12-1940.
Publicado no jornal Ènié, a 22-10-1975


Do mesmo autor:















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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 12/22/2013 06:00:00 AM

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

[À Descoberta de Mogadouro] Caminhada dos Gorazes (2013)

Das muitas visitas que tenho feito ao concelho de Mogadouro, houve uma especial de que me apetece mostrar algumas imagens: foi aquando da Feira dos Gorazes, a treze de Outubro de 2013.
A feira é um grande acontecimento, para a vila, para o concelho e mesmo para a região.  Na impossibilidade de estar presente mais de que um dia, escolhi o dia da caminhada (e BTT), para assim matar dois coelhos de uma cajadada só: visitar a feira e fazer uma caminha À Descoberta de mais um pouco do concelho.
A inscrição foi online e gostei. Organização e atendimento 5 estrelas. Tenho participado em eventos semelhantes noutros concelhos e por vezes complicam demasiado as coisas.
No dia da caminhada fui o primeiro a chegar. Dormi em Miranda do Douro e com a preocupação de não chegar atrasado, fui o primeiro a chegar. Não me incomodei com isso, o objetivo era tirar fotografias e os ciclistas já estavam em campo, serviram de modelo.
Constituiu-se um bom grupo e após a partida dos ciclistas, saíram os caminhantes em direção ao castelo. Não fazia ideia do percurso, mas com exceção do termo de Remondes, Brunhoso e Paradela, para mim servia qualquer um, porque não conheço nada mais do que a estrada de acesso às aldeias.
Seguimos em direção ao castelo e depois para o Penedo. Saímos da vila em direção ao marco geodésico do Penedo (777 metros de altitude). Por coincidência ainda tinha estado nesse lugar há pouco tempo.
Reforço em Figueira
Desse lugar em diante tudo seria novidade. Os participantes seguiam a passo certo, não muito rápido, mas mais largo do que passeio. Tirar fotografias equivale a ficar para o fim do "pelotão" num abrir e fechar de olhos, mas já estou habituado a que isso me aconteça.
No grupo seguiam velhos amigos, que não via há algum tempo. Assunto de conversa não faltava e quando me apercebi estávamos a chegar a Figueira.
Reforço em Figueira
No centro da aldeia esperava-nos o reforço. Caminhar abre o apetite e pedalar ainda mais. Ainda tirei algumas fotografias nos arredores da capela, mas não me queria distanciar do grupo.
Parti apressado em direção à igreja, já sem ninguém à vista. Imaginei-me a subir ao alto da serra de Figueira, a beleza das paisagens dali se avistariam. mas não aconteceu. O percurso contornou a serra por sul, passou por baixo do IC5 e continuou até Zava.
Igreja Matriz de Figueira
De Zava apenas conhecia as casas ao longo da estrada (N221) e foi bom verificar que há muito mais para conhecer. Fiquei com vontade de voltar a Zava e dar uma passeio pela aldeia.
Contornámos também pelo sul a Serra de Zava, com mais de 800 metros de altitude, e seguimos para uma zona conhecida por Maçaina e depois para as Águas Férreas. Já se notava algum cansaço e começámos a pensar que o percurso não seria aquele. Seguimos o trajeto do BTT mas já estávamos para além da distância programada para o passeio e ainda estávamos a alguns quilómetros de Mogadouro.
Bovinos de raça Mirandesa
Reencontrámos a Ribeira do Pontão no Porto da Fraga e seguimos ao seu lado à estrada. E foi pela estrada que regressámos ao centro de Mogadouro.
Contas feitas foram pouco mais de 14 quilómetros, sem grande esforço, que terminaram exatamente à hora de almoço.
Zava
No mesmo restaurante juntaram-se os participantes da caminhada, os ciclistas e alguns ranchos folclóricos que iriam atuar durante a tarde. A refeição que deveria ser um momento "saboroso" de descontração, foi o momento mais apressado e desinteressante. Teria sido melhor, até para os restaurantes que a organização tivesse repartido as pessoas por vários estabelecimentos.
A feira esperava-me, ou melhor, o festival de folclore, porque era essa a atividade que eu estava interessado em acompanhar.

Traçado do percurso feito:
 GPSies - Caminhada Gorazes 2013

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Mogadouro a 12/18/2013 01:21:00 AM

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

[À Descoberta de Montalegre] Ponte Romana de Peireses

Pequena ponte em pedra com um só arco, rodeada de vegetação e construída sobre o rio Rabagão. Acredita-se que foi erigida na Idade Moderna, tal como se apresenta, o que não invalida que não tenha existido outra em época romana.
É um local confirmado da passagem da via romana, no entanto não tem características suficientes para que se possa confirmar a sua romanidade.



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Publicada por Blogger às À Descoberta de Montalegre a 12/17/2013 10:47:00 PM

[À Descoberta de Alfândega da Fé] Workshop de Micologia (II)

No dia 30 de novembro realizou-se na vila de Alfândega da Fé um Workshop de Micologia. A manhã foi ocupada com um passeio pedestre com apanha de cogumelos, comestíveis ou não, para análise e classificação na componente mais teórica do encontro na parte da tarde do dia.
À chegada à Casa da Cultura, depois de um passeio por Vales (com maiúscula, porque neste caso é serra), esperáva-nos uma prova de petiscos feitos à base de cogumelos patrocinada pela Terras de Alfândega, movimento apostado na divulgação das potencialidades gastronómicas do concelho.
O apetite já era algum depois da caminhada, mas a parte disso todas tinham curiosidade em saborear os produtos feitos por um chef e dados a provar de imediato. Não consegui reter os nomes mas provei de todos. O que mais me agradou foi Cheese cake de boletus, com caviar de mel de castanheiro! Bonito não é? O nome e o sabor! Havia também uma pasta para barrar tostas, bastante saborosa e pantorra com courgette.
Como novidade foram apresentados cogumelos cristalizados, prontos a serem utilizados em bolos-rei. Nem tudo me agradou, o cappuccino de cogumelos não me caiu bem, mas outros participantes gostaram. Todos os petiscos foram feitos com cogumelos secos, disponíveis em qualquer altura do ano.
 Depois destes aperitivos apetitosos, restou pouco tempo disponível para o almoço pelo que a opção foi mesmo recorrer a um estabelecimento logo ali ao lado da Casa da Cultura. Almocei na companhia dos elementos da Associação Xixorra, a quem agradeço a bem disposta companhia.
 Os trabalhos da tarde começaram com uma apresentação sobre o tema Morfologia e toxicidade dos cogumelos silvestre. À base de fotografias foram mostrados pormenores de espécies que, pela sua semelhança, são por vezes confundidos com variedades comestíveis.
Segui-se uma atividade mais prática, também pela Associação Xixorra, com a inoculação de Pleurotus em palha. Alguns dos participantes no workshop puderam colocar as mães na massa (neste caso na palha) e colaborar na montagem de um fardo capaz de proporcionar várias colheitas de cogumelos.
Como em quase tudo, quando de depende de uma grande multiplicidade de fatores, não é fácil fazer previsões sobre o tempo que demora, ou a quantidade que vão produzir. Deu para perceber que o equipamento necessário é de fácil acesso, a execução não é morosa nem complicada e a "semente" também já é fácil de adquirir (a própria associação a vende).
Esteve também presente uma empresa AmbiFungi que comercializa cogumelos secos e embalados e também kit's para a produção doméstica de repolgas, feitos à base de borra de café.
Foi também feita a identificação de todas as espécies recolhidas durante a manhã.
O meu balanço do Workshop é bastante positivo. Agradou-me especialmente a saída de campo e a demonstração de alimentos feitos à base de cogumelos. Quanto à aprendizagem sobre as espécies de cogumelos, o assunto é demasiado perigoso, não pode ser decidido com base na dúvida. Foi interessante e positivo ouvir especialistas a falarem das espécies, mas continuarei a só colher aquelas espécies que conheço desde criança, poucas mas aquelas em que tenho (quase) a certeza de não me enganar.
É interessante verificar que a micologia está a ganhar mais e mais adeptos. Praticamente todos os municípios de Trás-os-Montes organizaram encontros sobre este tema.
Como pude verificar no início do outono no concelho de Mogadouro, se a apanha para comercialização continua a crescer corre-se o risco de se perder a "galinha dos ovos de ouro". A atividade não está regulamentada e isso é mau.


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Publicada por Blogger às À Descoberta de Alfândega da Fé a 12/17/2013 08:01:00 PM

[À Descoberta de Vila Flor] The Lost Village (Gavião)

A segunda caminhada da temporada aconteceu em setembro e e teve como destino a abandonada aldeia do Gavião no termo de Seixo de Manhoses.
Não seguiu o norma, tendo como destino um marco geodésico, por o mais próximo do Gavião é o vértice geodésico da Cheira, por mim visitado pela última vez em julho de 2012. O objetivo foi mesmo caminhar e aproveitar a viagem para procurar uma caixinha (Geocache) escondida algures entre as ruínas das casas.
 O tempo estava espetacular, com um sol brilhante e nos campos ainda abundavam os frutos, em especial as uvas que se dão muito bem nas encostas do ribeiro grande. è mesmo uma doas zonas onde se produzem alguns dos melhores vinhos do concelho.
A primeira paragem do percurso aconteceu na Fonte do Olmo, junto ao Estádio Municipal. O espaço não estava propriamente apresentável, tal como o não está agora, porque ainda lá estive há poucos dias. Estes locais com algum interesse para serem visitados deveriam ser mais cuidados. É assim que se constrói uma imagem e se podem atrair pessoas.
No percurso ao lugar do Arco já avistámos muitas videiras carregadas de uvas. Este ano não foi um mau ano, tal como pude comprovar mais tarde participando na vindima na quinta Valtorinho.
A pequena aldeia do Arco parecia adormecida. Estendais de figos secavam ao sol. Aproveitámos para nos refrescar-mos com a água do fontanário da aldeia. Apesar de ter uma placa a indicar que é Imprópria para consumo, alguns habitantes insistem em bebe-la e a nós também não nos fez mal. Pareceu-me bem saborosa e fresquinha.
 Nas hortas do fundo da aldeia ainda havia abóboras, nada mais.
O percurso do Arco ao Gavião é bastante interessante, com uma vista excelente para o Nabo e Vale da Vilariça e com vegetação rica em medronheiros e outras espécies vegetais que não são muito frequentes. Há mais do que uma alternativa de percurso; arriscarei a dizer que há pelo menos três, mais ou menos com o mesmo grau de dificuldade e a chegarem todas ao Gavião. Como as ruínas se veem ao longe, recortadas no horizonte, não há perigo de engano no caminho.
A sensação quando se chega ao Gavião é a de se estar numa aldeia fantasma, num cenário de um filme. A tristeza das paredes caídas é facilmente ultrapassada quando se olha a paisagem. As encostas estão, em grande parte, aproveitadas para a agricultura. Crescem aqui com grade facilidade as oliveiras, as videiras e as amendoeiras. E produzem também com abundância e qualidade. Os campos não sofreram o mesmo destino da aldeia e apresentam-se bastante cuidados. Direi até que com carinho, que se manifesta no cuidado na manutenção dos muros, na orientação e poda das árvores, na limpeza das silvas ou na abertura de novos e melhores acessos.
A procura da dita caixa, não muito maior do que um maço de tabaco, exige a utilização de um aparelho com GPS. Com alguma insistência e mais alguma atenção às pistas, ela acabou por aparecer, onde realmente deveríamos ter começado a procurar.
Ainda tentámos explorar alguns recantos, por entre as ruínas, mas as silvas vão tomando conta do espaço, servindo de consolo as amoras negras que ostentavam de forma quase provocadora.
Procurámos um bom miradouro para o vale. A barragem do Nabo/Ribeiro Grande é bem visível perto de Godeiros, onde está a famosa Pala do Conde.
Começámos o percurso de regresso. Dado o adiantado da hora não foi possível regressar a Vila Flor a pé, um carro de apoio foi buscar-nos à aldeia de Seixo de Manhoses.
O percurso entre o Gavião e o Seixo faz-se muito bem a pé, pode até ser feito de carro ligeiro, com algum cuidado. Há poucos anos falou-se que foi arranjado para poderem ser gravadas algumas cenas da telenovela "A Outra" no Gavião, mas a produção desistiu. Tinha sido um momento único para a Lost Village e muito agradaria às pessoas que ainda se recordam do tempo em que ali viveram.
O percurso feito a pé, com passagem pela Fonte do Olmo, Arco, Gavião e final em Seixo de Manhoses, perfaz 7,5 km, sempre por caminhos (e um pouco por estrada). É um bonito passeio que pode continuar pela barragem do Peneireiro e regresso à Vila, por isso não admira que possa ser repetido no futuro.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 12/17/2013 05:36:00 PM

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

[A Linha é Tua] “ADVOGADOS PELO TUA"

Foi iniciada a construção da barragem Foz Tua. Está assim iminente a destruição do Vale do Tua, uma das mais belas, ricas e bem preservadas paisagens de Portugal, parte da herança e identidade nacionais. Não podemos assistir indiferentes à destruição irreversível de um património de inestimável valor social, ecológico e económico. Por isso, decidimos agir através dos meios que a Lei nos faculta. Dez razões objetivas para suspender a construção da barragem Foz Tua:

1. É ilegal. O aproveitamento hídrico do Vale do Tua viola a Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural (1972) que Portugal ratificou através do Decreto nº 49/79, de 6 de Junho.

2. Viola o direito constitucional ao ambiente. A barragem Foz do Tua acarreta restrições intoleráveis do direito de todos ao ambiente, tão fundamental quanto os direitos, liberdades e garantias individuais.

3. Desrespeita o estatuto conferido pela Unesco. Foz Tua constitui uma flagrante violação dos valores que deram origem à classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial da Unesco.

4. Não cumpre os objetivos. Foz Tua faz parte do Programa Nacional de Barragens, que produziria no seu conjunto 0,5% da energia gasta em Portugal (3% da eletricidade), reduzindo apenas em 0,7% as importações de energia e em 0,7% as emissões de gases com efeito de estufa. Foz Tua contribuiria com uns míseros 0,1% da energia do País.

5. Não é necessária. As metas do Programa já foram ultrapassadas com os reforços de potência em curso: a curto prazo disporemos no total de 7020 MW hidroelétricos instalados (o Programa pretendia alcançar os 7000 MW), dos quais 2510 MW equipados com bombagem (o Programa previa chegar a 2000 MW). Será assim sem nenhuma barragem nova.

6. É cara. As novas barragens, se avançarem, custarão cerca de 15 000 milhões de euros, que os cidadãos vão pagar na fatura elétrica e nos impostos - uma média de 1500 euros por português. Com estas barragens, durante os 75 anos das concessões, as famílias e as empresas pagarão uma eletricidade pelo menos 8% mais cara.

7. Há alternativas melhores. Todos os objetivos de política energética podem ser cumpridos de forma muito mais eficaz e mais barata com opções alternativas, destacando-se três medidas: (i) investimentos em eficiência energética, com custo por kWh 10 (dez) vezes menor que Foz Tua; (ii) reforço de potência das barragens existentes, com custo por kWh 5 (cinco) vezes menor que Foz Tua; (iii) dentro de poucos anos, a energia fotovoltaica será competitiva com a rede.

8. É um atentado cultural. A albufeira de Foz Tua destruirá a centenária linha ferroviária do Tua, um vale com paisagens naturais e humanas de elevado valor patrimonial e turístico, para além de pôr em perigo a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade.

9. É um atentado ambiental. Foz Tua destruirá irreversivelmente solos agrícolas e habitats ribeirinhos raros, porá em risco espécies ameaçadas e protegidas, criará riscos adicionais de erosão no litoral devido à retenção de areias, e provocará inevitavelmente a degradação da qualidade da água.


10. É um atentado económico e social. A barragem põe em causa a qualidade vitivinícola desta secção do Alto Douro, devido ao sério risco de alterações microclimáticas. Desaparece a possibilidade de rentabilizar activos turísticos de alto valor, como os desportos de águas brancas, a ferrovia de montanha e o eco-turismo. Criar um emprego permanente no turismo é 11 (onze) vezes mais barato que criar um emprego na barragem.

Há empreendimentos cuja construção se justifica, em nome do desenvolvimento sustentável do País. Outros, como a barragem de Foz Tua, empobrecem-nos a todos. Não podemos aceitar a destruição de um património ambiental único, sem qualquer ganho para o País e o bem público. É nossa responsabilidade garantir que as gerações futuras terão a oportunidade de desfrutar, como nós, o Vale do Tua.

Os signatários desta Declaração estão unidos numa vontade comum:  SALVAR O TUA


Signatários da Declaração

Afonso Henriques Vilhena
Agostinho Pereira de Miranda
Alexandra Vaz
António Furtado dos Santos
Augusto Lopes Cardoso
Carla Amado Gomes
Elizabeth Fernandez
Fernando Fragoso Marques
Hernâni Rodrigues
Jan Dalhuisen
José António Campos de Carvalho
José Manuel Lebre de Freitas
Manuel Almeida Ribeiro
Manuel Magalhães e Silva
Maria da Conceição Botas
Pedro Cardigos
Pedro Raposo
Raul Mota Cerveira
Rita Matias
Vitor Miragaia

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Publicada por Blogger às A Linha é Tua a 12/13/2013 06:47:00 PM

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

[À Descoberta de Vila Flor] Vila Flor - Cabeço

Quase um mês sem escrever neste blogue pode dar a ideia que emigrei. Ainda não aconteceu, mas não significa que não tenha pensado nisso. Entretanto, e como a terra não para, não podemos nós ficar parados, sob pena de cairmos na monotonia dos dias iguais e cinzentos.
As caminhadas têm-se realizado, a menor ritmo, mas sempre entusiasmantes e cheias de cores diferentes consoante a estação do ano.
 A 15 de setembro, ainda com os dias de calor bem presentes, e talvez para ganhar coragem para mais um ano de trabalho, a caminhada foi ao Santuário de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas.
O percurso foi o mesmo já tantas vezes seguido. A estrada pode ser o caminho mais rápido e reto, para quem se dirige ao Santuário, mas eu gosto de passar pela aldeia e depois subir o escadório, mais de 400 escadas, até chegar ao cume do cabeço.
O caminho que seguimos foi: Vila Flor - Barracão - Cooperativa de Olivicultores - Pedreira de Freixiel - Quinta do Reboredo - Vilas Boas - Santuário. Este percurso soma perto de 9 km.
No santuário celebrava-se Santa Eufêmia, com bastantes pessoas à volta da capela, na eucaristia ou mesmo a comerem à sombra das muitas árvores existentes.
De regresso a casa ainda pudemos ver uma área ardida junto ao santuário, onde ocorreu um início de incêndio no dia anterior.




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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 12/03/2013 08:43:00 PM

[À Descoberta de Alfândega da Fé] Onde param os cogumelos?

Voltar a Alfândega da Fé é sempre bom, mas confesso que já andava com muita vontade de percorrer algumas estradas e caminhos do concelho, convencido de que encontraria um colorido muito característico das terras de maior altitude em época de Outono.
Mo dia 30 fui a Alfândega da Fé para participar no Workshop de Micologia. Embora o assunto até me desperte bastante interesse, não era estar fechado na Casa da Cultura que me entusiasmava mais, mas sim percorrer os campos, verificar se as minhas desconfianças à cerca das tonalidades de outono se verificavam.
Para isso fui muito cedo, decidido a aproveitar o tempo. Entrei no concelho pela Estrada Nacional 315 (Mirandela). Questionei-me onde realmente se iniciaria o termo do concelho, mas essa foi uma dúvida que esclareci mais tarde. Durante muito tempo pensei que o concelho começaria junto ao atual IP2, mas agora sei que não.
Subir a serra de Bornes às primeiras horas da manhã, mesmo com uma grande geada, foi a primeira compensação pelo despertar atempado. A vista do vale desde a pousada de Nossa Senhora das Neves e as casas de Covelas por entre o colorido das folhas dos castanheiros já convidavam-me a passar por ali o resto do dia, mas o destino era outro. Após algumas fotografias rápidas rumei à vila onde cheguei com tempo para um passeio na geada do Parque Verde.
Às 10 da manhã começaram a juntar-se os participantes no Workshop. Durante a manhã estava prevista uma saída de campo para recolha de exemplares de cogumelos. A acompanhar os participantes estariam três membros da Associação Xixorra, que ajudariam na identificação. Não fazia  a ideia do local onde íamos procurar os cogumelos mas quando o carro partir de novo em direção a Sambade tive a esperança que fossemos à Serra. Acabámos por ir para Vales, local integrado no Trilho de Alvazinhos, que iríamos seguir parcialmente.
O grupo não era grande, mas não faltavam as cestas para a recolha de cogumelos. Só eu... não levava mais do que a máquina fotográfica.
Ainda na aldeia de Vales foi feito um pequeno aquecimento e partimos em direção a Alfândega (e aos pinhais).
Confesso que a procura dos cogumelos não me interessou grandemente. A época já vai adiantada para os que crescem nos castanheiros e o ano foi seco. Nos pinhais, ainda jovens, não havia humidade nenhuma. Dos poucos que encontrei, metade deles estava seca. Para piorar as coisas os pinhais onde fomos foram lavrados à relativamente pouco tempo.
Como a quantidade não era importante, a cada espécie nova, comestível ou não, fazíamos uma paragem para ouvir os especialistas. Foram apresentados alguns conceitos sobre as características dos fungos em geral e dos cogumelos em particular. Ficámos também a conhecer o significado de píleo, volva, estipe, anel, micélio, ... tudo termos essenciais a quem se interessa pela micologia. Confesso que estava mais interessado em espreitar em direção a Pombal, na ânsia de poder ver o belo vale da Vilariça, com o sol tímido a espelhar-se na albufeira de Vilarelhos. Não consegui arranjar bons miradouros, mas ainda consegui apanhar algumas espécies de cogumelos.
Sem ser em direção ao vale a paisagem também era admirável. Os castanheiros estão cheios de folhas de mil tons de outono e as cerejeiras desafiam todas as outras espécies com o tom vermelho vivo das suas folhas. As videiras já perderam as folhas, mas oliveiras carregadas de frutos também se destacam na paisagem.
 As pessoas espalharam-se pelos pilhais e a busca começou a dar os seus frutos. Dos cogumelos que conheço destaco as sanchas (Lactarius deliciosus), os canários/míscaros (Tricholoma equestre), os moncosos (Suillus bellinii) e os rócos (Macrocepiota procera), foram alguns dos que encontrámos. Dos perigosos aparecem vários Amanitas. Fiquei a saber que afinal não são tão mortais como se pensa...
O melhor da apanha foi a chegada de dois amigos que tinham escolhido outro local e que vinham carregados (vários sacos) de sanchas. Além de distribuírem o fruto da sua apanha, ainda nos conduziram ao pinhal onde tinham andado e que trouxe alguma alegria ao grupo.
Pelo caminho passámos pelo parque infantil/de merendas de Alvazinhos. Despertou-me a curiosidade este local. Pode ser que seja um bom local para visitar noutra altura do ano.
O mini-autocarro do município "apanhou-nos junto à Quinta de Alvazinhos já depois da uma e meia da tarde. Regressámos à vila, onde decorreram as restantes atividades do encontro, nomeadamente a degustação de várias utilizações de cogumelos e o Workshop de Micologia.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Alfândega da Fé a 12/03/2013 05:57:00 PM