quinta-feira, 29 de maio de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XXVI)

Ficar em paz com as coisas.
Redescobrir-me no rumorejar
branco das amendoeiras.
Inscrever na cortiça dos anos
a leveza das primeiras verdades.
Atingir a serenidade
das pedras aguçadas
pelos crepúsculos longos.
Saber que cada cidade
é uma falha humana irreparável
e que esta sede
só a sede a dessedenta.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Flores de amendoeira.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/29/2014 10:10:00 da tarde

sexta-feira, 23 de maio de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] Vila Flor - Caminhada Solidária


Dia 8 de junho, às 19h30 horas, participe na Caminhada Solidária.
A inscrição reverte na totalidade para a Liga Portuguesa Contra o Cancro - Núcleo Regional do Norte.
Inscrição: 5€, no Centro Cultural de Vila Flor
Oferta de Mochila, T-Shirt e Água.



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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/23/2014 10:22:00 da tarde

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XXV)

Os ventos afinam
os violinos dos choupos
com o diapasão dos rios.
E o mesmo abalo
que emudeceu a floresta
silenciou os seus lábios,
por excesso de claridade
em todo o corpo.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Vila Flor

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/23/2014 10:08:00 da tarde

terça-feira, 20 de maio de 2014

sexta-feira, 16 de maio de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XXIV)

A charneca de yorkshire aberta
até ao campanário do presbitério.
As nortadas fendendo os muros da herdade.
E a minha esperança que um alto poder
me devolva a sua figura branca
no escuro da cancela. O lenço de seda
flutuando nos pêndulos de luz
dos seus cabelos. A finura dos lábios.
As violetas em redor dos olhos.
Onde estarão, na primavera,
os ventos uivantes no grafismo da neve?
Onde estarei eu de há cinquenta anos
colhendo, até ao fim da noite,
as rosas pressagas do seu jardim
transfigurado em livro?

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Castanheiros em Benlhevai.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/16/2014 10:02:00 da tarde

quarta-feira, 14 de maio de 2014

[À Descoberta de Armamar] 500 anos do Foral - Armamar em festa

 No dia 3 de maio Armamar festejou 500 anos da atribuição do foral por D. Manuel. Um vasto conjunto de actividades foram um argumento de peso para me levarem a percorrer algumas centenas de quilómetros e ir, pela primeira vez, conhecer esta bonita vila.
O objectivo era não só presenciar algumas das actividades da festa da atribuição do foral, mas também fazer um passeio por algumas aldeias do concelho, como primeiro contacto desta iniciativa "À Descoberta do concelho de Armamar". Foi com esse espírito que subi pela CM1101, passando por Santo Adrião e Vila Seca antes de chegar a Armamar. Apesar das condicionantes da estrada, muito estreita e assustadora, só os cenários que pude admirar já compensaram a viagem. Não fiz as paragens que queria porque pretendia chegar a Armamar a meio da manhã, mas foi pena.
Em Armamar o movimento ainda era pouco. O centro das actividades estava montado na Praça da República, em volta do principal monumento de Armamar, a igreja matriz. Pude fazer uma primeira volta por todas as barraquinhas, fazer algumas fotografias dos vários personagens que já andavam pela praça. Procurei o posto de turismo na esperança de conseguir alguma informação escrita sobre a vila e sobre o concelho, mas estava fechado. Posso dizer que nada conheço do concelho e qualquer informação era bem-vinda fosse ela geográfica, sobre o património, economia ou cultural.
 Antes de almoço ainda houve tempo para percorrer a Av. Dr. Oliveira Salazar e a Rua Florêncio Caetano.
Pensei em comer alguma coisa no recinto das festividades mas optei por entrar um restaurante da vila, bastante lotado com os muitos figurantes. Mesmo assim, fui bem servido e paguei surpreendentemente pouco, com vinho, sobremesa e café! A azáfama do momento não deu para procurar saber alguma coisa sobre a gastronomia local, mas ficará para uma próxima oportunidade.
Segui-se uma visita à igreja matriz. A sua fachada deixa adivinhar um monumento cheio de história, de estilo românico, com construção do séc. XII ou XIII. Os documentos escritos parecem apontar para finais do séc. XII e alguma ligação a Egas Moniz. O interior,mesmo esperado, surpreende pela falta de luz e pela austeridade dos altares. Dada a antiguidade do templo e o facto de ser Monumento Nacional desde 1922 facilmente se compreende que qualquer intervenção tem sido mínima não perturbando o estilo e a sobriedade da história. O facto do padroeiro ser S. Miguel também aponta para uma grande antiguidade e até sugere a existência de algum castelo.
Não deixa de ser curioso não se encontrar qualquer vestígios de um castelo ou sistema defensivo na vila, que já o é pelo menos desde 1189.
No período da tarde o espaço foi-se animando com muitos figurantes e muitos mais pessoas para assistirem ao cortejo que acompanhou a chegada de D. Manuel e a leitura do Foral.
 Faltou talvez um sistema sonoro, mas isso era coisa que não se usava há 500 anos atrás. Como não conhecia ninguém, não me foi possível distinguir quantos dos participantes e figurantes eram naturais do concelho e quantos eram actores, mas todos se portaram lindamente.
As lutas improvisadas em frente à Câmara Municipal, de onde o rei e a corte assistiam, foram um dos momentos altos dos festejos. Sentia-se no mar o ambiente medieval com o som das espadas a chocarem. Depois da luta veio o baile, com música adequada e dançadores trajados a rigor.
Julgo ser a primeira vez que a vila de Armamar organizou um evento deste género, mas, na minha opinião saiu-se muito bem. A participação das gentes do concelho foi enorme e não faltaram pessoas a assistirem a todas as iniciativas.
Gostava de ter ficado para presenciar o resto das actividades mas também pretendia conhecer um pouco mais do concelho, por isso deixei Armamar pouco depois das dezasseis horas, com grande vontade de voltar.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Armamar a 5/14/2014 02:28:00 da manhã

sexta-feira, 9 de maio de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XXIII)

Sei que o corredor me levava
ao nicho da imagem
que de luar cristalizado
se fizera.
Ali findavam
meus ardentes périplos
alvorejando, na glicínia,
arcos de invisíveis primaveras.
Era tudo mais distante
que as palavras.
Onde recordo incendeiam-se grutas
diante de quase nada:
um queixume num recesso de tédio;
o aroma, o rumor
de um fruto sobre a terra.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/09/2014 09:54:00 da tarde

[À Descoberta de Miranda do Douro] Senhora da Luz

 No dia 27 de Abril andava eu "perdido" perto do Palancar a fotografar uns lameiros quando me apercebi de grande movimento de automóveis na estrada. Não me pareceu normal e perguntei a um senhor que apascentava a sua burrica a razão de tal volume de transito.
- Então não sabe?! Hoje é a Luz!
 Fez-se luz na minha cabeça. A Luz significa a festa a Nossa Senhora da Luz, em Constantim, uma festa/feira das maiores que se fazem no concelho de Miranda e com características únicas, visto tratar-se de uma evento internacional.
Das vezes que fui a essa feira recordo sempre o mau tempo. É estranho mas no alto do cabeço, bem na raia, fez sempre um vento quase ciclónico e por vezes chuva. Isto apesar de a feira se realizar sempre no último domingo de Abril. Também recordo que aqui se compravam as primeiras cerejas do ano, a um preço nada de feira, mas era o preço da novidade.
Rumei a Constantim e à Senhora da Luz.
Não pretendia demorar-me e tinha algum receio se encontraria onde estacionar, mais ainda era bastante cedo e consegui levar o carro até às imediações da capela. Numa hora mais tardia isso seria impossível.
Visitei a capela. Não gostei de ver os "anexos" que foram construídos de ambos os lados. De um lado um grande coberto metálico, para abrigar os celebrantes das cerimónias religiosas. O altar já estava a mais tempo. Do outro uma construção em alumínio pareceu-me que dedicada à venda de recordações, talvez por parte da Comissão de Festas.
No interior já estavam dois andores, o de Nossa Senhora da luz e o de S. Marcos, que seriam o centro das atenções nas cerimónias religiosas.
Havia muita ente no interior da capela, curiosamente mais espanhóis do que portugueses. Todos faziam questão de tirar uma fotografia em frente ao andor de Nossa Senhora da Luz e eu limitei-me a fazer algumas de longe, para não perturbar muito.
Há algum tempo atrás a linha de fronteira marca os territórios para os feirantes espanhóis e para os portugueses. De um lado pagava-se com pesetas, do outro com escudos! Do lado português, como bons negociantes que somos, também se aceitavam pesetas, mas no lado espanhol não havia um procedimento semelhante. Hoje esta divisão dos feirantes não é tão notória e paga-se tudo em euros.
Havia de tudo à venda! reparei nas fruteiras e no bacalhau por parte dos portugueses e nas navalhas e presunto do lado espanhol. Não faltava calçado, roupa e barracas com comes e bebes. Muitos dos romeiros lavaram merenda. Preparavam-se par estender uma manta no chão comer a deliciosa merenda à sombra das muitas árvores que existem no monte em redor.
Subi ao ponto mais alto onde existe um marco geodésico. Há marcos de marcam a linha de fronteira, que se perdem na distância.É um bom miradouro este.
Não fiquei para as cerimónias religiosas. Aproveitei para seguir para Constantim onde fiz algumas fotografias pelas ruas e segui depois para o Nazo.




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Publicada por Blogger às À Descoberta de Miranda do Douro a 5/09/2014 01:30:00 da manhã

sexta-feira, 2 de maio de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XXII)

Todos desapareceram.
Já ninguém à porta me recebe,
neste instante de cardos.
Só um cortejo de espectros
se move, lento, nas mais densas trevas.
O olhar mudo das paredes.
Sua estranha forma de gritar o silêncio.
A cal esboroada ainda com vestígios
de tantos olhares mortos.
Minha mágoa nos ombros,
porque pressinto neles um vaguear de mãos
encaminhando-me seguramente
através do velho casarão.
Quero culpar alguém deste vazio,
medir minha revolta com qualquer ira divina,
mas só o vento me responde outras perguntas
que mais queimam e ferem,
de uma distância de nuvens.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Vila Flor

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/02/2014 09:40:00 da tarde

[À Descoberta de Miranda do Douro] Cores da Primavera (01)

 Algumas pinceladas de cor, colhidas no Parque Urbano do Rio Fresno nos passeios matinais.



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Publicada por Blogger às À Descoberta de Miranda do Douro a 5/02/2014 12:41:00 da manhã

[À Descoberta de Valpaços] Argeriz

Vista parcial da aldeia de Argeriz, no concelho de Valpaços.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Valpaços a 5/01/2014 04:34:00 da tarde

[À Descoberta de Vila Flor] Via crucis (02)

Segundo conjunto de fotografias que ilustram a Via Sacra que teve lugar no dia 13 de abril em Vila Flor.






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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 5/02/2014 12:22:00 da manhã

quinta-feira, 1 de maio de 2014

[À Descoberta de Alfândega da Fé] Lugares de Memória

ACâmara Municipal de Alfândega da Fé organizou no dia 16 de abril uma visita pela vila integrada no dia Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Sempre me pareceu que este dia comemorativo não era alvo da devida atenção por parte das autarquias mais próximas de mim, por isso, fiquei satisfeito pela iniciativa e compareci em Alfândega da Fé, com a família, para dedicarmos um dia À Descoberta de Alfândega da Fé.
A primeira ideia com que fiquei, quando as pessoas se reuniram na sala de exposições da Casa da Cultura José Rodrigues foi que a organização ficou surpreendida com a adesão. Mais de meia centena de pessoas, de todas as idades,compareceram para fazerem um percurso pelos monumentos e pontos emblemáticos da sede de concelho.
Para guiar a visita a autarquia tinha o historiador Paulo Costa. A fazer as "honras da casa" esta a Senhora Presidente da Câmara que mostrou agrado por tamanha adesão e também mostrou substanciais conhecimentos sobre a história da vila.
Os monumentos carregados de história, em Alfândega da Fé, não são muitos, mas os edifícios, as ruas, fontes, as capelas e cruzeiros, são alguns elementos que nos podem fazer viajar no tempo, fazer uma espécie de viagem no tempo, para começarmos a olhar para eles com outros olhos. Além desse passado que todos as localidades têm, sejam elas aldeias, vilas ou cidades, Alfândega tem também um conjunto de obras mais recentes, como painéis de azulejos, esculturas em granito, ou mesmo monumentos como a própria Casa da Cultura, que podem proporcionar um excelente passeio cultural pela vila.
A minha curiosidade não ficou completamente satisfeita. Estava à espera de ouvir algo interessante sobre cada um dos sítios visitados, algo que me levasse a fazer a tal viagem ao passado. Podiam ser dados históricos, podiam ser lendas ou tradições, podiam ser curiosidades arquitetónicas ou simples chamadas de atenção para alguns pormenores, isso aconteceu, em alguns locais, mas estava à espera de mais. Possivelmente muita coisa não foi dita porque a maioria das pessoas era de facto da vila e já devem saber tudo (ou talvez não!).
Foi uma boa oportunidade para visitar a capela de S. Sebastião e a capela da Misericórdia, mas outras podiam ter sido visitadas. Uma ocasião desta deveria ter levado a uma preparação mais cuidada para que os espaços estivessem abertos e possíveis de visitar (por exemplo as capelas da Família dos Ferreiras, do Espírito Santo ou mesmo a Torre do Relógio.
A iniciativa foi muito positiva e estou certo que este evento se repetirá nos próximos anos talvez de uma forma mais proveitosa e interessante.
Depois de um saboroso almoço num restaurante da vila (esta parte já não estava no programa no evento Lugares de Memória), rumámos aos Cerejais. O dia estava fantástico para passear e havia que aproveitá-lo.



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Publicada por Blogger às À Descoberta de Alfândega da Fé a 5/01/2014 01:48:00 da tarde