domingo, 23 de novembro de 2014

[À Descoberta de Chaves] Igreja da Misericórdia

A Igreja da Misericórdia é belo exemplar arquitetónico do século XVIII, estilo Barroco, no seu interior, sobressaem, o altar em talha dourada, as paredes revestidas com azulejos, e o teto, os historiadores, atribuem este estilo arquitetónico ao período compreendio entre o século XVII à  primeira metade do século XVIII, 1600-1750, existem em Chaves mais dois (2) exemplares do Barroco, a Igreja de S. João de Deus (Madalena), e a de S. Francisco.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Chaves a 11/23/2014 12:24:00 da manhã

terça-feira, 18 de novembro de 2014

[À Descoberta de Miranda do Douro] Curso Danças de Paulitos

Decorreu no passado dia 15 de novembro, na Casa da Música de Miranda do Douro o curso "Danças de Paulitos - Uma Abordagem histórico-descritiva". Teve o apoio da Câmara Municipal de Miranda do Douro, da Associação da Língua e Cultura Mirandesa e do Centro de Música Tradicional Sons da Terra.
 Quando encontrei o programa do curso nas Redes Sociais despertou-me muito interesse e marquei na minha despovoada agenda o dia 15 para estar presente em Miranda do Douro.
As danças de Pauliteiros sempre me interessaram, nas suas mais variadas componentes, quanto mais não fosse porque as considero uma das manifestações culturais mais genuínas das Terras de Miranda, do Planalto Mirandês e mesmo de parte do Nordeste Transmontano. Devo dizer também que cheguei a participar nalguns ensaios de pauliteiros, mas nunca cheguei a atuar em público. Não foi por falta de vontade ou de jeito, foi mais por compromissos da vida profissional.
O curso, ministrado por Mário Correia, apresentava-se bem estruturado, em 5 aulas, abrangendo os seguintes temas: Área de expansão, Referências antigas, Origem das danças de paulitos, Ocasiões festivas, Descrição da dança, Indumentária, Acompanhamento instrumental, Lhaços da dança de paulitos e Fontes informativas.
Pelo que percebi os destinatários preferenciais seriam os elementos de grupos de pauliteiros ou elementos a eles ligados, mas as pessoas que se inscreveram pertenciam a um leque bem mais alargado, contando com algumas presenças vindas de Espanha. Estava fácil de ver que um dia inteiro sentado numa cadeira a ouvir falar de dança de paulitos não seria muito cativante para a maior parte dos jovens. Mas alguns participaram, e com interesse.
Durante a manhã foram abordadas as questões mais sensíveis, ligadas às origens da dança. Infelizmente, ou talvez não, as minhas dúvidas não foram esclarecidas, antes pelo contrário, fiquei com mais dúvidas. A história nunca é fácil e quanto mais recuarmos no tempo, mais difícil é sustentá-la. Mário Correia repetiu várias vezes que pouco importa o que cada um pensa, ou mesmo o que o que alguns estudiosos disseram, só o que pode ser provado com bases documentais é que pode ser considerado seguro.
E foi assim que vi cair por terra a teoria de dança guerreira e a dos trajes a imitar a vestimenta dos soldados romanos ... fiquei mesmo com a dúvida se a dança tem algo a ver com os romanos. Foi muita informação junta e precisarei de mais tempo para destrinçar com mais calma o Dossier disponibilizado, repleto de fontes fidedignas de quem tem estudado o assunto nos últimos séculos.
Também não consegui compreender completamente a passagem de danças ligadas a ritos pagãos de fertilidade e fecundidade a danças religiosas, que é como elas aparecem nos primeiros registos em Terras de Miranda, sobretudo na festa do Corpo de Deus.
O ritmo foi intenso e não houve muito espaço para o diálogo. Também me parece que o diálogo levaria a conversa para as ideias feitas, que são reproduzidas em cada atuação de um grupo de pauliteiros. O objetivo era romper com essas ideias feitas e o diálogo, a existir, iria ser moroso e nada producente.
 Os temas da tarde, ligados à descrição da dança e sobretudo à indumentária, não me levantaram tantas dúvidas. As fotografias, embora a preto e branco, permitiram conhecer bem mais a fundo as origens e a evolução dos trajes. Saias ou calças, fitas ou penas, com colete ou em mangas de camisa, também os trajes mostram a diversidade própria de cada aldeia. Não se sabe bem quando surgiu a saia, embora se tenha a certeza que ela já existia aquando da deslocação do primeiro grupo a Inglaterra. Cai, assim, por terra a crença da saia ter tido origem nessa deslocação.
A documentação fornecida não inclui as fotografias antigas. Muitas estão disponíveis na Internet, em sítios vários, mas a descrição, a datação e a sua origem é que pode já não ser a correta. Quem conta um conto, acrescenta um ponto.
Estive sempre com esperança de ver um pauliteiro trajado, de ouvir o ti Aureliano a tocar a fraita, a gaita de foles do Paulo Meirinhos ou do Ricardo Santos, todos os três presentes no curso, mas tal não veio a acontecer.
Danza del Paloteo - Espanha
Já depois do horário previsto e no encerramento do curso, a discussão desenvolveu-se à volta da mercantilização dos Pauliteiros. Os Pauliteiros (de Miranda) são solicitados para as mais variadas festas, em Portugal e no estrangeiro. Muitas das vezes são convidadas pelo município para representarem o concelho nos mais variados cantos do país e não só. Acontece que nem sempre o fazem com brio e profissionalismo. São recusas à última da hora, danças mal executadas, comportamentos lamentáveis dentro do palco e fora dele. Embora este não fosse o tema do curso, ficou patente a necessidade de apostar na formação e na melhoria dos grupos, enquanto tocadores e bailadores e de pessoas enquanto embaixadoras de uma região e de uma cultura.
Este problema é de tal forma preocupante que o Sr. Presidente da Câmara avançou com a possibilidade de reunir todos os grupos, já em Dezembro para discutir com eles estas questões.
Pela minha parte, adorei o curso. Foi muito teórico e denso, mas muito interessante. Estou pronto a frequentar mais formação nesta área, cursos ou oficinas. O saber não ocupa lugar é por estas e por outras que Miranda é um lugar especial para mim.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Miranda do Douro a 11/18/2014 12:33:00 da manhã

terça-feira, 11 de novembro de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] Já chegou o outono

Estive ausente durante uns tempos do blogue, posso ter passado a mensagem que terminou a aventura de Descoberta do concelho de Vila Flor. Não, não terminou. Percorrer o concelho a pé, ou de bicicleta, proporciona bem estar e leva-me a conhecer, ou voltar a ver locais de rara beleza, contactar com pessoas simples mas acolhedoras e funciona como um retiro. Um retiro da vida apressada e cronometrada que quase todos somos obrigados a ter, que nos consome a vida e a paciência e da qual temos que nos libertar nem que seja de tempos em tempos.
Desde setembro muita coisa já mudou. Fizeram-se as vindimas, em que mais uma vez participei, colheram-se outros frutos e as folhas começaram a mudar de cor e a cair. Vieram as manhãs de nevoeiro a espreitar do vale da Vilariça ou ameaçando chegar a Quinta da Veiguinha  vindo dos lados da terra quente misturado com o fumo das poucas fábricas que existem mas que muito poluem. Os cogumelos este ano apareceram com força, a chuva foi muita e a albufeira do Peneireiro encheu, como há alguns anos que não enchia.
Fiz algumas saídas, sem grandes canseiras, para aproveitar os "frutos" do outono que a terra dá: os cogumelos. Não foi difícil encher uma cesta de sanchas, canários, alguns rocos e línguas de vaca. Não pode deixar de entristecer verificar que apesar de sermos cada vez menos e teoricamente mais letrados, continuamos a poluir os nossos pinhais, veredas e caminhos, despejando todo o tipo de lixo e entulho.
As últimas caminhadas, à espera de coragem para merecerem alguns parágrafos no blogue, proporcionaram mais algumas fotografias, que têm sido partilhadas no Fecebook, na página Vila Flor, concelho.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 11/11/2014 11:38:00 da tarde

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XLV)

Faz hoje anos que nasceu em Vila Flor o escritor João de Sá. Como tem sido uma fonte de inspiração deste blogue quase desde o momento da sua criação, esta data não podia passar sem mais um pequeno poema de sua autoria.
Tenho andado a publicar excertos do livro "E de repente é noite". É uma escrita bastante triste, mas ao mesmo tempo bela e cheia de interrogações e sentimentos. Quando terminar de publicar o livro completo, prometo partilhar excertos de outros livros.

Que mãos sacodem velhas ferrugens
nos gonzos dos portões da quinta?
Será por ti o vento ou pelo que nós dois
ocultámos de contornos de medos
soletrados por inamovíveis angústias?
Uiva um cão dentro de uma noite
antiquíssima, tão antiga
que sua existência se nos afigura duvidosa.
E não há razões claras que absolvam
a solidão de nos ferir por tantos caminhos
que negámos à convergência dos nossos destinos.
Agora as rotas apontam aos umbrais da demência
e só a rotação dos teus olhos persiste
em desenhar o ciclo do trigo.
Tudo isto te digo embora experimente
uma fadiga expectante de tintas
em quadro concluído.
Se me ouvisses neste instante,
talvez nos absolvesses
e culpasses os ventos e a noite.

Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.

João Baptista de Sá, nasceu em Vila Flor, a 7 de Novembro de 1928, filho de D.ª Maria Vicentina de Sá Correia, natural de Vila Flor, e de João Baptista Lopes Monteiro, natural de Carrazeda de Ansiães.

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Publicada por Blogger às À Descoberta de Vila Flor a 11/07/2014 11:14:00 da tarde