Nunca me disseste que virias
pelo cansaço de uma outra boca.
A carne e o sangue acesos
esperam que qualquer tempo chegue
para a vindima aguardada
pela candura de inquietas imperfeições.
Rasgam-se-me acessos,
no saibro húmido da retina,
à decifração das árvores de outono.
Continuam a ferir-me os espinhos da chuva
no odor dos outeiros ao cair da noite.
Não dês novas de ti.
Será um sinal de benquerença.
Nada é definitivo.
Quando uma ave emudece
talvez pense na melhor maneira
de nos emprestar as asas.
Poema de
João de Sá, do livro "
E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Pôr do sol - Candoso.
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Publicada por Blogger às
À Descoberta de Vila Flor a 3/18/2014 12:02:00 da manhã
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