quinta-feira, 30 de agosto de 2012

[A Linha é Tua] Linha do Tua




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Publicada por Blogger em A Linha é Tua a 8/30/2012 02:15:00 a.m.

[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Nossa Senhora do Castelo - Adeganha

 No verão quente transmontano as festas sucedem-se e aos fins-de-semana sobrepõem-se em poucos quilómetros de distância. Ao longo do vale da Vilariça há muitas capelas mas há algumas que ao longo dos tempos foram palco de grandes manifestações de fé, de ponto de reunião das pessoas e que ainda mantêm esse papel. Estão nesta posição a romaria de Nossa Senhora do Castelo, em Adeganha e a de Nossa Senhora dos Anúncios, em Vilarelhos. Também a capela de Nossa Senhora da Rosa, em Sampaio, deve ter tido um papel de relevo, mas no presente está praticamente esquecida, mais por culpa do clero do que pela população da aldeia.
Nos dias 25 e 26 de Agosto realizaram-se as festa em honra de Nossa Senhora do Castelo. O local das festas situa-se num ponto estratégico situado no alto da fragada, nas fraldas do vale, com completo domínio do vale, razão pela qual o local foi escolhido deste os tempos antigos para a fixação do homem. No local existe um antigo povoado fortificado com vestígios da Idade do Ferro e da ocupação romana. Trata-se de um local cheio de história, de mística e como um dos melhores miradouros do vale.
Integram este santuário duas capelas, uma grande, bonita, dedicada a Nossa Senhora do Castelo, outra mais pequena, quadrangular, situada na beira da falésia, no ponto mais elevado do santuário.
No dia 19 de junho deflagrou um grande incêndio que devorou a vegetação dos montes em redor até poucos metros de distância do santuário. Assim, a somar ao aspeto de um ano excecionalmente seco soma-se o negro da fragada devorada pelas chamas, sem tempo nem gota de água para recuperar. Para minimizar este cenário negro o movimento do Grupo de Amigos de Adeganha deitou mão a uma ideia original: produzir flores em papel colorido e espalhá-las ao longo do percurso até ao santuário!
Por isso, havia muitos motivos para uma visita ao santuário, no dia 25 de Agosto.
Não conhecia o programa da festa. Imaginava o povo em procissão desde a aldeia ao santuário, mas os tempos mudaram e já há muitos anos que isso não é feito. Só me inteirei que não seria assim, na aldeia, depois de questionar alguns habitantes se o percurso até ao santuário seria feito a pé.
Parti para o santuário de carro, fazendo paragens ao longo do caminho para fotografar as flores em papel. Havia muito pó pelo caminho de cada vez que um carro passava.
Cheguei ao santuário perto das três da tarde. A calmaria ainda era muita e isso facilitou-e a vista a todos os espaços com a calma necessária. Surpreendeu-me a dimensão da capela e número de andores preparados para a procissão, uma dúzia. Estavam decorados com flores naturais, pelas mãos das pessoas de aldeia. Fizeram-no com tal dedicação e carinho que não ficavam nada a dever ao trabalho de um profissional da área.
Espalhados pelo santuário havia arranjos florais com flores em papel. Havia também quadros com a passagens das aparições em Fátima, com a Lenda das Açucenas, o batismo de Cristo e quadras sobre Adeganha.

A Eucaristia começou perto das seis da tarde. O pároco não se referiu a  nenhum aspeto específico do santuário, mas as leituras foram sobre a vida de Maria e sobre Adão e Eva. Aproveitou para se despedir da população da paróquia e para a agradecer a forma como o receberam, dado que foi a última missa que celebrou em Adeganha.
Às sete saiu a procissão. Não deve ter sido fácil arranjar gente para transportar tantas bandeiras e estandartes e andores! Talvez seja boa ideia diminuir ao número e que apenas as pessoas que têm devoção façam essa tarefa porque há pessoas que não têm fé, nem respeito, confundindo a procissão com um qualquer desfile.
O percurso da procissão é curto mas acidentado. Não é fácil coordenar a subida e a descida de escadas carregando os andores.
A luz rasante do sol que começava a pintar de dourado a Vilariça ajudou a criar um ambiente de intimidade e oração. Um grupo coral contratado entoava cânticos que faziam eco nas cavidades das rochas e se refletiam pelo vale. Às oito horas terminou a procissão.
Caracteriza também esta festa o convívio das famílias em volta da mesa, mal a procissão recolha. Estendem-se as mantas (agora já há muitas mesas e  cadeiras de jardim), abrem-se os cabazes (alguns até frigoríficos transportam para o santuário) e a festa é feita de comida e bebida tal como noutros tempos se fazia na Senhora da Assunção (Vilas Boas) ou no Santo Ambrósio (em Vale da Porca).
A comissão de festa tem a seu cargo a assadura dos frangos. São vendidos ao longo da tarde e são fornecidos mal acabe a procissão. Não faço ideia quantos são vendidos mas são seguramente largas dezenas!
O grupo musical que ia abrilhantar a noite tocou os primeiros acordes. Acenderam-se a luzes e o santuário ganhou mais magia.
Não fiquei para o arraial. Desci por uma estrada de terra batida para a Junqueira, prometendo não voltar a fazê-lo. Não é via recomendável a carros ligeiros, mas voltar para trás era impensável.
Gostei de conhecer e participar na festa de Nossa Senhora do Castelo. Fiquei, sobretudo, com vontade de lá voltar noutra altura do ano, quem sabe se em maio, com menos gente mas com outra paisagem e com outro espírito.



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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 8/30/2012 02:05:00 a.m.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

[À Descoberta de Vila Flor] Flor do Mês - Julho de 2012

 Chegados os meses de mais calor as plantas perdem o "entusiasmo" para exibirem as suas vistosas flores. A maior parte dos terrenos tem pouca humidade e as temperaturas são altas. Por outro lado há imensos insetos, que é uma aspeto positivo. Não é que em junho não tenha havido flores, mas não são tão visíveis e representativas como noutros meses.
Escolhi para representar o mês de julho a Mantissalca ou Erva-de-Salamanca, que tem de nome científico Mantisalca salmantica. Pertence à ordem Asterales, família Asteraceae, que contribuiu com algumas centenas de espécies, das mais conhecidas na flora portuguesa.
Trata-se de uma planta rasteira mas que lança hastes florais a cerca de um metro de altura (no segundo ano de vida). Habita terrenos pobres secos e pedregosos, sendo frequente na beira dos caminhos, local onde a encontro com mais frequência. É ruderal.
Em Portugal é mais frequente no centro e sul do país, aparecendo também nas ilhas, mas foi introduzida. A floração ocorre de maio a setembro.
Não encontrei grandes curiosidades sobre esta planta. A que é mais vezes referida tem a ver com o seu nome uma vez que Mantisalce e Salmantica terem as mesmas sílabas, mas em ordem diferente. Salmantica é uma referência a Salamanca, cidade espanhola mão muito distante daqui.
Em Espanha a planta tem muitos nomes, alguns bem curiosos como pão-do-pastor, drama, centauria, erva das vassouras, cabeçudas, varredouras, etc. Estes nomes sugerem algumas utilizações que  não consegui comprovar em Portugal. As hastes florais (as flores serão as tais cabeças) atadas, depois de secas, são usadas como vassouras. As folhas basais são comestíveis em guisados (isso justifica o nome pão-do-pastor). As flores são usadas, em decoção (fervura de substâncias de que se quer extrair as partes solúveis) contra os diabetes, para baixar o açúcar no sangue.
Comprova-se, assim, que mesmo as espécies mais improváveis têm múltiplas aplicações.
As flores apresentadas foram tiradas junto a Vila Flor, num caminho que vai até à Barragem do Peneireiro.
Outras flores de julho:




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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 8/29/2012 08:31:00 p.m.

[À Descoberta de Vila Flor] Museu Municipal de Vila Flor



Direção do Museu:
Museu Municipal de Vila Flor
Largo Dr. Alexandre Matos
5360-325 Vila Flor

Contactos:
Telefone: 278512 373
eMail: museu.berta.cabral@mail.telepac.pt

Horário de funcionamento:
Todos os dias excepto feriados
Manhã - 09:30h às 12:30h
Tarde - 14:00h às 17:30
Entrada gratuita

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 8/29/2012 04:13:00 p.m.

[À Descoberta de Miranda do Douro] L burro i l gueiteiro (3) 28 de julho

No dia 28 de junho as atividades do festival itinerante L Burro I L Gueitero  eram imensas. Agora já sediado em Aldeia Nova, repetiu uma manhã de oficinas. Algumas eram repetidas do dia 26, mas havia outras novas. É o caso da Construção de Origamis e As Aves do Vale do Douro.
Só cheguei a Aldeia Nova ao início da tarde, em hora de relaxamento. Aproveitei para dar um passeio pela aldeia, onde não estava já há algum tempo.
Já não cheguei a tempo de assistir ao Concerto na Curralada, por Jorge Ribeiro, mas foi muito interessante visitar uma casa típica e verificar como era a maneira de viver de outros tempos.
 No recinto onde estava instalado o palco do festival também havia algumas coisas para ver. No bar Burriqueiro não faltavam clientes e nas tendas vendiam-se recordações e alguns produtos regionais. Comprei alguns postais para a coleção que faço desde criança. Achei piada aos cinzeiros portáteis! Seria mais fácil não fumar, mas a ideia é interessante. 
Passeei pela aldeia e falei com alguns moradores. As pessoas do Planalto são, por norma, abertas e hospitaleiras. Com tanta gente a circular pelas ruas o ambiente era ainda mais propício à troca de dois dedos de conversa.
Distrai-me tanto que perdi a saída dos participantes em passeio de burro, desta vez entre Aldeia Nova e Pena Branca. Podia seguir a pé, tentando alcançá-los, conheço bem os caminhos, mas optei por ir de carro até Pena Branca e esperar pela sua chegada.
O grupo era ainda maior do que nos dias anteriores e fazia-se ouvir à distância. O som da gaita de foles mexe comigo e fez-me sentir emoções estranhas. Eram muitos os sons e as idades, com muitas crianças a participarem.
O que se pretendia em Pena Branca era fazer uma visita ao Centro de Acolhimento do Burro, uma espécie de lar de idosos para burros. Esta é a alternativa de vida para muitos animais que de outra forma acabariam abatidos para servirem de alimento para cães ou lançados pelas arribas para alimentar abutres. Há muitos animais, mas todos são bem tratados. São conhecidos pelos nomes e os tratadores sabem como cada um se comporta. Os primeiros exemplares com que a Associação começou a fazer os passeios, já aqui estão, é que o tempo não pára.
Tive também o prazer e foi mesmo um prazer, de ver atuar o grupo Coletivo das Facécias. Trata-se de um grupo de comediantes que faz pequenas cenas inspiradas nos jograis e trovadores da idade média. Tiveram imensa graça e não me importava de os ver mais vezes.
Os burros foram alimentados e o grupo partiu de regresso à base, Aldeia Nova. Eu, pela minha parte, aproveitei para revisitar locais que normalmente visito, de cada vez que vou a Miranda do Douro, Palancar e Malhadas.
À noite consegui convencer a família a acompanhar-me aos espetáculos em Aldeia Nova. O nome que me soava era Roncos do Diabo, mas havia mais a ouvir.
A noite estava fria, diria mesmo gelada. O ambiente estava animado, com muita gente do concelho, não participantes no festival, a assistir aos espetáculos.
O primeiro grupo a atuar foi o Quinteto Reis 84. Trata-se de um grupo da terra que sabe o que o povo gosta, que toca com prazer e que o consegue transmitir. Seguiu-se-lhe Terra Viva de João Pedro Marnoto, Charanga e Roncos do Diabo.
O meu leque de gostos musicais é bastante alargado mas o tempo em que o grupo Charanga esteve a atuar custou muito a passar. Pelo contrário, quando começou a atuação do grupo Roncos do Diabo o recinto ganhou vida e a festa parecia outra.
A noite já tinha passado do meio, quando regressei a Miranda.
Com esta terceira visita ao festival itinerante l burrro i l gueiteiro encerrei o meu acompanhamento do evento.
No dia 29 a festa continuou com um passeio de burro a São João das Arribas, local com uma beleza ímpar na região e em Portugal. À noite houve mais música, com a atuação do grupo do planalto Galandum Galundaina, que com a sua Associação integraram a organização do evento.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Miranda do Douro a 8/29/2012 01:57:00 p.m.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

[A Linha é Tua] Governo dá incentivo de 33 milhões para construção da barragem do Tua

Portaria foi assinada dias depois da deslocação ao Douro da missão de inspecção do Comité do Património Mundial. Ambientalistas alertam a UNESCO de que está a ser enganada pelas autoridades
Uma carta anteontem remetida ao Comité do Património Mundial da UNESCO chama a atenção para os incentivos financeiros agora aprovados pelo executivo de Passos Coelho para a construção da barragem do Tua, concluindo que aquele organismo está a ser enganado pelo Governo português. A iniciativa partiu do consórcio de associações que têm contestado o empreendimento e o documento é assinado pelo presidente da associação ambientalista Geota, João Joanaz de Melo.
Apesar de Portugal se ter comprometido a abrandar as obras e a aguardar pelo relatório dos peritos que, nos primeiros dias do mês, estiveram no Douro numa missão de avaliação dos impactos da obra sobre a classificação do Alto Douro Vinhateiro, dias depois foi aprovado "o montante anual do incentivo ao investimento" na construção de novas barragens, que, para o caso do Tua, prevê um total que ultrapassa os 33 milhões de euros, a ser pago ao longo de dez anos.
A missão da UNESCO terminou a visita ao Douro a 3 de Agosto e a portaria foi assinada três dias depois pelo secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, e esta segunda-feira publicada em Diário da República.
"As implicações desta decisão e o seu timing são claros e cristalinos: a EDP e o Governo português têm andado a enganar a UNESCO ao longo de todo este tempo sem se importar minimamente com as conclusões do relatório da missão", alerta a carta. No documento, o Governo e a EDP são ainda acusados de prosseguir "uma estratégia de facto consumado", pondo em causa o respeito pelos protocolos e a credibilidade das decisões da UNESCO.
Para os ambientalistas, além de constituir "uma benesse injustificada" para a EDP, a aprovação dos incentivos é também a prova de que o Estado português não está a respeitar o compromisso de aguardar pelo relatório da missão para depois decidir o futuro da barragem.

Obras a toda a força
Além da denúncia dos incentivos à construção, os ambientalistas remeteram também várias fotografias e documentos, procurando demonstrar que, "ao contrário daquilo que tem sido divulgado pelo Governo", as obras estão a decorrer "a toda a força". "Estão lá agora mais máquinas que há três meses", diz Joanaz de Melo, assegurando que têm recolhido fotografias diariamente. E deixa até o desafio ao Governo para que divulgue "o registo do número de máquinas e de trabalhadores na obra ao longo das últimas semanas".
Quanto aos incentivos agora aprovados pelo Governo, dizem respeito ao conjunto de todas as novas barragens ou obras para o aumento de potência nas já existentes. Tal como foi anteontem noticiado pelo PÚBLICO, o Governo anunciou que aqueles montantes representam até uma poupança substancial face ao que estava previsto no programa inicial negociado pelo anterior executivo liderado por José Sócrates com a EDP, Endesa e Iberdrola.
Diferente é a perspectiva dos ambientalistas, para quem estes apoios não passam de uma "benesse injustificada" para as empresas. Além disso, contrariam não só o próprio programa do Governo, como também as orientações comunitárias e o memorando com a troika, "que propõem medidas de eficiência energética e contrárias ao incentivo ao consumo", frisa Joanaz de Melo.
O responsável do Geota diz mesmo que o incentivo à construção de barragens "é um erro crasso em termos de política energética", já que Portugal tem actualmente excesso de capacidade instalada. Representa também uma "extorsão aos portugueses", já que nada justifica os montantes que vão ser atribuídos às empresas do sector eléctrico.

Por José Augusto Moreira in Público

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Publicada por Blogger em A Linha é Tua a 8/23/2012 11:08:00 a.m.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

[A Linha é Tua] Horários dos taxis

O serviço de táxis na Linha do Tua foi suspenso em julho e retomado poucos dias depois. A CP continua a disponibilizar os horários, curiosamente com a representação da ligação ao TGV em Puebla de Sanábria(!).

Em caso de dúvida há sempre a possibilidade de recorrer ao Posto de Turismo de Mirandela, embora a Linha do Tua lhe passe um pouco ao lado.

Rua D.Afonso III (junto ao edifício da Estação da CP)
5370 Mirandela


e-mail: postodeturismo@cm-mirandela.pt
Telefone (Número Verde): 800 300 278
Telefone (acesso a partir do estrangeiro): +351 278 203 143

Horário Anual de funcionamento:
Inverno
Segunda a sexta - 09H00 às 17H30
Fins de semana e feriados- 10H00 às 16H00
Verão
Segunda a domingo - 10H00 às 16H00

Horários em PDF

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Publicada por Blogger em A Linha é Tua a 8/17/2012 11:19:00 p.m.

[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Canção da segada (Adeganha)

Ó que alegria,
Já lá vem nossa criada.
Com jantar,
à nossa bela segada.

Nunca se viram,
Segadores alentejanos.
Virem segar,
À terra dos transmontanos.

Ai que desgraça,
só me lembrei pelo caminho.
Com tanta pressa,
Lá deixei ficar o vinho.

Nunca se viram,
Segadores alentejanos.
Virem segar,
À terra dos transmontanos.
.Ora vá depressa,
Pedir vinho ao patrão.
Que nós sem vinho,
Não podemos segar pão.

Nunca se viram,
Segadores alentejanos.
Virem segar,
À terra dos transmontanos.

Canção cantada na recriação da segada, em Adeganha, em 14 de julho de 2012.


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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 8/17/2012 09:46:00 a.m.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

[À Descoberta de Miranda do Douro] L burro i l gueiteiro (2) 27 de julho

Cruzeiro junto à capela de San Martinico
O programa do dia 27 de junho do Festival itinerante L burro i l gueiteiro, incluía um passeio de burro entre Paradela e Aldeia Nova, com paragem na pequena capela de San Martinico, para um almoço campestre. Confesso que tinha vontade de voltar a o este local, onde apenas estive uma vez, e não nas condições atmosféricas mais agradáveis. Foi durante uma prova em BTT, em que choveu imenso. Por isso convidei o meu filho mais novo para um passeio e assim esperarmos a meio do percurso a passagem da caravana. Inicialmente tivemos medo de nos termos enganado no local, tal era a calmaria, mas, pouco depois das 11 da manhã chegou a primeira carrinha com a logística necessária para ser servido o almoço, junto da pequena capela.
"Pelotão" da frente do Passeio de Burro
Cansados de esperar, decidimos caminhar um pouco em direção a Paradela. Se nos tivéssemos esforçado um pouco teríamos chegado a aldeia. Sentámos-nos à sombra de alguns freixos, num local fresco, à espera que aparecessem.
"Participantes no Passeio de Burro
Enquanto circulava pelas borda de um lameiro seco encontrei muitos exemplares de peónia que é conhecida por rosa albardeira, ou ramo de raposa (Paeonia broteroi). Foi pena que a época de floração já tivesse passado porque as flores são muito bonitas. Foi a primeira vez que as vi em pleno Parque Natural do Douro Internacional, apesar de há muito tempo saber que faziam parte da flora do parque.
A passagem de uma senhora conduzindo uma manada de vacas sossegou-nos, informando-nos que o grupo se aproximava e pouco tempo depois já se ouviam.
Sementes (imaturas de rosa albardeira (Paeonia broteroi)
Estava à espera que fossem muitos, mas nunca tantos! Agora sim fazia sentido a designação l burro i l gueiteiro. Eram muitos os burros e bastantes os gaiteiros, mas também tocadores de bombo e outras percussões. Gente de todas as idades, em carroças, nos burros e a pé, unidos pela poeira e pelo som dos instrumentos tradicionais. A caminhada foi curta, mas deu para ver que muitos dos participantes não é gente habituada a esforços mais violentos. O objetivo não seria tanto o esforço físico, mais mais o prazer se sentir a natureza, de uma forma ecológica e divertida.
Capela de San Martinico (Paradela)
O grupo chegou a San Martinico, local de almoço e de sesta burriqueira. Os burros ao encontraram-se livres dos pesos que carregavam e dos próprios arreios. Estenderam-se pelo lameiro, mais desejosos de sombra do que da ressequida erva da cor da própria terra. Os caminheiros também procuraram as sombras. Estenderam mantas no chão e deitaram-se nelas. A proximidade com a terra também é uma das características dos participantes nestes encontros.
Fim da primeira etapa - libertação dos animais
 Tive também a oportunidade de ver o interior da pequena capela. As duas pequenas imagens que representa S. Martinho não têm qualquer valor comercial ou artístico, e ainda bem porque o local já foi assaltado por várias vezes.
Quando o grupo de acomodou à espera do almoço, abandonamos local. Também para nós estava na hora de almoço e não tínhamos marcação.
Vista geral de um grupo de participantes
 Depois do almoço e da sesta burriqueira, o grupo continuou o seu passeio de burro até Aldeia Nova, onde o festival teria a sua sede nos dias seguintes.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Miranda do Douro a 8/16/2012 03:19:00 p.m.

[À Descoberta de Vila Flor] Imagens que marcaram o dia 15

 A 15 de agosto realizam-se as grandiosas festas em honra de Nossa Senhora da Assunção, no santuário, em Vilas Boas.
Um dos momentos autos dos festejos é o lançamento de fogo de artifício.
Visita de Dom Manuel Cordeiro, bispo da diocese Miranda- Bragança em visita à exposição "Vilas Boas na Idade Média", da autoria de Jorge Delfim, patente no santuário.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 8/16/2012 03:05:00 a.m.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] À Descoberta de Lavandeira (2/3)

Nicho de S. Frutuoso
Continuação de: À Descoberta de Lavandeira (1/3)
Partindo pela rua do Arenal em direção a norte podem ver-se no início da Rua de S. Frutuoso, na padieira da porta de duas casas, alguma inscrições enigmáticas. Numa, a par de outros símbolos, pode ler-se 1749. Depois do Café Reixelo, único espaço comercial que ainda subsiste na aldeia, fica o Largo de S. Frutuoso. Em lugar de destaque encontra-se um nicho, em granito polido, com porta de alumínio e vidro, com a imagem do referido santo.
Pormenor de uma janela em Lavandeira
Dos lados há jardim, uma fonte, bancos e um mealheiro par arrecadar alguma possível esmola. Referi no início que não há capelas no interior da aldeia, mas a ter existido outra além da Santa Eufémia, terá sido a de S. Frutuoso, neste local. Este facto é relatado pelos habitantes da aldeia e, no jardim de uma casa próxima, é visível uma pedra trabalhada que pode ter sido um nicho ou ter feito parte do frontispício de uma capela.
A poucos metros daí é possível ver uma janela bastante interessante, numa casa praticamente em ruínas. Tem duas mísulas trabalhadas, desiguais, e apresenta em cada ombreira um elemento esculpido no granito. De um lado um cálice, do outro o que parece ser uma face humana. A aresta cortada a toda a volta da janela dá-lhe uma elegância de grande contraste com a rusticidade da construção.
Vista parcial da aldeia de Lavandeira
A paragem seguinte é na fonte dos Nabais. Trata-se de uma fonte de mergulho, escavada no granito, que ocupa uma posição bastante inferior ao nível do solo. O acesso é feito por umas escadas, depois de ultrapassada a porta em ferro forjado de que é também feita a proteção. Ao que me foi dito, a fonte foi outrora bem diferente. Encontrava-se ao nível do solo e tinha lajes de granito onde as mulheres lavavam a roupa. Quando o caminho foi composto, penso que a antiga fonte foi destruída, abrindo-se uma nova, escavando numa direção diferente.
Largo do Campo da Bola
O passeio continua em até ao largo do Campo da Bola, antiga Lameira da Choca, por um acesso recente. O caminho está calcetado e permite ver a aldeia de uma quota superior, com uma visão alargada, que se estende a Beira Grande e ao cume da Senhora da Costa, na freguesia de Seixo de Ansiães.
Do campo da bola já não há sinais. Ainda joguei aqui algumas vezes. O espaço ganhou nova utilidade. No topo norte situa-se a sede da Junta de Freguesia, um edifício vistoso e recente.  À sua frente toda a área do antigo campo de futebol foi calceta, iluminada e ocupada com mesas, bancos e assadores. Também tem algumas árvores, mas estas ainda não cresceram o suficiente para cumprirem a função para que foram plantadas.
Largo do Campo da Bola a 15 de Setembro
O espaço é muito agradável e ganha vida principalmente na noite de 15 para 16 de Setembro de cada ano. Grupos familiares ou de amigos montam aqui a sua farta mesa onde a marrã (carne de porco) é o elemento principal. Além dos assadores, já existem alguns no local, os diferentes grupos tratam da logística para que à noite não falte nada para a festa, comida e bebida. Muitas famílias cumprem um ritual semelhante junto as suas casas, nos quinteiros e átrios, fazendo do evento um grande momento de amizade e de confraternização. Estou em crer que este churrasco coletivo está a ganhar casa vez mais força, à medida que a venda de marrã no recinto da festa tende a diminuir.
Ruínas nas zonas mais antigas da aldeia
Há poucos dias foi transportado para perto do edifício da Junta de Freguesia um bloco de granito com uma figura antropomórfica escavada. Trata-se de uma sepultura que se encontrava algures no caminho entre a Lavandeira e o castelo de Ansiães, um pouco acima da chamada Fonte Nova. O local onde se encontrava não oferece muitas hipóteses de aí ter existido alguma necrópole. A sepultura podia estar a ser talhada nesse local para depois ser transportada para outro, acabando por ser abandonada. Os responsáveis pela freguesia acharam que no novo espaço está mais visível e protegida.
Vista parcial da aldeia de Lavandeira
O largo tem também um fontanário e um nicho com o Cristo Rei. Este último, que mostra indício de ali se encontrar há já algum tempo, não enriquece esteticamente o espaço e merecia um arranjo de forma a valoriza-lo e integrá-lo neste importante largo.
De volta ao centro da aldeia é fácil seguir por alguma ruela estreita que nos faz viajar no tempo.  Há algumas casas em granito com telha de canudo antiga, implantadas sobre as fragas de granito que afloram à superfície.
Nas proximidades destaca-se uma casa antiga, senhorial, quer pela dimensão, quer pela qualidade da construção, quer pelo terreno murado que tem adjacente, a casa dos Carvalhos. Do caminho que contorna esta propriedade tem-se uma vista bastante diferente da aldeia.
Pela rua Nova acede-se ao ponto de partida, o largo de Santa Eufémia, para a exploração de outra parte da aldeia.
Fonte do Gricho
Na rua da Escola fica a fonte do Gricho e a antiga escola. A fonte do Gricho também está a um nível inferior ao à estrada. A água ainda corre por um tubo metálico. Recordo-me de aqui ter vindo beber na minha meninice, quando ia às festas de Santa Eufémia. Antigamente a água jorrava em grande quantidade, sendo a passagem pedestre feita junto à parede, numa estreita passadeira. Mais abaixo havia lajes para lavar a roupa. Também havia uma pia com água para os animais beberem.

Continua:  À Descoberta de Lavandeira (3/3)

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 8/14/2012 08:00:00 a.m.

[À Descoberta de Vila Flor] Azul e ...palha

Está a fazer um ano que ardeu uma grande área no concelho de Vila Flor, abrangendo as freguesias de Vilas Boas, Arco e Vale Frechoso. O aspeto dessa área é ainda mais desolado agora que a erva secou. Esperemos pelas chuvas.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 8/14/2012 01:32:00 a.m.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

[À Descoberta de Miranda do Douro] L burro i l gueiteiro (1)

Concentração dos participantes
 A festival o l burro i l gueiteiro já vai na 10 edição. Organizado pela  Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino e pela Galandum Galundaina Associação Cultural, e tratando-se de um festival itinerante, mexe com  algumas aldeias do Planalto Mirandês, e esta 10ª edição prometia repetir o sucesso das anteriores.
Oficina de construção de Deltamboris
Apesar de eu ter alguma curiosidade, fotográfica, mas não só, não só nunca participei nem nunca estive perto, para sentir a pulsação do festival. Não é em qualquer lugar, nem para todos, mas é curioso em ver de perto o espírito que leva dezenas para não dizer centenas de pessoas a percorrerem a pé, ou de burro os caminhos do Planalto Mirandês, ao som de instrumentos tradicionais.
Oficina de Tratamento e Conservação de Palhetas
Os meus afazeres também não me deixavam participar este ano, mas, quis o destino que eu me deslocasse a Miranda do Douro nos dias em que se iniciou o festival! Depois de conversar com uma pessoa envolvida na organização optei por comparecer nalgumas atividades como espetador, para fazer algumas fotografias.
As aldeias "privilegiadas" na 10ª edição foram Paradela e Aldeia Nova, onde o grosso das atividades foram concentradas, realizar-se atividades esporádicas em aldeias vizinhas destas.
Oficina de Percussão
No dia 26 de julho, ao início da manhã já estava eu em Paradela. Os que chegaram à hora marcada podiam contar-se pelos dedos de uma mão! Não pude deixar de me recordar uma edição da Festa dada Aves, em Vila Chã da Braciosa, em que participei. É fácil de constatar que os participantes nestes eventos não são adeptos de relógios.
Oficina de Flora Recreativa
 Aproveitei a acalmia para tomar um café. Fiquei surpreendido por ainda haver dois cafés na aldeia.
Ao poucos foi-se juntando uma pequena multidão, com pessoas de varias idades e falando diversas línguas.
A organização preparava o salão para servir de cantina e na igreja matriz ensaiavam-se melodias de encantar.
Durante a manhã decorreu um vasto conjunto de oficinas. A minha ideia era circular e fazer o registo de todas mas não me foi possível. Mesmo assim, consegui cobrir um bom número de atividades.
Foi interessante verificar que todas as oficinas tiveram numerosas inscrições.
Oficina de Dança dos Pauliteiros
Na antiga escola primária funcionaram as oficinas: tratamento e conservação de palhetas e construção de tamboris. Ambas tinham a orienta-las músicos de grupos Mirandeses. O primeiro do grupo Lengalenga - Gaiteiros de Sendim e o segundo do grupo Galandum Galundaina.A primeira oficina destinava-se a gaiteiros, já conhecedores dos problemas das palhetas, já a segunda oficina juntou pessoas de diferentes idades, que transformaram uma lata de café em sonoros tamboris!
Oficina de Cantares Tradicionais
Na escola estavam expostos trabalhos realizados nalguma formação de adultos que houve na aldeia. Também havia expostas fotografias e trabalhos dos últimos alunos que fermentaram a escola, penso que com o Professor Vasco.
Num lameiro próximo funcionou uma oficina de percussão. Não sei se pela mestria do orientador (Sond' Art), se pelos conhecimentos prévios dos participantes, se pela facilidade em tocar a caixa, o bombo e o tamboril, o certo é que o grupo acertou, e fez sair dos instrumentos uma batucada agradável.
Gado de raça Mirandesa
Também gostei de ver a oficina de dança dos Pauliteiros. Foi necessária muita repetição e algumas pauladas nos dedos, para que o grupo ganhasse alguma sincronização. Os ensaiadores eram jovens, mas já com muita experiência (e paciência). Os aprendizes de "Pauliteiros" eram quase na totalidade mulheres. Ainda fiz uma rápida passagem na oficina de Arte e Natureza, Cantares Tradicionais e Flora Recreativa, mas havia muitas mais oficinas, espalhadas pela aldeia.
Igreja matriz de Paradela
Algumas vacas mirandesas que passaram ajudaram a pintar o quadro, só faltou mesmo ouvir o som gaita de foles a ecoar pela paisagem.
Já passava muito do meio dia quando abandonei Paradela. A tarde e a noite prometiam muita animação e música de qualidade. Fiquei com pena de não ouvir o grupo Chominciamento di Giota. Alguns minutos de ensaio a que assisti na igreja matriz de Paradela deram para perceber que a magia ia acontecer. Espero encontrar este grupo no futuro. Gosto de grupo Al Medievo, mas este é mais fácil de encontrar nas feiras e recriações medievais.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Miranda do Douro a 8/13/2012 10:01:00 p.m.