VIII TerraFlor, feira de Produtos e Sabores
de 15 a 18 de Julho de 2010, em Vila Flor.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Vila Flor a 6/30/2010 08:06:00 PM
Concelho:
Carrazeda de Ansiães | Vila Flor | Miranda do Douro | Mogadouro | Torre de Moncorvo | Freixo de E.C. | Alfândega da Fé | |
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Oliveiras (V)
Oliveiras (V), upload feito originalmente por Transmontano.
Oliveiras no Cachão, freguesia de Brunhoso, Mogadouro.
Etiquetas:
5200 Mogadouro,
Brunhoso
Freixos (IV)
Freixos (IV), upload feito originalmente por Transmontano.
Prado com flores, em Fonte Ladrão. Miranda do Douro.
Etiquetas:
5210 Miranda do Douro,
Prado Gatão
[A Linha é Tua] Jantar popular 1 Julho: benefit ao projecto da linha do Tua!
QUINTA-FEIRA, 1 JULHO, 20H no Centro Social do GAIA na Mouraria:
JANTAR POPULAR DE APOIO AO PROJECTO NA LINHA DO TUA
Esta quinta o jantar popular vai ser um benefit para o projecto na Linha do Tua - uma iniciativa que vai percorrer Trás-os-Montes para falar com a comunidade local sobre a linha de comboio do Tua e os prós e os contras da construção de uma barragem naquela zona!
Ementa: bolonhesa de lentilhas!
Retirado de GAIA
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Publicada por Xo_oX em A Linha é Tua a 6/30/2010 12:47:00 AM
JANTAR POPULAR DE APOIO AO PROJECTO NA LINHA DO TUA
Esta quinta o jantar popular vai ser um benefit para o projecto na Linha do Tua - uma iniciativa que vai percorrer Trás-os-Montes para falar com a comunidade local sobre a linha de comboio do Tua e os prós e os contras da construção de uma barragem naquela zona!
Ementa: bolonhesa de lentilhas!
Retirado de GAIA
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Publicada por Xo_oX em A Linha é Tua a 6/30/2010 12:47:00 AM
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Linha do Tua,
Publicidade
terça-feira, 29 de junho de 2010
[À Descoberta de Vila Flor] As cores de Março
Logo no início do mês de Março fiz uma das mais longas caminhadas pelo concelho. Também esta caminhada se destinava a localizar locais de depósito de lixo nas freguesias de Candoso e Valtorno para a iniciativa Limpar Portugal.
Actualmente já não preciso de estudar cuidadosamente os percursos a realizar. Conheço grande parte dos caminhos e salto de uns para outros fazendo as escolhas de acordo com factores como o tempo, o interesse ao às vezes o impulso. É uma grande sensação de liberdade sair quase sem rumo, com horas infindáveis para poder percorrer os caminhos, apreciar o recorte das montanhas ou perder-me na pequenez das flores, apenas possível de joelhos, como que venerando a obra do Criador.
Nesta altura ainda as amendoeiras estavam em flor, mas, este ano este espectáculo tão fantástico não teve o brilho de anos anteriores.
O destino era Candoso mas logo à saída de Vila Flor em direcção a Samões me perdi pelas flores que atapetavam os caminhos, brilhando intensamente com a luz do sol. Atravessei Samões e dirigi-me para os campos agrícolas próximos. Sabia que o caminho não tinha saída mas o objectivo era entrar nos terrenos e fotografar as margaridas que cobriam mais de um hectare. Já não foi a primeira vez que vi tantas margaridas, ou margaças, em flor. Este espectáculo é frequentes nestes terrenos férteis próximos de Samões mas também nos olivais de Sampaio, Lodões ou Assares.
Continuei por caminhos rurais até perto das primeiras casas de Carvalho de Egas. O ribeiro, que corria abundantemente, era o que me separava de começar a subida em direcção a Candoso. A caminho é bom mas com as chuvas que caídas havia lama em todo o lado. Em Candoso as ruas estavam esburacadas. As máquinas tinham aberto valas nas ruas para a colocação de esgotos (penso eu). Segui para junto da igreja e depois para a escola primária. Comecei ali a minha tarefa de localização de lixeiras. Não as vou descrever aqui. De perto da escola primária até à estrada nacional já perto do termo de Candoso com Mogo de Malta encontrei tanto, tanto lixo que fiquei horrorizado. Já tinha passado várias vezes em bicicleta nesses caminhos, mas, agora percorrendo-os a pé fiquei com a ideia que infelizmente há muita gente que não gosta mesmo da sua terra. Não são só electrodomésticos são quantidades industriais de entulho, vidro e móveis antigos que ocupam vários hectares. Cada vez mais se reforça a ideia de que as pessoas se preocupam com as aparências, construindo casas bonitas mas despejando todo o lixo ao longo dos caminhos, pela calada da noite ou em plena luz do dia. Que fazem os responsáveis locais? Que faz a GNR?
Já com o sol a pintar de amarelo as copas dos pinheiros, cheguei à estrada nacional quase no ponto onde vai passar o futuro IC5. Pareceu-me boa ideia aproveitar o traçado deste itinerário para regressar a casa, mas vei-o a revelar-se uma péssima opção. Primeiro porque é perigoso circular nestes locais, apesar de ser fim-de-semana e não haver máquinas em manobras, depois porque a chuva e a passagem continuada de máquinas criavam autênticos lamaçais. Quase a chegar a Carvalho de Egas enterrei-me quase até à cinta. Apanhei um valente susto e decidi afastar-me do traçado do IC5 e seguir os caminhos já meus conhecidos. Revelou-se uma atitude sensata, embora não isenta de perigos. A noite chegou e eu com vários quilómetros para percorrer. Não é fácil caminhar em completa escuridão e havia alguns caminhos completamente inundados. Mantendo o sangue frio e usando de todas as cautelas, cheguei a Vila Flor perto das nove da noite.
Foi uma longa caminhada, ao longo de mais de 20 quilómetros. Neste percurso marcou-me o contraste das cores de Maio, no início da caminhada, e a imagem degradante do lixo encontrado em grandes quantidades.
A Junta de Freguesia de Candoso aderiu à iniciativa Limpar Portugal e algum desse lixo foi limpo no dia 20 de Março. Uma coisa é certa: se não houver cuidado, educação e civismo, de pouco adianta andarmos, uns poucos, a apanhar o lixo que muitos fazem.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Vila Flor a 6/04/2010 11:28:00 PM
Actualmente já não preciso de estudar cuidadosamente os percursos a realizar. Conheço grande parte dos caminhos e salto de uns para outros fazendo as escolhas de acordo com factores como o tempo, o interesse ao às vezes o impulso. É uma grande sensação de liberdade sair quase sem rumo, com horas infindáveis para poder percorrer os caminhos, apreciar o recorte das montanhas ou perder-me na pequenez das flores, apenas possível de joelhos, como que venerando a obra do Criador.
Nesta altura ainda as amendoeiras estavam em flor, mas, este ano este espectáculo tão fantástico não teve o brilho de anos anteriores.
O destino era Candoso mas logo à saída de Vila Flor em direcção a Samões me perdi pelas flores que atapetavam os caminhos, brilhando intensamente com a luz do sol. Atravessei Samões e dirigi-me para os campos agrícolas próximos. Sabia que o caminho não tinha saída mas o objectivo era entrar nos terrenos e fotografar as margaridas que cobriam mais de um hectare. Já não foi a primeira vez que vi tantas margaridas, ou margaças, em flor. Este espectáculo é frequentes nestes terrenos férteis próximos de Samões mas também nos olivais de Sampaio, Lodões ou Assares.
Continuei por caminhos rurais até perto das primeiras casas de Carvalho de Egas. O ribeiro, que corria abundantemente, era o que me separava de começar a subida em direcção a Candoso. A caminho é bom mas com as chuvas que caídas havia lama em todo o lado. Em Candoso as ruas estavam esburacadas. As máquinas tinham aberto valas nas ruas para a colocação de esgotos (penso eu). Segui para junto da igreja e depois para a escola primária. Comecei ali a minha tarefa de localização de lixeiras. Não as vou descrever aqui. De perto da escola primária até à estrada nacional já perto do termo de Candoso com Mogo de Malta encontrei tanto, tanto lixo que fiquei horrorizado. Já tinha passado várias vezes em bicicleta nesses caminhos, mas, agora percorrendo-os a pé fiquei com a ideia que infelizmente há muita gente que não gosta mesmo da sua terra. Não são só electrodomésticos são quantidades industriais de entulho, vidro e móveis antigos que ocupam vários hectares. Cada vez mais se reforça a ideia de que as pessoas se preocupam com as aparências, construindo casas bonitas mas despejando todo o lixo ao longo dos caminhos, pela calada da noite ou em plena luz do dia. Que fazem os responsáveis locais? Que faz a GNR?
Já com o sol a pintar de amarelo as copas dos pinheiros, cheguei à estrada nacional quase no ponto onde vai passar o futuro IC5. Pareceu-me boa ideia aproveitar o traçado deste itinerário para regressar a casa, mas vei-o a revelar-se uma péssima opção. Primeiro porque é perigoso circular nestes locais, apesar de ser fim-de-semana e não haver máquinas em manobras, depois porque a chuva e a passagem continuada de máquinas criavam autênticos lamaçais. Quase a chegar a Carvalho de Egas enterrei-me quase até à cinta. Apanhei um valente susto e decidi afastar-me do traçado do IC5 e seguir os caminhos já meus conhecidos. Revelou-se uma atitude sensata, embora não isenta de perigos. A noite chegou e eu com vários quilómetros para percorrer. Não é fácil caminhar em completa escuridão e havia alguns caminhos completamente inundados. Mantendo o sangue frio e usando de todas as cautelas, cheguei a Vila Flor perto das nove da noite.
Foi uma longa caminhada, ao longo de mais de 20 quilómetros. Neste percurso marcou-me o contraste das cores de Maio, no início da caminhada, e a imagem degradante do lixo encontrado em grandes quantidades.
A Junta de Freguesia de Candoso aderiu à iniciativa Limpar Portugal e algum desse lixo foi limpo no dia 20 de Março. Uma coisa é certa: se não houver cuidado, educação e civismo, de pouco adianta andarmos, uns poucos, a apanhar o lixo que muitos fazem.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Vila Flor a 6/04/2010 11:28:00 PM
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5360 Vila Flor,
Samões,
Vila Flor
[À Descoberta de Miranda do Douro] Feira Medieval - dia 30 de Maio
O dia 30 de Maio, último dos três dias de Feira Medieval em Miranda do Douro, não foi tão recheado de acontecimentos, também porque tive que partir antes de anoitecer, não tendo tempo para acompanhar todo o programa.
Pelas onze horas estava eu junto à Sé de Miranda do Douro, onde se celebrou uma Missa Medieval. Imaginei coisas, do tipo de a missa ser em latim… mas foi bastante "normal". Sem perturbar muito consegui aproximar-me do altar da cerebração. Apesar de ser um católico pouco praticante, respeito os espaços e as celebrações. Tirei algumas fotografias, sem flash, da forma mais disfarçada que me foi possível, mas não faltavam "concorrentes" que fotografam e filmavam tudo.
Os elementos do coro, que conheço bem, não ocupavam os seus lugares habituais. Estes eram ocupados pelo grupo coral Medievus Chorus. Esta foi a principal diferença em relação às celebrações habituais, além de que o banco da frente era ocupado por algumas individualidades que trajavam à maneira Medieval. Entre elas encontrava-se o senhor Presidente da Câmara, recentemente eleito, que durante os dias da Feira Medieval se integrou nas representações, sempre "bem" trajado. Fez uma das leituras na Eucaristia.
No exterior da Sé preparava-se o cenário para o final da celebração. Foram chegando os pedintes, com ar bastante miserável, a Hoste do Magriço, o Grupo de Danças Antigas de Óbidos e os Pauliteiricos de Miranda. Terminada a celebração, o Largo da Sé foi inundado de todo o clima Medieval com danças, cantos e pregões. Acabei por concentrar a minha atenção nos Pauliteiricos. O folclore que envolve os pauliteiros e as danças mistas mirandesas fascina-me, também no aspecto fotográfico.
Depois do almoço voltei ao jardim dos Frades Trinos para um café e na esperança de assistir a um torneio de armas. Senti-me meio perdido e percorri os principais locais dentro da muralha à procura do centro dos acontecimentos, sem perceber bem o que estava a acontecer e aonde. Às 16 horas começou a formar-se o cortejo no Largo do Castelo que se dirigiu para o Largo D. João I. Aqui se desenrolaram vários acontecimentos dos quais realço: uma dança executava por uma elegante bailarina segurando uma serpente e um dos pedintes que mais impressionou durante toda a feira fez um eloquente e poético discurso surpreendendo todos os que assistíamos.
Pelas dezassete horas abandonei Miranda.
Passei em Miranda quase dois dias. As actividades sucederam-se em catadupa, quase não me dando tempo para comer. Já passei em Mirando muitas festas, muitas feiras, mas estas foram diferentes. Sempre imaginei a cidade em épocas anteriores e tive a possibilidade de as visitar, ainda que a representar. A cidade está talhada para eventos desta natureza. Elementos da companhia de teatro VivArte confidenciaram-me que a feira já está garantida para os próximos 3 anos. A ser assim, tudo farei para estar presente.
Não sei se o balanço da feira foi, muito ou pouco positivo. Passaram pelo recinto vários milhares de pessoas, mas falta saber se as tasquinhas fizeram o negócio que esperam e se os artesãos e produtores venderam os seus produtos. Há, certamente, algumas coisas que serão corrigidas em próximas edições como o facto, sentido por alguns expositores e artesãos locais, de ninguém da organização ter passado pelas diferentes barraquinhas a dar um cumprimento ou um agradecimento. As mudanças políticas no concelho ainda são muito recentes ...
Se foi bom para o concelho, que se repita.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Miranda do Douro a 6/28/2010 02:53:00 AM
Pelas onze horas estava eu junto à Sé de Miranda do Douro, onde se celebrou uma Missa Medieval. Imaginei coisas, do tipo de a missa ser em latim… mas foi bastante "normal". Sem perturbar muito consegui aproximar-me do altar da cerebração. Apesar de ser um católico pouco praticante, respeito os espaços e as celebrações. Tirei algumas fotografias, sem flash, da forma mais disfarçada que me foi possível, mas não faltavam "concorrentes" que fotografam e filmavam tudo.
Os elementos do coro, que conheço bem, não ocupavam os seus lugares habituais. Estes eram ocupados pelo grupo coral Medievus Chorus. Esta foi a principal diferença em relação às celebrações habituais, além de que o banco da frente era ocupado por algumas individualidades que trajavam à maneira Medieval. Entre elas encontrava-se o senhor Presidente da Câmara, recentemente eleito, que durante os dias da Feira Medieval se integrou nas representações, sempre "bem" trajado. Fez uma das leituras na Eucaristia.
No exterior da Sé preparava-se o cenário para o final da celebração. Foram chegando os pedintes, com ar bastante miserável, a Hoste do Magriço, o Grupo de Danças Antigas de Óbidos e os Pauliteiricos de Miranda. Terminada a celebração, o Largo da Sé foi inundado de todo o clima Medieval com danças, cantos e pregões. Acabei por concentrar a minha atenção nos Pauliteiricos. O folclore que envolve os pauliteiros e as danças mistas mirandesas fascina-me, também no aspecto fotográfico.
Depois do almoço voltei ao jardim dos Frades Trinos para um café e na esperança de assistir a um torneio de armas. Senti-me meio perdido e percorri os principais locais dentro da muralha à procura do centro dos acontecimentos, sem perceber bem o que estava a acontecer e aonde. Às 16 horas começou a formar-se o cortejo no Largo do Castelo que se dirigiu para o Largo D. João I. Aqui se desenrolaram vários acontecimentos dos quais realço: uma dança executava por uma elegante bailarina segurando uma serpente e um dos pedintes que mais impressionou durante toda a feira fez um eloquente e poético discurso surpreendendo todos os que assistíamos.
Pelas dezassete horas abandonei Miranda.
Passei em Miranda quase dois dias. As actividades sucederam-se em catadupa, quase não me dando tempo para comer. Já passei em Mirando muitas festas, muitas feiras, mas estas foram diferentes. Sempre imaginei a cidade em épocas anteriores e tive a possibilidade de as visitar, ainda que a representar. A cidade está talhada para eventos desta natureza. Elementos da companhia de teatro VivArte confidenciaram-me que a feira já está garantida para os próximos 3 anos. A ser assim, tudo farei para estar presente.
Não sei se o balanço da feira foi, muito ou pouco positivo. Passaram pelo recinto vários milhares de pessoas, mas falta saber se as tasquinhas fizeram o negócio que esperam e se os artesãos e produtores venderam os seus produtos. Há, certamente, algumas coisas que serão corrigidas em próximas edições como o facto, sentido por alguns expositores e artesãos locais, de ninguém da organização ter passado pelas diferentes barraquinhas a dar um cumprimento ou um agradecimento. As mudanças políticas no concelho ainda são muito recentes ...
Se foi bom para o concelho, que se repita.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Miranda do Douro a 6/28/2010 02:53:00 AM
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5210 Miranda do Douro,
Miranda do Douro
[À Descoberta de Miranda do Douro] Feira Medieval - dia 29 de Maio - Filme
O dia 29 de Maio foi tão intenso que, por mais fotografias que publique, ficará sempre muito por contar. Compilei algumas fotografias e pequenos vídeos feitos com a máquina fotográfica com um pouco do que se passou ao longo do dia. Para mais tarde recordar...
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Miranda do Douro a 6/22/2010 11:51:00 PM
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Miranda do Douro a 6/22/2010 11:51:00 PM
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5210 Miranda do Douro,
Miranda do Douro
[À Descoberta de Miranda do Douro] Feira Medieval - dia 29 de Maio
Nos dias 28, 29 e 30 de Maio realizou-se em Miranda do Douro uma Feira Medieval. Que eu tenha conhecimento, este foi o primeiro evento do género, embora alguns residentes tenham memória de ter havido algumas pequenas iniciativas.
Também foi uma novidade para mim o facto de me ter deslocado a Miranda do Douro no papel de turista, apesar da minha residência oficial continuar a ser nessa cidade. Mas foi na qualidade de turista que estive dia 29 e 30 a acompanhar grande parte do programa da feira.
Pelo que pude saber, o dia 28 foi muito animado, com a participação de alunos de escolas dos concelhos Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso. Muitas crianças integraram o desfile, talvez mais do que o número de assistentes, uma vez que realizando-se em dia de trabalho, só os pais de alguns alunos se podem ter deslocado à cidade para assistir. À noite houve animação no largo do castelo.
No Sábado, levantei-me cedo. Não queria perder nada dos acontecimentos. Rapidamente verifiquei que o programa era uma mera indicação, e que tudo iria ocorrer com pelo menos uma hora de atraso. Mas foi bom porque assim pude andar pelo recinto do largo do castelo, calmamente, apreciando tudo e cumprimentando alguns amigos que não via há bastante tempo.
Soube que a população da cidade se preparou durante alguns meses para o evento. Confeccionaram as roupas ao estilo da época medieval e planearam tabernas, comidas, artesanato e encenações. Os primeiros personagens que vi no Mercado eram pessoas conhecidas, mas começaram a aparecer pessoas de outras raças, negros, mouros, soldados, malabaristas, músicos e nobres.
Depois de aberto "oficialmente" o Mercado, a animação tomou conta de tudo e as pessoas começaram a surgir como que por encanto. É conhecida a afluência de espanhóis durante o fim-de-semana a Miranda do Douro e a Feira Medieval foi mais um atractivo de peso. Esta pequena cidade vive muito do comércio, e com uma grande quota da restauração. Este evento, tal como outros no passado e no presente, pretendem atrair mais gente do lado de lá da fronteira, uma vez que Espanha parece mais "próxima" do que Portugal. Pode ser que o IC5 venha alterar um pouco esta tendência, mas muito dificilmente isso acontecerá.
Passei toda a manhã no recinto do "Mercado", visitando todas as barraquinhas, apreciando o artesanato e produtos da terra de Miranda. À hora de almoço o recinto ficou praticamente vazio. O sol intenso queimava e isso fez com que as barraquinhas de comes e bebes não tivessem muitos clientes.
Estava na hora de almoço mas não quis desperdiçar o intenso céu azul que tanto gosto de fotografar. Deixei o recinto do castelo e, em vez de ir almoçar, fiz uma volta rápida por toda a cidade antiga, tirando proveito da decoração e da luminosidade, que estava fenomenal. Foi uma volta cansativa, mas valeu a pena. Com tempo mostrarei algumas das fotografias que tirei.
Ao início da tarde aconteceu a chegada de D. Isabel. O cortejo começou na Av. Aranda de Duero e dirigiu-se depois para o Largo do Castelo. Nesta altura pode dizer-se que já havia uma multidão a acompanhar o cortejo.
Entre outras coisas, uma esbelta dançarina executou uma dança do ventre com tamanha graciosidade que, por momentos, se fez um grande silêncio na assistência. O cortejo seguiu depois para o jardim dos Frades Trinos, não sem antes parar no Largo da Sé. Aqui aconteceu uma das cenas mais caricatas, quando um par de noivos que se preparavam para a cerimónia se viu, sem mais nem menos, perante o Rei com toda a sua corte. O Rei prescindiu da prima nocte, mas o casal teve que integrar o grupo de baile e executar uma verdadeira dança palaciana perante os aplausos da assistência e dos seus convidados.
No jardim dos Frades Trinos realizou-se um torneio de armas de cortesia entre cavaleiros portugueses e castelhanos. Cavaleiros só havia um, mas isso não impediu que houvesse um grande espectáculo de lutas com espadas e exercícios com falcões. Deve ter sido um dos momentos mais apreciados dos três dias de festa. Adorei o cavaleiro e o seu cavalo, dois verdadeiros artistas.
De regresso ao Largo do Castelo fui surpreendido com um dos momentos mais entusiasmantes do evento: a actuação de um grupo de música medieval, penso que era da Bretanha, chamado Tornals. É fantástico como o som nos pode fazer viajar no tempo! A musicalidade, a indumentária e o entusiasmo dos executantes, foi tudo fantástico.
À noite decidi jantar no Mercado. Com o fresco da noite já todas as tasquinhas se encheram de clientes que se deliciaram com os mais variados manjares. Havia porco no espeto, javali, tripas e muitas outras iguarias servidas de forma pouco habitual, uma vez que havia algumas regras que era necessário respeitar.
Enquanto saboreei o meu jantar actuaram os Pauliteiros de Prado Gatão.
A Ceia Medieval, servida com todos os requintes no interior do castelo, não tinha muitos comensais. Eram mais os animadores que alegravam o banquete do que aqueles que comiam. Não cheguei a perceber o porquê desta situação. Não sei se foi o preço que afastou os clientes ou se a falta de informação. É que os acontecimentos sucediam-se e não era fácil estar a par de onde, e o que é que se estava a passar. Trouxe sempre o programa comigo e confesso que às vezes me senti perdido.
Ainda a ceia não tinha terminado e já uma mesnada leonesa raptava as freiras e as fechava na torre do castelo. Preparam-se os soldados para o resgate das freiras (que ao que parecia não queriam ser resgatadas). Armaram-se os pauliteiros com bestas, mas os castelhanos estavam mais interessados nas freiras e numa pipa de vinho (que era a sua perdição). Resgatadas as freiras, já não muito castas, armou-se um baile com os Pauliteiros.
Quase sem deixar respirar o público, as Lérias – Associação Cultural e a Caramonico, de Palaçoulo, apresentaram uma encenação, Caça ao Trasgo, que culminou com uma dança em que os tradicionais paus dos pauliteiros foram substituídos por verdadeiras espadas. O bater violento do metal ao ritmo da dança dos pauliteiros causava arrepios na assistência e causou também alguns ferimentos nos valentes bailadores. Dança, música, fogo e a virilidade dos jovens executantes cativaram o público que os aplaudiu com muito entusiasmo.
Depois de mais algumas danças medievais executadas por um grupo vindo de Óbidos, subiu ao palco para abrilhantar o resto da noite o grupo Galandum Galundaina. Tocaram algumas músicas do seu último álbum, lançado recentemente. Este grupo, formado por filhos da terra, é o mais conhecido e internacional grupo do Planalto Mirandês. Marcam presença em festivais de música tradicional pelo mundo inteiro, mas é em Miranda que se sentem em casa.
Perto da meia-noite regressei a casa. Não queria perder as actividades do dia 30 e tinha que descansar de um sábado intenso, com tantas cores, sons e sabores que os sentidos tiveram dificuldade em processar.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Miranda do Douro a 6/16/2010 12:24:00 AM
Também foi uma novidade para mim o facto de me ter deslocado a Miranda do Douro no papel de turista, apesar da minha residência oficial continuar a ser nessa cidade. Mas foi na qualidade de turista que estive dia 29 e 30 a acompanhar grande parte do programa da feira.
Pelo que pude saber, o dia 28 foi muito animado, com a participação de alunos de escolas dos concelhos Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso. Muitas crianças integraram o desfile, talvez mais do que o número de assistentes, uma vez que realizando-se em dia de trabalho, só os pais de alguns alunos se podem ter deslocado à cidade para assistir. À noite houve animação no largo do castelo.
No Sábado, levantei-me cedo. Não queria perder nada dos acontecimentos. Rapidamente verifiquei que o programa era uma mera indicação, e que tudo iria ocorrer com pelo menos uma hora de atraso. Mas foi bom porque assim pude andar pelo recinto do largo do castelo, calmamente, apreciando tudo e cumprimentando alguns amigos que não via há bastante tempo.
Soube que a população da cidade se preparou durante alguns meses para o evento. Confeccionaram as roupas ao estilo da época medieval e planearam tabernas, comidas, artesanato e encenações. Os primeiros personagens que vi no Mercado eram pessoas conhecidas, mas começaram a aparecer pessoas de outras raças, negros, mouros, soldados, malabaristas, músicos e nobres.
Depois de aberto "oficialmente" o Mercado, a animação tomou conta de tudo e as pessoas começaram a surgir como que por encanto. É conhecida a afluência de espanhóis durante o fim-de-semana a Miranda do Douro e a Feira Medieval foi mais um atractivo de peso. Esta pequena cidade vive muito do comércio, e com uma grande quota da restauração. Este evento, tal como outros no passado e no presente, pretendem atrair mais gente do lado de lá da fronteira, uma vez que Espanha parece mais "próxima" do que Portugal. Pode ser que o IC5 venha alterar um pouco esta tendência, mas muito dificilmente isso acontecerá.
Passei toda a manhã no recinto do "Mercado", visitando todas as barraquinhas, apreciando o artesanato e produtos da terra de Miranda. À hora de almoço o recinto ficou praticamente vazio. O sol intenso queimava e isso fez com que as barraquinhas de comes e bebes não tivessem muitos clientes.
Estava na hora de almoço mas não quis desperdiçar o intenso céu azul que tanto gosto de fotografar. Deixei o recinto do castelo e, em vez de ir almoçar, fiz uma volta rápida por toda a cidade antiga, tirando proveito da decoração e da luminosidade, que estava fenomenal. Foi uma volta cansativa, mas valeu a pena. Com tempo mostrarei algumas das fotografias que tirei.
Ao início da tarde aconteceu a chegada de D. Isabel. O cortejo começou na Av. Aranda de Duero e dirigiu-se depois para o Largo do Castelo. Nesta altura pode dizer-se que já havia uma multidão a acompanhar o cortejo.
Entre outras coisas, uma esbelta dançarina executou uma dança do ventre com tamanha graciosidade que, por momentos, se fez um grande silêncio na assistência. O cortejo seguiu depois para o jardim dos Frades Trinos, não sem antes parar no Largo da Sé. Aqui aconteceu uma das cenas mais caricatas, quando um par de noivos que se preparavam para a cerimónia se viu, sem mais nem menos, perante o Rei com toda a sua corte. O Rei prescindiu da prima nocte, mas o casal teve que integrar o grupo de baile e executar uma verdadeira dança palaciana perante os aplausos da assistência e dos seus convidados.
No jardim dos Frades Trinos realizou-se um torneio de armas de cortesia entre cavaleiros portugueses e castelhanos. Cavaleiros só havia um, mas isso não impediu que houvesse um grande espectáculo de lutas com espadas e exercícios com falcões. Deve ter sido um dos momentos mais apreciados dos três dias de festa. Adorei o cavaleiro e o seu cavalo, dois verdadeiros artistas.
De regresso ao Largo do Castelo fui surpreendido com um dos momentos mais entusiasmantes do evento: a actuação de um grupo de música medieval, penso que era da Bretanha, chamado Tornals. É fantástico como o som nos pode fazer viajar no tempo! A musicalidade, a indumentária e o entusiasmo dos executantes, foi tudo fantástico.
À noite decidi jantar no Mercado. Com o fresco da noite já todas as tasquinhas se encheram de clientes que se deliciaram com os mais variados manjares. Havia porco no espeto, javali, tripas e muitas outras iguarias servidas de forma pouco habitual, uma vez que havia algumas regras que era necessário respeitar.
Enquanto saboreei o meu jantar actuaram os Pauliteiros de Prado Gatão.
A Ceia Medieval, servida com todos os requintes no interior do castelo, não tinha muitos comensais. Eram mais os animadores que alegravam o banquete do que aqueles que comiam. Não cheguei a perceber o porquê desta situação. Não sei se foi o preço que afastou os clientes ou se a falta de informação. É que os acontecimentos sucediam-se e não era fácil estar a par de onde, e o que é que se estava a passar. Trouxe sempre o programa comigo e confesso que às vezes me senti perdido.
Ainda a ceia não tinha terminado e já uma mesnada leonesa raptava as freiras e as fechava na torre do castelo. Preparam-se os soldados para o resgate das freiras (que ao que parecia não queriam ser resgatadas). Armaram-se os pauliteiros com bestas, mas os castelhanos estavam mais interessados nas freiras e numa pipa de vinho (que era a sua perdição). Resgatadas as freiras, já não muito castas, armou-se um baile com os Pauliteiros.
Quase sem deixar respirar o público, as Lérias – Associação Cultural e a Caramonico, de Palaçoulo, apresentaram uma encenação, Caça ao Trasgo, que culminou com uma dança em que os tradicionais paus dos pauliteiros foram substituídos por verdadeiras espadas. O bater violento do metal ao ritmo da dança dos pauliteiros causava arrepios na assistência e causou também alguns ferimentos nos valentes bailadores. Dança, música, fogo e a virilidade dos jovens executantes cativaram o público que os aplaudiu com muito entusiasmo.
Depois de mais algumas danças medievais executadas por um grupo vindo de Óbidos, subiu ao palco para abrilhantar o resto da noite o grupo Galandum Galundaina. Tocaram algumas músicas do seu último álbum, lançado recentemente. Este grupo, formado por filhos da terra, é o mais conhecido e internacional grupo do Planalto Mirandês. Marcam presença em festivais de música tradicional pelo mundo inteiro, mas é em Miranda que se sentem em casa.
Perto da meia-noite regressei a casa. Não queria perder as actividades do dia 30 e tinha que descansar de um sábado intenso, com tantas cores, sons e sabores que os sentidos tiveram dificuldade em processar.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Miranda do Douro a 6/16/2010 12:24:00 AM
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5210 Miranda do Douro,
Miranda do Douro
[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] À Descoberta de Mogo de Malta (2ª parte)
Continuação de: À Descoberta de Mogo de Malta (1ª parte)
Já de automóvel, continuei a subir a rua e segui pela esquerda em direcção ao antigo campo de futebol, onde ainda joguei algumas vezes. Surpreendeu-me a grande quantidade e dimensão dos castanheiros que ainda é possível encontrar. Esta saída do núcleo habitacional destinava-se a visitar umas antigas alminhas, conhecidas como as alminhas da Fraga do Medo. Dada a proximidade a um marco geodésico, não me foi difícil encontrá-las. Há naturais que ainda se recordam de aí existir um retábulo de madeira representando o purgatório. Hoje apenas se notam três buracos abertos na rocha, talvez destinados a prender o dito retábulo. Não me foi confirmado por ninguém, mas é possível que também tenha existido uma cruz em madeira sobre a rocha.
Estes monumentos às Almas do Purgatório foram erguidos nos caminhos e à entrada das localidades. Entre a fraga onde se encontram estas alminhas e a que serve de base ao marco geodésico (785 metros de altitude) passa um caminho que, desde tempos imemoriais, liga Freixiel a Mogo de Malta. Já em tempos recentes, era utilizado pelos habitantes de Freixiel para se deslocarem às feiras a Carrazeda de Ansiães. Este local, com uma fraga larga e solarenga foi utilizado no passado para brincadeiras de crianças ou para encontros amorosos nas tardes de Domingo, até para bailaricos! Com a edificação do santuário, este passou a ser o local de encontro. Também era desta fraga que as pessoas se concentravam para apreciar o fogo-de-artifício lançado no Cabeço, na festa de Nossa Senhora da Assunção nas noites de 15 de Agosto. Nada fornece indicação a respeito do nome, "Fraga do Medo", nem sequer o tamanho das ditas fragas, que, mesmo antes de serem em parte cortadas para a construção civil, não deviam apresentar um tamanho medonho. Arrisco uma explicação: sendo um caminho com alguma circulação de pessoas, que, neste local, passa entre dois conjuntos de rochas graníticas, a poucas centenas de metros da aldeia, seria um bom local para salteadores e malfeitores esperarem e surpreenderem os viajantes.
A etapa seguinte foi o moinho de vento e a calçada. Contrariamente ao que alguns moradores já me tinham afirmado, o moinho movido a vento funcionou mesmo, fazendo a farinha necessária para o fabrico próprio de pão. Estruturas semelhantes existem em Carrazeda de Ansiães, Vilarinho da Castanheira e Lousa.
Terão também existido pelo menos dois moinhos movidos a água.
De junto do moinho de vento parte a Calçada de Mogo de Malta. A sua cronologia é indeterminada. Destinava-se a proporcionar o acesso a terrenos agrícolas numa zona de forte inclinação e com enormes rochedos. Talvez se prolongasse até Freixiel, seguindo para Vila Flor ou apenas chegasse junto da Ribeira da Cabreira. Há residentes que se recordam se não da construção, pelo menos de obras de recuperação, dado que todos os recantos eram cultivados e havia boas hortas com água para rega.
É muito agradável fazer o percurso da calçada. São aproximadamente 600 metros, com troços muito bem conservados e com uma vista lindíssima para o Vale da Cabreira que pode ser admirado em toda a sua extensão. Na encosta em frente distinguem-se algumas construções encaixadas nas fragas, fazem parte da Quinta do Pobre. Quase consegui ver as laranjeiras carregadas de frutos douradas, que rodeiam o poço onde o senhor Manuel pendurava a pão, à falta de frigorífico.
Não muito longe da calçada, situa-se a Santuário de Nossa Senhora dos Saúde. É o local ideal para apreciar a aldeia e também toda a paisagem em redor, desde o alto da Senhora da Graça, em Samorinha, até ao cabeço de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas. O interior da capela é muito simples. Não há qualquer elemento decorativo, simplesmente as imagens de Nossa Senhora da Saúde e de Jesus crucificado. Junto à porta lateral uma placa lembra a curta história deste espaço. A primeira pedra para a construção da capela foi lançada em 19-07-1954 e a inauguração aconteceu em 17-04-1955. Coincidência, há exactamente 55 anos!
Neste local, no último fim-de-semana do mês de Julho, realiza-se grandiosas festas. Das muitas vezes que estive presente nestas festas, recordo alguns anos em que os andores eram decorados com sementes germinadas e com aparas de madeira, vindas das várias tanoarias que ainda existem nos dois Mogos. Esta prática parece ter-se perdido.
Se não fosse a instabilidade climatérica teria ficado mais tempo neste local tranquilo e inspirador, mas dirigi-me para o Museu Etnográfico. Fiquei admirado com a quantidade e riqueza do acervo. Os objectos estão cuidadosamente agrupados, formando pequenos núcleos, facilmente identificáveis. Podemos encontrar a sala de aulas, a cozinha, o quarto e um vasto conjunto de alfaias agrícolas e de carpintaria. É digno de ser visitado!
Para terminar a minha visita à freguesia de Mogo de Malta dirigi-me ao lar de idosos. Os utentes desta instituição são vinte e dois, quase todos mulheres. As instalações são espaçosas e estão meticulosamente limpas. Sentei-me durante algum tempo na sala de convívio. Acharam piada, alguém interessar-se pelo passado. Conversei demoradamente com Manuel dos Anjos (mais de 90 anos de idade), mas muito lúcido, que me falou do Mogo da sua juventude. É preciso ouvir os idosos, eles têm muito para nos contar e nada voltará a ser como antes.
A última paragem foi no café da praça. Mais um espaço de convívio, de conversa, de descoberta da particularidade da vida das pessoas. Basta saber ouvir. Regressei a casa já de noite. Uma freguesia tão pequena, que nem sequer tem eleitores suficientes para eleger uma Assembleia de Freguesia, tendo que funcionar em plenário de cidadãos, tem tanto para mostrar a quem a queira visitar!
Publicado no jornal "O Pombal", em Maio de 2010.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 6/13/2010 03:41:00 AM
Já de automóvel, continuei a subir a rua e segui pela esquerda em direcção ao antigo campo de futebol, onde ainda joguei algumas vezes. Surpreendeu-me a grande quantidade e dimensão dos castanheiros que ainda é possível encontrar. Esta saída do núcleo habitacional destinava-se a visitar umas antigas alminhas, conhecidas como as alminhas da Fraga do Medo. Dada a proximidade a um marco geodésico, não me foi difícil encontrá-las. Há naturais que ainda se recordam de aí existir um retábulo de madeira representando o purgatório. Hoje apenas se notam três buracos abertos na rocha, talvez destinados a prender o dito retábulo. Não me foi confirmado por ninguém, mas é possível que também tenha existido uma cruz em madeira sobre a rocha.
Estes monumentos às Almas do Purgatório foram erguidos nos caminhos e à entrada das localidades. Entre a fraga onde se encontram estas alminhas e a que serve de base ao marco geodésico (785 metros de altitude) passa um caminho que, desde tempos imemoriais, liga Freixiel a Mogo de Malta. Já em tempos recentes, era utilizado pelos habitantes de Freixiel para se deslocarem às feiras a Carrazeda de Ansiães. Este local, com uma fraga larga e solarenga foi utilizado no passado para brincadeiras de crianças ou para encontros amorosos nas tardes de Domingo, até para bailaricos! Com a edificação do santuário, este passou a ser o local de encontro. Também era desta fraga que as pessoas se concentravam para apreciar o fogo-de-artifício lançado no Cabeço, na festa de Nossa Senhora da Assunção nas noites de 15 de Agosto. Nada fornece indicação a respeito do nome, "Fraga do Medo", nem sequer o tamanho das ditas fragas, que, mesmo antes de serem em parte cortadas para a construção civil, não deviam apresentar um tamanho medonho. Arrisco uma explicação: sendo um caminho com alguma circulação de pessoas, que, neste local, passa entre dois conjuntos de rochas graníticas, a poucas centenas de metros da aldeia, seria um bom local para salteadores e malfeitores esperarem e surpreenderem os viajantes.
A etapa seguinte foi o moinho de vento e a calçada. Contrariamente ao que alguns moradores já me tinham afirmado, o moinho movido a vento funcionou mesmo, fazendo a farinha necessária para o fabrico próprio de pão. Estruturas semelhantes existem em Carrazeda de Ansiães, Vilarinho da Castanheira e Lousa.
Terão também existido pelo menos dois moinhos movidos a água.
De junto do moinho de vento parte a Calçada de Mogo de Malta. A sua cronologia é indeterminada. Destinava-se a proporcionar o acesso a terrenos agrícolas numa zona de forte inclinação e com enormes rochedos. Talvez se prolongasse até Freixiel, seguindo para Vila Flor ou apenas chegasse junto da Ribeira da Cabreira. Há residentes que se recordam se não da construção, pelo menos de obras de recuperação, dado que todos os recantos eram cultivados e havia boas hortas com água para rega.
É muito agradável fazer o percurso da calçada. São aproximadamente 600 metros, com troços muito bem conservados e com uma vista lindíssima para o Vale da Cabreira que pode ser admirado em toda a sua extensão. Na encosta em frente distinguem-se algumas construções encaixadas nas fragas, fazem parte da Quinta do Pobre. Quase consegui ver as laranjeiras carregadas de frutos douradas, que rodeiam o poço onde o senhor Manuel pendurava a pão, à falta de frigorífico.
Não muito longe da calçada, situa-se a Santuário de Nossa Senhora dos Saúde. É o local ideal para apreciar a aldeia e também toda a paisagem em redor, desde o alto da Senhora da Graça, em Samorinha, até ao cabeço de Nossa Senhora da Assunção, em Vilas Boas. O interior da capela é muito simples. Não há qualquer elemento decorativo, simplesmente as imagens de Nossa Senhora da Saúde e de Jesus crucificado. Junto à porta lateral uma placa lembra a curta história deste espaço. A primeira pedra para a construção da capela foi lançada em 19-07-1954 e a inauguração aconteceu em 17-04-1955. Coincidência, há exactamente 55 anos!
Neste local, no último fim-de-semana do mês de Julho, realiza-se grandiosas festas. Das muitas vezes que estive presente nestas festas, recordo alguns anos em que os andores eram decorados com sementes germinadas e com aparas de madeira, vindas das várias tanoarias que ainda existem nos dois Mogos. Esta prática parece ter-se perdido.
Se não fosse a instabilidade climatérica teria ficado mais tempo neste local tranquilo e inspirador, mas dirigi-me para o Museu Etnográfico. Fiquei admirado com a quantidade e riqueza do acervo. Os objectos estão cuidadosamente agrupados, formando pequenos núcleos, facilmente identificáveis. Podemos encontrar a sala de aulas, a cozinha, o quarto e um vasto conjunto de alfaias agrícolas e de carpintaria. É digno de ser visitado!
Para terminar a minha visita à freguesia de Mogo de Malta dirigi-me ao lar de idosos. Os utentes desta instituição são vinte e dois, quase todos mulheres. As instalações são espaçosas e estão meticulosamente limpas. Sentei-me durante algum tempo na sala de convívio. Acharam piada, alguém interessar-se pelo passado. Conversei demoradamente com Manuel dos Anjos (mais de 90 anos de idade), mas muito lúcido, que me falou do Mogo da sua juventude. É preciso ouvir os idosos, eles têm muito para nos contar e nada voltará a ser como antes.
A última paragem foi no café da praça. Mais um espaço de convívio, de conversa, de descoberta da particularidade da vida das pessoas. Basta saber ouvir. Regressei a casa já de noite. Uma freguesia tão pequena, que nem sequer tem eleitores suficientes para eleger uma Assembleia de Freguesia, tendo que funcionar em plenário de cidadãos, tem tanto para mostrar a quem a queira visitar!
Publicado no jornal "O Pombal", em Maio de 2010.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 6/13/2010 03:41:00 AM
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5140 Carrazeda de Ansiães
[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] À Descoberta de Mogo de Malta (1ª parte)
São muitos os que, como eu, passam dezenas, centenas de vezes pela Estrada Nacional 214, atravessando Mogo de Ansiães, sem fazerem um pequeno desvio para conhecer a freguesia de Mogo de Malta. No dia 17 de Abril decidi quebrar esta rotina e segui directamente para Mogo de Malta, na tentativa de visitar os seus pontos de interesse, falar com os seus habitantes e Descobrir um pouco da sua história e das suas belezas.
A ideia de existirem dois Mogos, lado a lado, mas integrando freguesias diferentes, sempre me intrigou. Esse era um dos desafios que pretendia desvendar. A minha preocupação quando deixei a estrada nacional e segui pela rua Dr. João Trigo Moutinho foi a de tentar descobrir quando entraria no termo de Mogo de Malta. Imaginei que a linha divisória deveria estar muito próxima do primeiro ponto onde parei o carro, mas não encontrei ninguém que me ajudasse a esclarecer o enigma.
Continuei pela mesma rua até encontrar umas Alminhas que motivaram mais uma paragem e as primeiras fotografias. Estas alminhas já têm um painel de azulejo monocromático representando o purgatório de onde se ergue uma cruz com Cristo crucificado. Este painel deve ter sido colocado uma época bastante posterior à edificação das alminhas que devem ter tido, numa primeira fase, um painel em madeira, embutido no mesmo lugar onde está o azulejo. Perto destas alminhas é possível encontrar, também na berma da estrada, uma fonte muito antiga, a que se tem acesso descendo por estreitas escadas em pedra. É conhecida pelo nome de Fonte da Mina.
outro caminho, este mais largo, que permitia o acesso a vários terrenos. Continuei por ele, desta vez em direcção à Escola Primária. O caminho largo terminou de repente e continuei por outro carreiro com cerca de meio metro de largura, com parede de um lado e do outro, que me levou à Av. Santa Catarina. De carro nunca me teria apercebido destes caminhos que me permitiram ver Mogo de Malta de uma nova perspectiva. Já na avenida, próximo da Junta de Freguesia, segui à procura de evidências da delimitação da mesma. Recordei um documento de 1859 que dizia que os dois Mogos estavam à distância de 100 metros um do outro, com a igreja de Santa Catarina a meio. Parei perto da Eira da Santa. Alguns residentes mostraram-me, perto da igreja, uma cruz encarnada pintada na estrada, marco actual da longínqua história destes povoados. E foi ao ver esta cruz que a minha memória voou pelo Vale da Cabreira, passou sobre o Pé-de-Cabrito, formação rochosa das mais curiosas que existem no concelho, e continuou em direcção a Folgares, seguindo para Pereiros, até ao Rio Tua. É nesta linha divisória que reside o verdadeiro significado da designação "de Malta". Os concelhos primitivos de Ansiães e Santa Cruz da Vilariça deram lugar a outros, como por exemplo ao de Freixiel e ao de Vilarinho da Castanheira. Mogo de Malta tem a sua história ligada ao concelho de Freixiel, criado no séc. XII. Já anteriormente, D. Teresa, casada com D. Henrique de Borgonha, tinha doado Freixiel à Ordem de S. João de Jerusalém, também conhecidos por Hospitalários ou simplesmente Ordem de Malta. No momento da criação do concelho de Freixiel, Mogo, juntamente com Pereiros (e Codeçais), ficaram a pertencer-lhe. É possível que muitas das marcações ainda existentes sejam já dessa altura, mas outras foram feitas de novo ou avivadas em 1728. Desde Alagoa, passando junto à Igreja de Santa Catarina, continuando pelo Pé-de-Cabrito, seguindo depois a estrada para Folgares, descendo por Vale Covo, etc. é possível encontrar um vasto conjunto de cruzes gravadas nas rochas que delimitavam o território administrado pela Ordem de Malta em relação ao de Ansiães.
Actualmente há histórias bem curiosas sobre as casas situadas nesta zona de separação entre os dois Mogos: diz-se que há quem coma num Mogo e vá dormir a outro, mesmo sem sair de casa!
A igreja de Santa Catarina estava ali perto por isso decidi visitá-la. Eis o que dela se dizia em 1758: "O orago é de Santa Catarina, tem três altares estando a Santa no do meio. Não tem o Santíssimo Sacramento. No altar da parte Sul está a Senhora do Rosário e no do Norte está um Santo Cristo que não haverá três anos, pouco mais ou menos, que dizem que faz milagres". Já em 1766 dizia-se: " a igreja tinha de nascente a poente e de comprimento sete varas e meia e de largo quatro varas e meia, estando a ser acabada de novo, com sacristia nova e capela-mor. O altar-mor, sem sacrário, onde está a imagem da padroeira, Santa Catarina, que está muito velha, tem dois altares colaterais, com a imagem de nossa senhora do rosário e no outro o Senhor crucificado".
A igreja forma com o adro, o cemitério e uma pequena capela que ostenta, na porta em ferro forjado, as iniciais ATM e a era de 1898, um conjunto muito agradável à vista, com o granito à mostra. A nascente, nas traseiras da igreja, está em construção um novo edifício, igualmente em granito, que poderá ser uma estrutura de apoio.
Quando se entra não se pode deixar de reparar que é um templo pequeno, mas bonito e muito bem cuidado. Quase deu para reconhecer algumas das imagens de que falava o relato do séc. XVIII, mas há novas imagens e os altares estão em muito bom estado de conservação. O que despertou mais a minha atenção foram as bonitas pinturas, recentes, que decoram o tecto da capela-mor.
Saí da igreja e segui pela avenida mais espaçosa da freguesia. Aqui se encontra o edifício da Junta de Freguesia, um campo polidesportivo, a antiga Escola Primária, agora transformada em museu, e a "nova" Escola Primária, já sem a alegria das crianças do 1.ºCiclo mas ainda frequentada por um grupo do Pré-escolar.
Logo a seguir, à esquerda, a Av. Francisco Bernardo conduz ao Centro Social Paroquial de Mogos e ao Santuário de Nossa Senhora da Saúde. À direita há um minimercado e bar. A avenida termina no lugar mais espaçoso da aldeia, a Praça da Ordem de Malta, que agora tem um fontenário no centro. Decidi ir recuperar o carro, que abandonei logo quando cheguei. Para isso virei à direita pela rua Dr. João Trigo Moutinho, mais conhecida como Rua do Cimo do Povo. É nesta rua ladeada de casas humildes, com escadas exteriores em granito e varandas típicas, que se destaca uma casa, quer pelo volume e qualidade de construção, quer pelo jardim anexo. Trata-se da casa da família Pimentel. Nela podemos encontrar duas curiosidades que os habitantes de Mogo de Malta gostam de mostrar: um bonito relógio de sol em granito, encimando um largo portal lateral, também em pedra e o "Mogo". A tradição popular não atribui a palavra Mogo à divisão ou extremo, mas sim a uma cabeça esculpida num bloco de granito que deve ter servido de sustentáculo ao corrimão da escada de entrada. Esta personificação da freguesia é bastante frequente e conheço situações idênticas em Zedes e Pereiros. Não deixa de ser curioso, e ainda não vi isto escrito em lado nenhum, o facto de logo abaixo da cabeça humana se encontrar, também gravada em alto-relevo, a cruz da Ordem de Malta. Este facto vai reforçar ainda mais a simbologia de que aquela cabeça representa realmente um habitante de Mogo de Malta.
João Inácio Teixeira Meneses Pimentel nascido em Mogo de Malta em 1859 foi uma figura ilustre. Engenheiro agrónomo, dirigiu a Estação Transmontana de Fomento Agrícola e foi cavaleiro da Ordem de S. Tiago.
Continua:
À Descoberta de Mogo de Malta (2ª parte)
Fontes históricas: Morais, Cristiano; (1995); Estudos Monográficos Vila Flor - Freixiel
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 6/09/2010 12:15:00 AM
A ideia de existirem dois Mogos, lado a lado, mas integrando freguesias diferentes, sempre me intrigou. Esse era um dos desafios que pretendia desvendar. A minha preocupação quando deixei a estrada nacional e segui pela rua Dr. João Trigo Moutinho foi a de tentar descobrir quando entraria no termo de Mogo de Malta. Imaginei que a linha divisória deveria estar muito próxima do primeiro ponto onde parei o carro, mas não encontrei ninguém que me ajudasse a esclarecer o enigma.
Continuei pela mesma rua até encontrar umas Alminhas que motivaram mais uma paragem e as primeiras fotografias. Estas alminhas já têm um painel de azulejo monocromático representando o purgatório de onde se ergue uma cruz com Cristo crucificado. Este painel deve ter sido colocado uma época bastante posterior à edificação das alminhas que devem ter tido, numa primeira fase, um painel em madeira, embutido no mesmo lugar onde está o azulejo. Perto destas alminhas é possível encontrar, também na berma da estrada, uma fonte muito antiga, a que se tem acesso descendo por estreitas escadas em pedra. É conhecida pelo nome de Fonte da Mina.
Actualmente há histórias bem curiosas sobre as casas situadas nesta zona de separação entre os dois Mogos: diz-se que há quem coma num Mogo e vá dormir a outro, mesmo sem sair de casa!
A igreja de Santa Catarina estava ali perto por isso decidi visitá-la. Eis o que dela se dizia em 1758: "O orago é de Santa Catarina, tem três altares estando a Santa no do meio. Não tem o Santíssimo Sacramento. No altar da parte Sul está a Senhora do Rosário e no do Norte está um Santo Cristo que não haverá três anos, pouco mais ou menos, que dizem que faz milagres". Já em 1766 dizia-se: " a igreja tinha de nascente a poente e de comprimento sete varas e meia e de largo quatro varas e meia, estando a ser acabada de novo, com sacristia nova e capela-mor. O altar-mor, sem sacrário, onde está a imagem da padroeira, Santa Catarina, que está muito velha, tem dois altares colaterais, com a imagem de nossa senhora do rosário e no outro o Senhor crucificado".
A igreja forma com o adro, o cemitério e uma pequena capela que ostenta, na porta em ferro forjado, as iniciais ATM e a era de 1898, um conjunto muito agradável à vista, com o granito à mostra. A nascente, nas traseiras da igreja, está em construção um novo edifício, igualmente em granito, que poderá ser uma estrutura de apoio.
Quando se entra não se pode deixar de reparar que é um templo pequeno, mas bonito e muito bem cuidado. Quase deu para reconhecer algumas das imagens de que falava o relato do séc. XVIII, mas há novas imagens e os altares estão em muito bom estado de conservação. O que despertou mais a minha atenção foram as bonitas pinturas, recentes, que decoram o tecto da capela-mor.
Saí da igreja e segui pela avenida mais espaçosa da freguesia. Aqui se encontra o edifício da Junta de Freguesia, um campo polidesportivo, a antiga Escola Primária, agora transformada em museu, e a "nova" Escola Primária, já sem a alegria das crianças do 1.ºCiclo mas ainda frequentada por um grupo do Pré-escolar.
Logo a seguir, à esquerda, a Av. Francisco Bernardo conduz ao Centro Social Paroquial de Mogos e ao Santuário de Nossa Senhora da Saúde. À direita há um minimercado e bar. A avenida termina no lugar mais espaçoso da aldeia, a Praça da Ordem de Malta, que agora tem um fontenário no centro. Decidi ir recuperar o carro, que abandonei logo quando cheguei. Para isso virei à direita pela rua Dr. João Trigo Moutinho, mais conhecida como Rua do Cimo do Povo. É nesta rua ladeada de casas humildes, com escadas exteriores em granito e varandas típicas, que se destaca uma casa, quer pelo volume e qualidade de construção, quer pelo jardim anexo. Trata-se da casa da família Pimentel. Nela podemos encontrar duas curiosidades que os habitantes de Mogo de Malta gostam de mostrar: um bonito relógio de sol em granito, encimando um largo portal lateral, também em pedra e o "Mogo". A tradição popular não atribui a palavra Mogo à divisão ou extremo, mas sim a uma cabeça esculpida num bloco de granito que deve ter servido de sustentáculo ao corrimão da escada de entrada. Esta personificação da freguesia é bastante frequente e conheço situações idênticas em Zedes e Pereiros. Não deixa de ser curioso, e ainda não vi isto escrito em lado nenhum, o facto de logo abaixo da cabeça humana se encontrar, também gravada em alto-relevo, a cruz da Ordem de Malta. Este facto vai reforçar ainda mais a simbologia de que aquela cabeça representa realmente um habitante de Mogo de Malta.
João Inácio Teixeira Meneses Pimentel nascido em Mogo de Malta em 1859 foi uma figura ilustre. Engenheiro agrónomo, dirigiu a Estação Transmontana de Fomento Agrícola e foi cavaleiro da Ordem de S. Tiago.
Continua:
À Descoberta de Mogo de Malta (2ª parte)
Fontes históricas: Morais, Cristiano; (1995); Estudos Monográficos Vila Flor - Freixiel
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 6/09/2010 12:15:00 AM
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5140 Carrazeda de Ansiães,
Mogo de Malta
[À Descoberta de Mogadouro] À Descoberta do Rio Sabor (II)
Já passou mais de um mês desde a minha caminhada ao longo do rio Sabor, as flores possivelmente já secaram, o caudal diminuiu, mas não quero deixar de partilhar algumas das emoções que senti quando a realizei.
A caminha integrava a um evento mais vasto, de dois dias, organizado pela empresa Javsport, com o nome Passeio ao Sabor Desaparecido. À frente desta empresa de eventos "radicais" está um amigo de Brunhoso, com quem já tinha falado várias vezes de como seria entusiasmante percorrer o Rio Sabor que a EDP e o PS tanto fazem questão de afogar.
Assim, apesar de eu não puder participar no fim de semana do Passeio ao Sabor Desaparecido (já tinha planeado estar no dia 24 de Abril na V Rota da Liberdade em BTT, em Vila Flor), fiz todos os possíveis por poder participar no dia 24 na caminha entre a Ponte de Remondes e Salgueiro/Paradela.
Fui o primeiro a chegar à ponte de Remontes, vindo de Macedo de Cavaleiros. Estava um sol magnifico e não sou capaz de me sentar à sombra e esperar. Comecei a caminhar para montante da ponte, apreciando a vegetação que estava algo de excepcional. Quase todos os participantes na caminhada vieram do Porto, num autocarro que chegou perto da uma da tarde. Antes da caminhada começar todos retemperaram forças.
O grupo era muito heterogéneo, em idades e em condição física. O início foi um dos pontos de maior declive e alguns ressentiram-se imediatamente da dificuldade. Pouco tempo depois, já a meia encosta e com mo grupo bastante partido, entrou-se no ritmo certo que nos levaria ao Salgueiro.
Como conhecedor da região e do local, porque tinha feito o mesmo percurso poucos dias antes, acompanhei alguns dos participantes mostrando-lhes algumas das curiosidades da paisagem e particularidades das espécies florestais. Em cerca de 60 participantes havia pessoas das cidades, habituados aos escritórios, mas também havia transmontanos de nascimento e vivência com quem troquei muitas conversas sobre o puder medicinal e gastronómico de algumas plantas.
Um dos pontos altos da caminhada foi quando mostrei a um bom grupo de pessoas uma área de alguns metros quadrados com muitos pés de orquídeas em flor. Havia muitas mais do que aquelas de que me apercebi na minha primeira passagem pelo local.
O percurso foi sendo feito a passo muito lento, com muitas paragens para esperar pelos mais atrasados.
Pouco depois das quatro da tarde estávamos na Barca, no termo de Brunhoso. A alguns apeteceu-lhe um mergulho nas águas frescas do rio, mas não havia tempo para isso. Depois de algum esforço para subir ao Picão, nova descida desta vez para o Cachão. Eu gostaria que as pessoas fossem mais de vagar, apreciassem a paisagem que tão bem conheço, mas à medida que as horas iam passando e o sol queimando as costas, a preocupação com o caminhar ia-se sobrepondo à beleza dos locais. Nem todos transportavam a água suficiente de que necessitavam e houve necessidade de partilhar e racionalizar a existente. Havia uma pessoa que já transportava um saco cheio de espargos. Estava fascinado com a sua abundância.
Passada a ribeira junto ao Cachão, onde o rio rasga há milénios as rochas mais rijas do xisto, já pouco restava para chegarmos a caminho que nos conduziria ao Salgueiro. Esta parte do percurso era nova para mim, nunca aqui tinha passado.
Tinha ouvido falar num moinho recuperado, que ainda funcionava! Imaginava um moinho como tantos outros, encerrado numa casa em xisto, com um açude a prender as águas que fariam girar com vigor as mós. Não havia casa nenhuma! O moinho é muito rudimentar, mas estava à vista e fez as delícias de todos os fotógrafos (penso que éramos todos os presentes!).
Eram seis da tarde e faltava-nos a parte mais ingrata do percurso. Cerca de 4 quilómetros que nos levariam dos 190 metros de altitude até aos 600 metros. O calor da tarde estava a esvair-se, mas, mesmo assim, foi lenta a subida. Foi preciosa a ajuda de um todo-o-terreno de apoio que forneceu água fresca (até algumas cervejas!) que deu alento para os últimos quilómetros. Depois de chegar ao lugar do Salgueiro, foi necessário esperar que se juntasse toda a gente, o que demorou ainda algum tempo. Aproveitei o compasso de espera para visitar alguns conhecidos, que não esperavam por mim ali.
Já com todo o grupo no autocarro, o mesmo saiu para a Junta de Freguesia de Paradela onde iria ser servido o Jantar. Tinha algumas expectativas quanto à ementa, mas devo dizer que o que nos foi servido as ultrapassou bastante. De entrada havia presunto, azeitonas, chouriço e alheira assada na brasa. Depois foi servido javali estufado com batata cozida acompanhados por uma salada de azedas e conqueiros. Esqueci-me de referir que também foi servido como entrada, pão caseiro, ainda quente, para molhar no azeite. Não provei a iguaria, mas a maior parte dos presentes deliciou-se e compraram de imediato uma boa quantidade de pães para levarem para casa.
Como segundo prato foi servido cabrito assado. Para alguns que não se davam com a carne foram preparados peixinhos do rio com molho de escabeche, mas foram poucos os que se negaram ao javali. Foi de comer e chorar por mais.
Durante do jantar discutimos várias coisas, entre as quais o prometido desenvolvimento com a construção da barragem do Sabor. Havia ideias muito contrárias. Uma coisa ficou clara: se já existisse uma barragem no Sabor, nenhum de nós ali estaria para apreciar aquele vale magnífico.
Na mesa das sobremesas esperavam as melhores iguarias que se produzem por estas terras: queijo, doce de abóbora, arroz-doce, pudim, marmelada e fruta. Esqueci a dieta (por isso não comi o pão molhado no azeite) e provei um pouco de tudo.
Os responsáveis por tão fato e requintado jantar aproveitaram ainda para vender algumas lembranças, pequenos ramos de flores de tecido e espigas de trigo, e desta forma angariar alguns euros para a festa do Verão.
Descemos, depois ao bar para tomarmos um café.
Foi um dia fantástico. A caminhada foi uma delícia para os olhos e o jantar foi memorável para os sentidos. O autocarro conduziu os participantes para Mogadouro, onde iriam pernoitar para se recomporem para nova caminhada no dia seguinte e eu parti para Vila Flor, ao encontro da Rota da Liberdade que juntou e algumas centenas de ciclistas de todo o país.
São dias assim que justificam o porquê de valer a pena de vivermos neste cantinho "atrás do sol posto".
Percurso
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Mogadouro a 6/07/2010 04:33:00 AM
A caminha integrava a um evento mais vasto, de dois dias, organizado pela empresa Javsport, com o nome Passeio ao Sabor Desaparecido. À frente desta empresa de eventos "radicais" está um amigo de Brunhoso, com quem já tinha falado várias vezes de como seria entusiasmante percorrer o Rio Sabor que a EDP e o PS tanto fazem questão de afogar.
Assim, apesar de eu não puder participar no fim de semana do Passeio ao Sabor Desaparecido (já tinha planeado estar no dia 24 de Abril na V Rota da Liberdade em BTT, em Vila Flor), fiz todos os possíveis por poder participar no dia 24 na caminha entre a Ponte de Remondes e Salgueiro/Paradela.
Fui o primeiro a chegar à ponte de Remontes, vindo de Macedo de Cavaleiros. Estava um sol magnifico e não sou capaz de me sentar à sombra e esperar. Comecei a caminhar para montante da ponte, apreciando a vegetação que estava algo de excepcional. Quase todos os participantes na caminhada vieram do Porto, num autocarro que chegou perto da uma da tarde. Antes da caminhada começar todos retemperaram forças.
O grupo era muito heterogéneo, em idades e em condição física. O início foi um dos pontos de maior declive e alguns ressentiram-se imediatamente da dificuldade. Pouco tempo depois, já a meia encosta e com mo grupo bastante partido, entrou-se no ritmo certo que nos levaria ao Salgueiro.
Como conhecedor da região e do local, porque tinha feito o mesmo percurso poucos dias antes, acompanhei alguns dos participantes mostrando-lhes algumas das curiosidades da paisagem e particularidades das espécies florestais. Em cerca de 60 participantes havia pessoas das cidades, habituados aos escritórios, mas também havia transmontanos de nascimento e vivência com quem troquei muitas conversas sobre o puder medicinal e gastronómico de algumas plantas.
Um dos pontos altos da caminhada foi quando mostrei a um bom grupo de pessoas uma área de alguns metros quadrados com muitos pés de orquídeas em flor. Havia muitas mais do que aquelas de que me apercebi na minha primeira passagem pelo local.
O percurso foi sendo feito a passo muito lento, com muitas paragens para esperar pelos mais atrasados.
Pouco depois das quatro da tarde estávamos na Barca, no termo de Brunhoso. A alguns apeteceu-lhe um mergulho nas águas frescas do rio, mas não havia tempo para isso. Depois de algum esforço para subir ao Picão, nova descida desta vez para o Cachão. Eu gostaria que as pessoas fossem mais de vagar, apreciassem a paisagem que tão bem conheço, mas à medida que as horas iam passando e o sol queimando as costas, a preocupação com o caminhar ia-se sobrepondo à beleza dos locais. Nem todos transportavam a água suficiente de que necessitavam e houve necessidade de partilhar e racionalizar a existente. Havia uma pessoa que já transportava um saco cheio de espargos. Estava fascinado com a sua abundância.
Passada a ribeira junto ao Cachão, onde o rio rasga há milénios as rochas mais rijas do xisto, já pouco restava para chegarmos a caminho que nos conduziria ao Salgueiro. Esta parte do percurso era nova para mim, nunca aqui tinha passado.
Tinha ouvido falar num moinho recuperado, que ainda funcionava! Imaginava um moinho como tantos outros, encerrado numa casa em xisto, com um açude a prender as águas que fariam girar com vigor as mós. Não havia casa nenhuma! O moinho é muito rudimentar, mas estava à vista e fez as delícias de todos os fotógrafos (penso que éramos todos os presentes!).
Eram seis da tarde e faltava-nos a parte mais ingrata do percurso. Cerca de 4 quilómetros que nos levariam dos 190 metros de altitude até aos 600 metros. O calor da tarde estava a esvair-se, mas, mesmo assim, foi lenta a subida. Foi preciosa a ajuda de um todo-o-terreno de apoio que forneceu água fresca (até algumas cervejas!) que deu alento para os últimos quilómetros. Depois de chegar ao lugar do Salgueiro, foi necessário esperar que se juntasse toda a gente, o que demorou ainda algum tempo. Aproveitei o compasso de espera para visitar alguns conhecidos, que não esperavam por mim ali.
Já com todo o grupo no autocarro, o mesmo saiu para a Junta de Freguesia de Paradela onde iria ser servido o Jantar. Tinha algumas expectativas quanto à ementa, mas devo dizer que o que nos foi servido as ultrapassou bastante. De entrada havia presunto, azeitonas, chouriço e alheira assada na brasa. Depois foi servido javali estufado com batata cozida acompanhados por uma salada de azedas e conqueiros. Esqueci-me de referir que também foi servido como entrada, pão caseiro, ainda quente, para molhar no azeite. Não provei a iguaria, mas a maior parte dos presentes deliciou-se e compraram de imediato uma boa quantidade de pães para levarem para casa.
Como segundo prato foi servido cabrito assado. Para alguns que não se davam com a carne foram preparados peixinhos do rio com molho de escabeche, mas foram poucos os que se negaram ao javali. Foi de comer e chorar por mais.
Durante do jantar discutimos várias coisas, entre as quais o prometido desenvolvimento com a construção da barragem do Sabor. Havia ideias muito contrárias. Uma coisa ficou clara: se já existisse uma barragem no Sabor, nenhum de nós ali estaria para apreciar aquele vale magnífico.
Na mesa das sobremesas esperavam as melhores iguarias que se produzem por estas terras: queijo, doce de abóbora, arroz-doce, pudim, marmelada e fruta. Esqueci a dieta (por isso não comi o pão molhado no azeite) e provei um pouco de tudo.
Os responsáveis por tão fato e requintado jantar aproveitaram ainda para vender algumas lembranças, pequenos ramos de flores de tecido e espigas de trigo, e desta forma angariar alguns euros para a festa do Verão.
Descemos, depois ao bar para tomarmos um café.
Foi um dia fantástico. A caminhada foi uma delícia para os olhos e o jantar foi memorável para os sentidos. O autocarro conduziu os participantes para Mogadouro, onde iriam pernoitar para se recomporem para nova caminhada no dia seguinte e eu parti para Vila Flor, ao encontro da Rota da Liberdade que juntou e algumas centenas de ciclistas de todo o país.
São dias assim que justificam o porquê de valer a pena de vivermos neste cantinho "atrás do sol posto".
Percurso
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Mogadouro a 6/07/2010 04:33:00 AM
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