sexta-feira, 30 de novembro de 2012

[À Descoberta de Vila Flor] É quase noite

É quase noite. Para os lados de S. Domingos, onde o sol insiste em permanecer, um céu pregueado de finos laivos de ametísta e rubi. Bem quero evadir-me, mas, onde quer que me oculte dou conta de um não sei quê que me persegue e invade a ponto de me anular um abraço. Sei que não me esgoto no que sou. Há cintilações e cicios que também me constituem, que em mim falam mais alto do que o troar do presente, e aos quais é preciso estar atento. Das horas ficam sempre as cinzas, onde as metáforas regressam sem que nenhum vento as arraste para as vastidões do nada.
E não sei porquê (ou talvez saiba) olhando para os lados do Peneireiro, ouço, de novo, a voz ferida da incontida tristeza de Marina Tsvietaieva* afagando as pedras em jeito de arco da Fonte do Olmo, a aconchegarem o fiozinho de água quase a extinguir-se, a desmaterializar-se, quase a revelar-nos o profundo segredo da terra.
Extrato de um artigo escrito por João de Sá, no semanário Terra Quente, em 2005.
Terminou a  exposição patente no Foyer do Centro Cultural de Vila Flor dedicada ao escritor vilafrorense João de Sá. Passei por lá durante a tarde, a jeito de despedida, e na melancolia da tarde dei comigo a imaginar o que pensaria o próprio autor sobre a homenagem que lhe foi feita. Bastou passear os olhos por um dos textos expostos para encontrar nele a alma do autor e compreender que ela não cabe numa exposição, por maior que ela seja. A melhor homenagem que se pode fazer a um autor é ler os seus livros. Acredito que o Dr. João de Sá aconselharia um espaço aberto, dos muitos  tinham especial significado, como o Largo da Igreja, o jardim de Santa Luzia, o Rossio ou Nossa Senhora da Lapa (ou o Frade). Só num lugar assim as palavras ganham asas, tomam forma e transmutam-se na própria vila, nos sons e cheiros dos campos em redor, refletindo-se nos nuvens ou nas fragas e regressando à origem, acalentando o peito, fazendo germinar os sentimentos que nos distinguem dos animais.
A Câmara Municipal cede os livros gratuitamente, só não lê, quem não quer. Entretanto, em continuarei a divulgar pequenos excertos, aqueles que me tocarem mais. As letras não é uma área onde me sinta propriamente à vontade, mas quando elas ganham significado e se convertem em emoções até um completo analfabeto pode gostar.

*Marina Tsvetaeva (1892-1941) - Poetisa russa, que começou a escrever muito jovem e que teve uma vida muito triste e atribulada, vindo a suicidar-se aos 48 anos, em plena II Guerra Mundial, no Tartaristão.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/30/2012 08:19:00 p.m.

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Cores de Outono (III)

 Castanheiros em Mogo de Malta e Zedes.



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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 11/30/2012 01:54:00 a.m.

[À Descoberta de Vila Flor] As cores do Novembro

 Prestes a chegarmos ao fim do mês de novembro vale a pena "olhar para trás" e recordar algumas das imagens com que vivemos o dia-a-dia. às "portas" da Vila as vinhas pintaram-se de uma paleta de cores admiráveis. E não foram só as vinhas, tivemos também as cerejeiras, o sumagre e temos ainda com bastante cor, os castanheiros, mas estes últimos nas zonas mais frias do concelho.
Não faltarão as fotografias do colorida das folhas dos castanheiros, mas hoje ficamos com as vinhas.
Não é fácil captar a subtileza das cores que os nossos olhos observam. Ainda mais difícil é quando no pouco tempo livre que tive o estado do tempo piorou e não me deixou fotografar como/quando eu queria, mas, mesmo assim, vale a pena recordar.



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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/30/2012 01:05:00 a.m.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

[À Descoberta de Vila Flor] Maragoto - Roios

Tenho andado um pouco "afastado" do blogue, por várias razões mas uma tem a ver com um azar que tive com o computador. Comprei uma máquina nova, com um disco de maior capacidade... e não é que se avariou ao fim de mês de uso!... O disco não teve recuperação possível, foi substituído por outro, mas as fotografias de Setembro e Outubro (e algumas de Agosto) perderam-se. Nunca me tinha acontecido nada semelhante e fiquei um pouco abalado e triste.
Uma das reportagens que se perdeu, foi a de uma caminhada que fiz ao marco geodésico do Maragôto, no dia 21 de Outubro. Escaparam duas ou três que tinha postado no Facebook. Não foi a primeira vez que estive no local, creio que foi a terceira, por isso, fotografias do marco geodésico é o que não falta.
Este marco está situado a norte da aldeia de Roios, perto do separação do termo com o de Vale Frechoso. É um dos locais de passagem da maior parte das caminhadas em direção a Benhevai, Trindade, Vale Frechoso e Santa Comba, não propriamente nos rochedos onde está o marco, mas nos caminhos que contornam o  morro.
O acesso não é difícil, um carro ligeiro pode ir até muito próximo, partindo da estrada N214 para a Quinta do Galego. Daí até ao cume dos rochedos não é muita distância, mas não há propriamente um caminho.
Saí de Vila Flor pela rua do Carriço. Atravessar a Serra é sempre uma emoção. As cores outonais estavam por todo o lado e os sabores também, porque uma uva rebuscada na vinha tem um sabor muito superior ao que tinham em tempos de abundância. Este ano há poucos medronhos, mas os medronheiros são abundantes no Facho.
Onde me entusiasmei mais foi no percurso que sobe de Roios até à Quinta do Galego, acompanhando de perto o curso de um ribeiro. Milhares de flores (crocus) despontavam nos lameiros. Também procurei alguns rocos, mas a busca foi infrutífera.
No alto dos rochedos há vestígios de uma atalaia. Nas minhas primeiras visitas ao local fiquei desconfiado, mas agora tenho a certeza. No Portal de Arqueologia pode ler-se o seguinte: "Possível atalaia, localizada no topo de um cabeço isolado e dominante na paisagem. O topo do cabeço estende-se de Noroeste para Sudeste. A extremidade Sudeste é uma pequena plataforma elevada, com dois afloramentos quartzíticos destacados, num dos quais se encontra um marco geodésico. Existem duas zonas de acesso para esta plataforma, e em ambas se encontra o derrube de uma estrutura, presumivelmente uma muralha. Não se encontraram materiais de superfície, e não parece haver evidências da existência de um povoado. Tendo em conta a exiguidade do espaço da plataforma muralhada e a implantação estratégica do local, supomos que este sítio se trate de uma pequena atalaia fortificada, provavelmente medieval."
O marco geodésico está parcialmente destruído. Há muito que deve ter sido abandonado, porque muitos foram recuperados e este não. A paisagem que se avista em direção ao vale da Vilariça, passando por Alfândega da Fé, até Mogadouro, já vale a pena escalar o local. Para Norte apenas se vislumbra o aponta do cabeços da Senhora da Assunção e outros circundantes. Também é o melhor local para ver Vale Frechoso.
Alguém limpou um zimbro e colocou nele a bandeira nacional! Deve ter sido há algum tempo porque o tecido da bandeira já se desfez.
Foi já quando me dirigia para a estrada, onde me foram buscar, que encontrei uma "vaquinha" no tronco de um castanheiro! Foi a primeira que encontrei e fiquei bastante contente.
O percurso, linear, desde Vila Flor, passando por Roios, pelo marco geodésico e terminando na estrada nacional, tem aproximadamente 8 km. Será para repetir mais tarde, fiquei com muita pena das fotografias que perdi.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/26/2012 11:42:00 p.m.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

[À Descoberta de Alfândega da Fé] Igreja Matriz de Alfândega da Fé

Descrição - Planta longitudinal composta de nave e capela-mor, mais estreita e mais alta, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular, sacristia e anexo rectangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, a da capela-mor mais alta, de uma água nos anexos e de quatro na torre, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a igreja com embasamento de cantaria, à excepção da fachada principal e da torre sineira que é em cantaria aparente, terminadas em cornija e com cunhais coroados por pináculos piramidais sobre acrotério. Fachada principal virada a O., terminada em empena, com cunhais apilastrados e rasgada por portal de verga recta moldurada encimado por óculo amplo, com moldura, exteriormente decorada com bosantes. Torre sineira de cunhais igualmente apilastrados, coroados por pináculos semelhantes, e de dois registos, o inferior frontalmente rasgado por vão rectilíneo e o segundo, em cada uma das faces por sineira em arco de volta perfeita albergando sino; a sineira lateral direita foi parcialmente entaipada para colocar relógio circular; sobre a cobertura da torre surge cruz latina em ferro. Fachada lateral percorrida pelos anexos, rasgados a O. por vão rectangular moldurado, e a N. por duas portas de verga recta, duas amplas janelas rectangulares e quatro outras pequenas, jacentes. Na fachada lateral direita a nave é rasgada por quatro janelas rectilíneas, molduradas e por porta travessa de verga recta com moldura encimada por espaldar recortado, delimitado por elementos volutados, decorado por coração inflamado e encimado por cruz latina de cantaria relevada; a capela-mor é rasgada por janela semelhante. Fachada posterior terminada em empena, coroada por cruz latina e rasgada por óculo circular moldurado e anexo cego e terminado em meio empena.
Cronologia - Séc. 17 - provável construção do edifício; 
1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa, era uma abadia do padroado real, com rendimento de 800$000, dos quais usufruia o Marquês de Távora, e paga 60$000 de pensão à Capela Real e pertencia ao arcebispado de Braga; a abadia recebia os dízimos da igreja de Vilar-Chão, termo de Castro Vicente; a povoação tem 150 vizinhos; 
1758 - nas Memórias Paroquiais, é referido que a igreja tem três naves e cinco altares de talha; nas imediações, situa-se a residência paroquial; 
1882 - a paróquia passa a estar subordinada ao bispado de Bragança; 
2004, Abril - encerramento da igreja por risco de derrocada da viga central da capela-mor, passando as funções religiosas para o Centro Cultural de Alfândega da Fé.

Fonte do texto SIPA


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Publicada por Blogger em À Descoberta de Alfândega da Fé a 11/21/2012 05:50:00 p.m.

[À Descoberta de Vila Flor] Vila Flor

 Nas capelinhas, no dia 21 de Novembro de 2012.



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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/22/2012 12:36:00 a.m.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

[À Descoberta de Miranda do Douro] Fonte do Concelho - Ifanes


Fonte com tanque de planta rectangular e cobertura de lajes em 2 águas. Cornija saliente e moldurada a toda a volta. No interior do tanque, coberto por estrutura em abóbada de berço, a toda a sua largura, escada com 5 degraus. A fonte abre-se para um recinto quadrado com pavimento lajeado, rebaixado, com acesso lateral feito por três degraus, ou por cinco no enfiamento frontal.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Miranda do Douro a 11/21/2012 10:07:00 p.m.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Apresentação pública do livro OS ISIDROS

Decorreu no pretérito dia 3 de novembro, na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo, a apresentação pública do livro OS ISIDROS – A epopeia de uma família de cristãos-novos de Torre de Moncorvo. Tratou-se de uma sessão com elevada presença das gentes residentes naquela prestigiada vila transmontana.
A sessão foi aberta com  presença do Exm.º Presidente  do Município, Eng. Aires Ferreira. A sua intervenção foi marcada pela  preocupação  que sempre houve em preservar este espólio cultural, gastronómico e urbanístico, que é de todos, que importa preservar e que, felizmente,  na sua essência se mantém inalterado.
 A apresentação propriamente dita  esteve  a cargo dos próprios autores, delineando cada um deles uma visão distinta da obra e,  por essa  razão, muito contribuiu para enriquecimento da mesma.  De um lado a coautora a apresentá-la com a minúcia que a ciência exige, a povoar as ruas com as figuras da época, por outro, o coautor, residente na vila, que conhece como ninguém os lugares, a delinear um "roteiro cultural temático", com base nas fotografias que integram a obra, apelidado de Rota dos Judeus em Torre de Moncorvo e que pode muito bem ser a génese um produto turístico para a Vila.
A sessão terminou com a tradicional sessão de autógrafos, seguido de  um Porto de Honra gentilmente oferecido pelo Município a todos aqueles que quiseram marcar presença na Biblioteca Municipal para descobrir  muito da sua identidade cultural e, provavelmente,  até genética.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 11/07/2012 02:30:00 p.m.

[À Descoberta de Vila Flor] João de Sá

 Faz hoje 84 anos que nasceu, em Vila Flor, João Baptista de Sá. Com pouco mais de 20 anos mudou a sua vida para a capital, onde ficou até à sua morte, ocorrida a 23 de Fevereiro de corrente ano. Ausente fisicamente da sua terra, o seu coração sempre aqui esteve e as suas mais sentidas palavras, em prosa ou em verso, foram dedicados ao seu torrão natal. A sua escrita é apaixonada, cheia de emoção, doce, atenta às coisas simples, dedicada a pessoas comuns, reinventando uma época e uma Vila repleta de sentimentos, lugares, cores e sons, que mesmo quem não a conheceu consegue sentir e viver aos desfolhar cada um dos seus livros.
Em 1989 numa das cartas que escreveu a seu tio Raul de Sá Coreia manifestava a vontade em adquirir um espaço no cemitério de Vila Flor, para aqui repousar após a sua morte. "Por aqui há muito barulho, não se "dorme" descansado", dizia ele. Nós últimos anos da sua vida houve algumas mudanças a este respeito, mas a vontade de regressar manteve-se. Isto porque há um lugar onde a "luz agita a manhã incendiando estevas e carquejas, urzes e arçãs, bela-luz e alfazemas". Um lugar onde é difícil "estabelecer uma linha demarcatória entre a matéria e o espírito, como se de repente se rasgassem campos magnéticos de infindáveis surpresas e tudo se fundisse numa liga de extrema perfeição".
Ao aproximar-se o aniversário do seu nascimento a Câmara Municipal decidiu homenageá-lo com um conjunto de atividades que se iniciaram no dia 1 de Novembro.
Às 15 horas foi aberta a Exposição sobre a Vida e Obra do Autor, exposição que se vai manter no  foyer do Centro Cultural até ao dia 30 de Novembro. Durante a tarde aconteceram alguns momentos musicais protagonizados por jovens músicos locais. Às dezasseis horas o grupo Filandorra - Teatro Nordeste apresentou a Elegia a João de Sá, onde foram dramatizados contos, declamados poemas e apresentada uma foto-biografia do autor.
Além do grupo de atores participaram também nesta Elegia o Sr. Rogério Fernandes, a Sr. Isabel Machado, a Dr.ª Gracinda Peixoto e a atriz Cecília Guimarães.
Para terminar, e após usarem da palavra uma neta de João de Sá e o Sr. Presidente da Câmara de Vila Flor, amigo pessoal do escritor, foi lançada a segunda edição do livro "Flores para Vila Flor", que teve a primeira edição da pela Câmara Municipal em 1996.
Se o escritor João de Sá estivesse presente certamente diria que não merecia tal homenagem. Quase garantidamente diria que não fez mais do que a sua obrigação, que Vila Flor merece muito mais e que a sua escrita não é assim tão bela e importante. O que tenho mesmo a certeza é que ficaria imensamente contente com a reedição do seu livro, porque ele sabia que a sua escrita quando lida ganha forma, prolongando a sua própria vida.
Fiz questão de estar presente, até com algum sacrifício. Quando foi lançado o livro Cantos da Montanha não pude estar presente. Passados poucos dias fui surpreendido com um embrulho na caixa do correio, lá estava o livro! Na dedicatória lê-se "não experimentei o júbilo de o ver no lançamento dos meus livros"! Percebi o quanto os livros eram importantes para João de Sá.
O livro Flores para Vila Flor é um livro de poemas, todos sonetos (dois quartetos e dois tercetos). Embora esta forma, muito estruturada, não seja do agrado de toda a gente, é, talvez pela altura em que foi escrito, mais acessível, com linguagem mais clara, transparente e concreta. Nas suas últimas obras, o próprio autor o reconhecia, a escrita era mais elaborada, complexa e por vezes sombria.
Já publiquei vários dos sonetos que integram o livro e outros serão publicados com algum intervalo de tempo entre eles. Deixo no final deste texto uma ligação direta para cada um deles. Também criei, na margem direita do Blogue uma etiqueta própria - João de Sá - que faz uma listagem automática de todos os textos e poemas deste autor que fui publicando ao longo de 6 anos (ainda não está 100% funcional).
Livros publicados:
- Flores para Vila Flor (1996);
- Um caminho entre as oliveiras (1997);
- Mãe-d'Água. Ficções e memórias (2003);
- Assalto a uma cidade feliz (2006);
- Vila à flor dos montes (2008);
- Vozes além da fala (2008, edição do autor);
- E de repente é noite (2009, edição do autor);
- Pelo sinal da terra (2010, edição do autor);
- Cantos da montanha (2010).

Sonetos do livro Flores para Vila Flor já publicados no Blogue:


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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/07/2012 01:39:00 a.m.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

[À Descoberta de Alfândega da Fé] Trilho do Sabor

 Já foi há mais de um ano (Abril de 2011) que fiz a minha primeira caminhada por terras do concelho de Alfândega da Fé. Tenho estado atento, já me preparei para outras caminhadas, mas a minha participação nunca chegou a efetivar-se. Por isso, foi muito bom poder participar, juntamente com um colega de Vila Flor, na caminhada no Trilho do Sabor que aconteceu no dia 28 de Outubro de 2012.
O nome é sugestivo: Trilho do Sabor. O nome sugeria-me Santo Antão da Barca, Picões, Ferradosa, Cabreira ... confesso que ainda não tenho uma visão mental do concelho. Quando soube que a caminhada iria iniciar em Parada e terminaria no Santuário de Santo Antão da Barca, fiquei duplamente contente. Parada é uma aldeia totalmente desconhecida para mim e seria uma boa oportunidade de a conhecer. Quanto ao santuário, há mais de uma década que ando com vontade de lá ir e o tempo para realizar esse desejo começa a escassear.
Às nove da manhã estávamos no Posto de Turismo, local de onde sairia o transporte coletivo com destino a Parada. Os participantes eram poucos, cerca de uma dúzia. Não sei se foi o tempo incerto ou se foi o facto de ser necessário levar merenda para a realização de um piquenique que desmotivou os caminheiros, mas só contam os que aparecem.
Viajámos até ao local de início pela estrada antiga, também pelo passeio. Andam a fazer uma nova ponte na Ribeira do Zacarias! Será que é por causa do nível da água da Barragem do Sabor? A quota deve ser aproximadamente de 200 metros de altitude. Subimos aos 550 metros de altitude onde se situa Parada. Para tristeza minha atravessámos a aldeia nas carrinhas, porque a caminhada e as marcações do trilho iniciam-se na extremidade sul da aldeia, mesmo na periferia. Tenho muita pena que assim seja porque tinha entendido que uma das coisas que se pretendia com os trilhos era dar vida às aldeias, contactar com as pessoas e conhecer as localidades. A igreja também estava ali próxima, mas, para não me separar do grupo, acabei também por não a visitar.
O trilho está classificado como de Pequena Rota, linear, com interesse paisagístico. Tem a extensão de 5, 8 km e a duração prevista de 2 horas. O grau de dificuldade é Fácil.
Todo o percurso é feito a descer, uma vez que se inicia a mais de 500 metros de altitude para terminar junto às águas do rio Sabor.
Altura do ano não é a mais propícia para a observação da flora, nem da fauna, que são elementos que enriquecem este percurso. Não podemos esquecer que a bacia do Sabor é área classificada integrando a Rede Natura 2000 (embora a EDP e políticos locais não queiram saber nada disso).
Parte do percurso é feita perto de terrenos de cultivo. É zona de oliveiras e estas árvores são muito abundantes à saída de Parada, onde encontrámos umas curiosas alminhas. Pouco tempo depois, ainda com a aldeia à vista, encontrámos um moinho. Ainda está bastante conservados com a maior pare das peças colocadas, embora já não funcionais.
A certa altura do percurso, numa zona chamada Prado vimos algumas estruturas estranhas presas nos sobreiros. Depois de muita especulação do que seria chegámos à conclusão que eram esconderijos artificiais para morcegos! Tratava-se possivelmente de algum estudo relacionada com a Barragem.
Avista-se depois a ponte Sardão-Meirinhos, agora integrando o IC5. A vista alargou-se e o peito encheu-se de ar fresco vindo do fundo do vale. O local de destino é avistado a longa distância adivinhando-se o resto do percurso. Surgem zimbros, cornalheiras, estevas, giestas, roselhas e arruda. Pensava encontrar espinheiros e medronheiros, mas não vi rasto deles.
Quando o traçado se aproxima do leito do rio o caminho lá lugar a um estreito trilho, só percorrível a pé. É a zona mais bonita do percurso, ao longo do leito do rio, para jusante. O rio levava pouca água. Era fácil transpo-lo.
Quase sem darmos por isso, chegámos ao destino. Imaginava que no santuário apenas existiria uma pequena capela e um largo espaço aberto, a realidade é um pouco diferente. A capela é bastante grande, voltada para nascente (e para o rio), com um espaçoso adro. Em volta e a algumas centenas de metros há varias casas de habitação e cortes para animais. Há sombras, assadores e muito espaço para estacionamento. Há também uma fonte de mergulho, que ainda tem água.
Não foi possível visitar a capela. A chave já foi entregue à empresa que a vai desmantelar para a montar num espaço que está a ser criado a uma quota superior. Assim, limitei-me a fazer uma série de registos fotográficos em redor, para mais tarde recordar.
O mini-autocarro do Município  já estava no local com os nossos farnéis. Ainda houve quem acendesse um lume e assasse pedaços de cheirosa carne. A bota de vinho que levei rapidamente ficou vazia, mas alguém se lembrou de levar um garrafão!
Estendeu-se o farnel e saborearam-se os "petiscos". Uma simples sandes, ou uma peça de fruta, têm mais sabor quando comidos ao ar livre e após uma caminhada. Mas não faltaram iguarias: azeitonas de Gouveia, queijo da Cardanha, bolos, folar, pão caseiro, panados, marmelada, etc. Sem pressas, com o estado do tempo a ajudar, o momento foi saboreado como deve ser.
 Terminado o repasto descemos ao rio. Foi por curiosidade para vermos a água de perto. Entre lamentos da perda do e expressões de euforia pela chegada do progresso, cada um ficou na sua, porque havia convicções muito diferentes.
De regresso a Alfândega da Fé, já no autocarro, ainda parámos no local para onde vai ser transladada a capela. Há vários espaços terraplanados, mas não deu para adivinhar a localização ou orientação da capela.
As obras estão a avançar a bom ritmo e brevemente o espaço começará a ganhar forma.
Chegámos à vila perto das três da tarde.
A caminhada foi apenas um curto passeio, mas só pela paisagem valeu bem a pena. O convívio entre os participantes e troca de farnéis também foram aspetos muito positivos deste trilho. Claro que em noutras alturas do ano haverá muito mais atrativos em termos de paisagem e de seres vivos, mas cada estação do ano tem a sua beleza própria.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Alfândega da Fé a 11/04/2012 05:25:00 p.m.

domingo, 4 de novembro de 2012

[À Descoberta de Alfândega da Fé] Exposição de Fotografia - Linear.Idades

Exposição de Fotografia - Linear.Idades, de Paulo Tavares Pereira. No centro Cultural de Alfândega da Fé, de 31 de Outubro a 02 de Janeiro de 2013.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Alfândega da Fé a 11/04/2012 04:05:00 a.m.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

[À Descoberta de Vila Flor] Douro

Novembro
também chegou
Podia ser outro

É Outono
Chegou - as parras empalideceram
Pálidas rosa avermelhado
O fumo dolente sobe pelos socalcos
Soprando pelas chaminés
Num bafo surdo
De um desabafo qualquer

Mas
As serras estão sempre aqui
Sempre os socalcos
Sempre as vinhas e olivais
As urzes e os carrascos
Carvalhos e arsãs
Sempre as casas de branco
Sem luto
Sem sombra
Sempre o rio

E as gentes

A gente
Sempre a miragem
De um sonho rasgado
Embutido na outra margem
Sempre a nossa terra
ainda província do outro Portugal

Queria adivinhar
Não sei qual dos segredos
Queria chegar
É-me fácil reconhecer as arsãs
Hoje
E todos os amanhãs


Poema de Manuel M. Escovar Triggo, natural do Vieiro, do livro "Acidentais", publicado em 1987 em Coimbra.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/01/2012 07:30:00 a.m.

[À Descoberta de Vila Flor] e de repente é noite (XLIII)

Pousaram nenúfares na água do teu peito.
Estás na outra margem, onde já não há
memória doutras memórias. Aves nocturnas
procuram decifrar o imprevisível
do teu encontro marcado com o tempo
(que tempo? em que lugar?)
para o destruíres ou ele te destruir.
a que agora acontecesse não viria alterar
a sem-razão de tudo isto.
Seriam pequenas coisas. Tudo insignificante
ao lado da grandeza da morte.
Entanto, partilha comigo, ao menos,
o que de infinito ora visionas.
Que veja pelos teus olhos uma nesga
desse algo que me constrói e destrói,
para que me liberte da loucura.

  Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.

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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 11/01/2012 07:00:00 a.m.