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Presépio em Candoso |
desta noite maior
- rumores de instantes efémeros e vários
a tomarem o tangível
a abstrata noção do infinito.
Desta noite solene e fria.
Longa de mais a tua noite, Senhor!
Longa de mais
para a nossa mística sede
de ser dia!
Do negrume do espaço. Mais distante,
sempre, o sentido de Sagrado.
E as perguntas decisivas que fazemos,
sem respostas que nos pacifiquem.
Mas, nesta noite,
uma gota de grandeza do invisível
escorre
na candeia do barro do visível.
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Presépio no Jardim de Infância de Samões |
em que estás tão próximo de nós
que divinos sinais se anunciam
na nossa humana imperfeição.
Venho pedir-Te pelas crianças
que o tempo tornou homens,
sem terem aconchegado ao peito
a forma colorida de um brinquedo
que não passou do sonho de uma vida inteira.
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Presépio em minha casa |
Pelos que se rebelam
contra a tirania e a opressão,
e, mesmo ofendidos e humilhados,
quebram as algemas e sabem dizer "Não!"
Pelos que erguem palácios
com o supremo esforço da alma e carne em sangue
e, uma vez depostos
o escopro e o cinzel,
acabam por dormir sempre ao relento.
Misericórdia para os loucos,
os famintos, os assolados
de infindável solidão,
a quem voltámos as costas
porque falam uma língua
que fizemos por não compreender.
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Presépio em Carvalho de Egas |
e continuam a jogar
na roleta da vida,
à espera de ganharem madrugadas
ou, simplesmente, um sopro de vento
que imite o mar.
Para os que nada sabem de amor
e fazem da existência
uma ardósia preenchida
com contas de multiplicar,
Sim, clemência também para estes,
Senhor,
porque estão desatentos
e desconhecem as nobres operações de
dividir.
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Presépio no quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Flor |
paz
sem dinheiro sequer
para o bilhete do autocarro,
percorrendo distâncias
que lhes deixam os pés em ferida.
Para os artistas falhados
que passaram o tempo
a contorcer a imaginação criadora,
na vã perseguição
do sulco luminoso de um cometa.
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Presépio em Vila Flor |
que muito quiseram,
fechados para se abrasarem
no mesmo feixe de luz,
e dos quais só ficou
uma lágrima pungente
pousada numa fímbria de aurora
que nunca chegou a ser dia!
Um pedido mais. O último Senhor!
Só tu podes alterar
o ritmo cósmico das estações.
Faz com que o Natal seja em Maio
(jamais em Dezembro!)
para que, em consonância com a terra,
o milagre possa acontecer:
as crianças deixem de ter frio
e as suas mãos solares se elevem
no futuro gesto de colher um fruto!
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Presépio em Valtorno (com mensagem de Natal do Dr. João de Sá (2011)). |
Natal 2011, João de Sá
Poema que o Dr. João de Sá me enviou para o Natal de 2011.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 12/25/2012 02:54:00 p.m.
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