Com o calor que se faz sentir nestes dias é um pouco arrepiante falar das peregrinações realizadas no mês de Dezembro e seguintes, mas foram momentos que merecem a pena ser recordados.
No dia 19 de Dezembro de 2010, Domingo a caminhada foi a Benlhevai, mais concretamente à capela de Nossa Senhora da Esperança. É um lugar onde gosto de ir e que já visitei por várias vezes desde 2007.
O dia estava gélido e no alto da serra do Facho havia muito gente nas árvores. Aliás foi na neste lugar vi durante muitas vezes sinseno, coisa rara de observar na vila. Infelizmente uma das coisas que se pode encontrar também atrás da serra é lixo, espalhado no meio do pinhal, ao longo dos caminhos.
À passagem por Roios foi o encontro com um rebanho de ovelhas e com o seu pastor. Procurar qual o melhor caminho a seguir é uma boa desculpa para meter conversa. É quase certo que quando perguntarmos qual é o melhor caminho, nos vão indicar a estrada. Nos dias de hoje todos procuram o caminho mais rápido porque vivemos numa época em que tudo é vivido à pressa, que não é o que se pretende nestas peregrinações pelo concelho.
Subi perto do marco geodésico do Maragato, sem grande tempo para paragens. Dali avistei Vale Frechoso, mas Benlhevai não se vislumbra. Os ribeiros levavam um caudal considerável e não foi fácil ultrapassa-los nos caminhos, sendo necessário procurar locais mais apropriados, mas com mais silvas.
Chaguei a Vale Frechoso quase a horas da Eucaristia dominical. Depois de um café quentinho num bar, foi surpreendido pelo trabalho realizado na fonte junto à igreja. Conhecia essa fonte de anteriores percursos mas nunca a tinha visto coberta com azulejos. A fonte tem gravado o ano de 1933 mas não tinha grandes atractivos. Foi completamente coberta de azulejos (em azul e branco) que representam cenas rurais. Parece-me que foi beneficiada e é mais um ponto de interesse na aldeia. Pode ser que daqui a 50 anos outros peregrinos venham a falar dela como património histórico...
Chamou-me a atenção a árvore de Natal feita com garrafas plásticas pelas crianças do jardim-de-infância da aldeia. Quando apreciava a obra, apercebi-me que havia movimento no interior da antiga escola primária. Tratava-se de um grupo de jovens, com o seu mestre, que ultimavam algumas peças musicais para apresentação num espectáculo que iria acontecer dali a poucos dias em Vila Flor. Fomos presenteados com uma actuação em primeira mão e ficámos bastante impressionados. Os jovens manejavam as violas e os restantes instrumentos com muita confiança. As vozes também eram agradáveis.
Impelido pelo relógio reiniciei a caminhada em direcção a Benlhevai. Foi a primeira vez que fiz este percurso por caminhos. Mesmo das muitas vezes que por aqui passei em BTT nunca me tinha aventurado nesta direcção. Não segui o caminho planeado mas levou-me na direcção certa. Mais uma vez, ao atingir um ponto mais alto, o gelo e o frio me atormentou com mais intensidade. Benlhevai não estava longe.
Depois de alguns quilómetros por entre pinheiros, sobreiros e castanheiros atingi Benlhevai junto à estrada nacional. Desci ao centro da aldeia por um caminho paralelo ao acesso principal. A capela, destino final da peregrinação, encontra-se fora da aldeia, num pequeno promontório de onde se tem uma bela vista em direcção às casas, mas também em direcção ao vale. Quando saí da aldeia em direcção à capela fiquei espantado! Não se tratava mais de uma capela em ruínas!
Quando estive no local, em Setembro de 2007, tive de romper caminho por entre montes de silvas para fazer algumas fotografias no interior da capela. Quando aí voltei, algum tempo mais tarde, o interior tinha sido limpo e as paredes arranjadas. Agora a capela já tinha telhado, porta e até uma bonita cruz símbolo do sagrado. Está muito bonita.
Fiquei muito satisfeito por verificar que nem tudo se perde. A Junta de Freguesia e a comissão fabriqueira tiveram a sensibilidade para recuperar a capela e foram mais longe: tiveram o bom gosto de não se deixarem levar pela tentação de fazerem bonito descaracterizando o antigo. Fizeram um bom trabalho.
Ao que julgo saber, a capela ainda não foi utilizada depois de realizadas as obras. Estou certo que vai voltar a ser um local de culto e será também um local de muitas recordações para todos os que nela assistiram a muitas celebrações.
O regresso a Vila Flor foi de automóvel. A tarde já se tinha iniciado Há bastante tempo e a vontade ao almoço era enorme.
Foi uma aventura que abriu horizontes e mostrou que é possível fazer caminhadas mais longas e, assim, atingir qualquer ponto do concelho.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Vila Flor a 4/16/2011 11:11:00 AM
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