No dia 10 de junho teve lugar em Amedo a I Festa da Cereja. Nesta aldeia existe uma quantidade apreciável destas árvores de fruto. Há árvores dispersas, mas também alguns pomares de dimensões consideráveis tendo em vista a comercialização.
Embora esta atividade não estivesse prevista, nestes moldes, no programa da Associação Recreativa Desportiva e Cultural de Amedo para 2012, deve ter havia razões para o previsto Passeio Pedestre tenha sido subsistido por esta Festa, mais completa e arrojada. Os últimos meses têm sido férteis em caminhadas no concelho de Carrazeda de Ansiães e o fim de semana de 9 e 10 de junho calharam mesmo bem na época de comercialização da cereja.
A Missa Campal teve início às 8:30 sendo celebrada pelo Sr. Padre Bernardo. Participaram cerca de 60 pessoas, mesmo com condições atmosféricas pouco favoráveis, com ventos fortes e momentos de sol intenso que levaram o sr. Padre a lamentar-se com alguma ironia.
O recinto da escola foi adaptado para a Eucaristia e tudo estava muito bem preparado. O clima ninguém consegue controlar. O Sr. Padre apercebeu-se da chegada dos romeiros (como ele próprio disse) e acelerou as exéquias para não atrasar o programa.
Chegou o autocarro da câmara com um grupo de caminheiros vindos de Carrazeda.
O Percurso Pedestre teve o apoio da Câmara Municipal e com a presença a arqueóloga que enriqueceu o Passeio com os seus conhecimentos especializados. Penso que a autarquia também colaborou na seleção do traçado.
O grupo foi tomando forma e arrancou pouco depois das nove e meia em direção à capela de S. Martinho. Depois da uma curta paragem e ouvida a história da capela, o grupo dirigiu-se para o Campo de Futebol continuando depois em direção à Ponto do Torno, na Ribeira da Regada. Penso que não chegámos a alcançar a ponte, eu pelo menos não me apercebi dela. Foi pena, era um ponto muito interessante.
Iniciámos o regresso à aldeia. Pelo caminho passámos num grande pomar de cerejeiras do sr. Castro onde podemos saborear várias variedades, qual delas a mais saborosa. Houve pessoas que pouco ligaram às cerejas e obrigaram os restantes a seguir caminho, para não atrasarem a caminhada. Esta visita ao pomar foi um dos aspetos mais positivos deste percurso.
Pouco depois estávamos na Igreja Matriz, orago de S. Tiago e que dá gosto visitar. No teto, ao centro do corpo da igreja está pintada uma imagem de Nossa Senhora da Graça. Sempre esperei que a caminhada me levasse à capelinha desta Senhora, mas as opções foram outras. Como também há um nisso com uma imagem da Senhora da Graça, depreendi que tem muitos devotos na aldeia. No teto da capela mor está pintado S. Martinho.
A caminhada continuou pela rua da Oliveira, depois pela rua Camões e pelo Fundo do Povo, afastando-se depois em direção à serra da Reborosa. O sol escaldava mas a beleza da paisagem fazia esquecer qualquer cansaço. Os caminhos que percorrem a serra são de uma beleza rara, acrescida da exuberância de flores de muitas cores que formavam tufos, nas bermas do caminho. Eram muitas as espécies e muita a vontade de parar a fotografar cada uma delas. Só o carro vassoura não me deixava descansado.
O grande grupo foi-se separando em grupos mais pequenos. Só de onde em onde, quando se avistava um pouco mais de caminho, se viam outras pessoas. A árvore mais abundante é o castanheiro, para madeira, e não para a produção de castanha. Como árvores de cultivo havia muitas amendoeiras, oliveiras e cerejeiras que apareciam com muita frequência.
De alguns locais avistava-se bem a aldeia do Amedo e de outros uma grande vastidão de terra, estendendo-se desde Areias e Pombal até ao outro lado do Tua. O olhar perdia-se por aldeias e vales que não consegui identificar.
Pensei que viríamos sair às primeiras casas da aldeia, na Av. dos Maios, mas não. Uma mudança de direção fez-nos entrar na aldeia e chegar ao Gricho. Estávamos de novo no povoado, quase sem dar por isso, tão entusiasmados que seguíamos a olhar a paisagens e a apreciar as espécies vegetais e animais que encontrámos.
Chegámos ao recinto da escola perto do meio dia. Devo dizer que fui o último a chegar, mas não me arrependi do tempo que demorei.
As entradas estavam servidas e foram saboreadas com algum entusiasmo. Parecendo que não, foram cerca de 9 quilómetros de caminhada, o que abriu o apetite. Havia queijo, chouriço, presunto, pão, vinho, sumo e água. O porco, já no ponto, no espeto, não demorou a chegar às mesas, acompanhado por uma salada alface.
As pessoas estavam distribuídas em pequenos grupos, possivelmente familiares ou de amigos. No meu grupo predominavam "caminheiros" de anteriores passeios, vindos de Pombal, Castanheiro, Carrazeda, Linhares, Mogo, Vila Flor, etc.
Perto das duas da tarde fizeram-se ouvir as vozes. Desfilaram canções, a maior parte delas muito conhecidas, que me fizeram viajar no tempo. Muitas eram canções de toda a parte, outras tinham um cunho bem local.
Vai de roda, vai de roda,
Não te encostes à videira,
Ainda sou muito nova,
Para andar na brincadeira.
Ó meu rico S. Tiago,
Meu rico S. Tiaguinho,
No S. Tiago pinta o bago,
E do bago faz-se o vinho.
Ó meu rico S. Tiago,
És o nosso padroeiro,
E nas festas do concelho
Tu és sempre o primeiro.
Tu és sempre o primeiro,
Porque pertences ao Amedo
É uma aldeia bonita
Rodeada de arvoredo.
Além das muitas canções que cantaram descobri, mais tarde, que se recordavam de autênticas relíquias dos anos 50, como esta:
Aí vai Amedo
Meu amor que tanto brilha
A mocidade vai cheia de maravilha
Pela manhã quando sai o sol da aurora
Tua és a terra mais bonita e encantadora.
Aí vai Amedo
Botão de rosa
És a mais linda
E a mais formosa.
Durante a tarde houve tempo para jogos de cartas e de dominó. Jogou-se a malha e até se ensaiaram alguns passos de dança. Em exposição estavam bordados realizados num curso. O valor da venda revertia a favor da Associação. Também se realizou uma pequena quermesse, mas adesão não me pareceu grande.
Havia algumas cerejas à venda. Tratando-se de uma Festa da Cereja esperava mais destaque a esta fruta, por exemplo na sobremesa. Além de não haver muita à venda, pareceu-me que o preço não era muito convidativo, o que fez com que ainda sobrasse. Eu comprei e eram muito boas.
Já perto das seis da tarde chegou o Rancho Folclórico de Carrazeda de Ansiães. Arranjou-se o terreiro para o baile. O grupo de bailadores integra bastantes crianças que já mostram muita desenvoltura nas danças de roda ou outra qualquer.
E foi ao som de folclore que dei por terminada a minha visita ao Amedo. O dia foi longo e cheio de motivos para Descobrir e fotografar. Como em todas as iniciativa, nem tudo foi perfeito, mas só quem nunca tentou organizar uma coisa semelhante é que pode dizer que é fácil.
Estão de parabéns os que se envolveram a organizar e a levar a cabo esta I Festa da Cereja.
Estou convencido que a segunda edição vai ser ainda melhor. Entretanto, já se falava da festa de julho e da realização de uma prova de carrinhos de rolamentos.
É assim que uma aldeia se quer, viva.
Percurso:
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 6/13/2012 08:00:00 AM
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