quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] À Descoberta de Seixo de Ansiães (1/3)

Seixo de Ansiães é uma aldeia (e freguesia) do concelho de Carrazeda de Ansiães que dista aproximadamente 10 km da sede. Situada no extremo sul, o seu termo compreende uma área de bastante altitude exposta e outra mais protegida, na margem do rio Douro.
Os meus contactos com esta aldeia resumem-se à participação nalgumas atividades desportivas (futebol e também atletismo) durante a minha juventude e a um número considerável de passagens pelo centro da aldeia em visitas a Coleja ou à Senhora da Ribeira.
Na aproximação à aldeia, quer vindo de Carrazeda, via Selores, quer vindo por Fontelonga, via Besteiros, surpreende a rusticidade da paisagem, com formações rochosas em quantidades inimagináveis que formam montes íngremes como a Cabeçoita. Os recentes incêndios que dizimaram grande parte da vegetação, composta essencialmente por giestas e pinheiros, contribuíram para esta imagem agreste.
A estrada que dá acesso à aldeia, via Besteiros, permite prolongar a vista pela encosta abaixo, desde o ponto mais alto, onde se situa Vilarinho da Castanheira, até ao ponto mais distante, onde se adivinha o grande rio. Foi neste vale escavado, onde corre o ribeiro da Vila e onde existiram em tempos inúmeros moinhos de água, que dizem que se formou o primeiro povoado que deu origem a Seixo de Ansiães (sem no entanto haver grandes vestígios arqueológicos que comprovem esta teoria). Certo é que existem algumas ruínas de habitações e as pessoas mais velhas ainda têm memória da antiga capela de S. Bartolomeu nesse local. Em meados do séc. XVIII ali se celebrava uma missa no dia de S. Bartolomeu e há pouco mais de 50 anos a capela ainda tinha telhado.
É, também, nestas quotas mais baixas, perto do rio Douro, que aparecem os mais antigos vestígios da presença humana, principalmente do período de influência romana. São inscrições, habitat e minas. Junto à Quinta de Fonte Santa existem ruínas de umas antigas termas que se mantiveram em funcionamento até à segunda metade do séc. XX. Mas foi no interior da aldeia, ou próximo dela, que centrei a minha atenção, na tentativa de ficar a conhecer melhor Seixo de Ansiães.
O melhor lugar para começar um percurso pela aldeia é o largo do Adro. Há espaço par estacionar o carro, sombra e um café por perto, no caso de se querer tomar alguma coisa antes de começar a volta pelas principais ruas.
Ao longo da rua da Fonte podem ser apreciadas as construções típicas, que se podem encontrar em todas as áreas mais antigas da aldeia. O granito é o material mais utilizado e o caminho de acesso à fonte do Valado também é pavimentado com lajes desta rocha. A fonte do Valado é uma fonte arcada, antiga, que ainda hoje é bastante utilizada, quer para a recolha de água para uso doméstico, quer no bebedouro para os animais, quer para a utilização nos tanques anexos, na lavagem manual da roupa.
Voltando à rua da Fonte, várias são as alternativas na tentativa de encontrar os recantos mais caraterísticos e mais antigos. A rua do Forno seria uma boa escolha, outra é continuar pela rua da Fonte em direção ao antigo campo de futebol. No local está um completo polidesportivo, com bancadas e tudo! A aldeia continua a ter um campo de futebol de onze, a curta distância daí, não sei é se ainda tem gente em número suficiente para fazer duas equipas, e com ganas de jogar.
Depois de percorrida a travessa da Cruzinha, com cheiro a pão acabado de cozer, aparece à entrada da rua da Tapada, o cruzeiro com o mesmo nome. Este cruzeiro está neste local há pouco mais de 30 anos, encontrando-se originalmente a algumas dezenas de metros de distância, no caminho velho que ligava o Seixo a Besteiros. Na base do cruzeiro há uma mensagem gravada que mal se lê. Consegui decifrar as palavras "nós que estamos penando". A frase completa é muitas vezes: "Vós que ides passando orai por nós que estamos penando" mas não a consegui confirmar. Pode também ter as iniciais PNAM, que significa "Pai Nosso e Avé Maria". As pessoas que passavam pelo cruzeiro, rezavam um Pai Nosso e uma Avé Maria e depositavam uma moeda no mealheiro, que serviria para mandar rezar missas pelas almas do purgatório.
Continua
À Descoberta de Seixo de Ansiães (2/3)

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Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 2/02/2012 12:00:00 PM

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