segunda-feira, 5 de março de 2012

[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Trilho de Linhares - 04 de Março

A Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães teve a feliz ideia de provocar os seus munícipes para fazerem alguns percursos pedestres, durante os meses de Março, Abril, Maio e Junho. Trata-se de percursos de Pequena Rota, marcados em 2008 e que integram a Rede Municipal de Percursos Pedestres do Concelho de Carrazeda de Ansiães.
Para iniciar este conjunto de 5 percursos foi escolhido o PR1, com a designação de Trilho de Linhares, junto à aldeia de Linhares. O principal motivo de interesse deste percurso é a paisagem, mas também são visitados alguns monumentos representativos da aldeia e até significativos para o concelho.
O local de concentração foi junto à Câmara Municipal. A adesão foi grande, ultrapassando em mais do dobro o número de participantes potencialmente previstos. Houve 80 participantes! Foi necessário o autocarro da autarquia fazer duas viagens, deslocando todos os participantes para a Junta de Freguesia de Linhares, onde foi feita uma pequena receção.
Depois de toda a gente reunida, o sr. Presidente da Junta deu as boas vindas, mostrando-se satisfeito e disponíveis para colaborar neste tipo de eventos. Foi servido um Porto acompanhado por um bom mata-bicho.
As condições atmosféricas não eram as melhores, mas ninguém se mostrou desmoralizado, deslocando-se todos para a Igreja Matriz, local onde se inicia o percurso.
Já há bastante tempo que pretendia conhecer a igreja e esta foi uma excelente oportunidade que não desperdicei. Pena que não tivessem também aberto as portas das capelas por onde passámos, mas, vamos à igreja.
Este templo é do Séc. XVIII de estilo barroco. O interior é rococó. Foi inicialmente planeada para ser de maiores dimensões do que aquelas com que foi terminada, daí que haja um desnível muito evidente, no telhado, entra a capela mor e o corpo da igreja. A torre sineira é quadrada e lateral. No interior chamam à atenção os altares em talha dourada , tendo uma configuração bastante diferente do habitual noutras igrejas do concelho. Ao centro há uma grande representação de S. Miguel, padroeiro de Linhares, mas a imagem quase passa despercebida, do lado direito do altar-mor.
A arqueóloga (Isabel Lopes) que acompanhava o percurso chamou a atenção para o facto haver uma igreja anterior, junto do castelo, onde já era praticado o culto a S. Miguel. Quando as pessoas se deslocaram para uma zona mais baixa, foi edificado este novo templo.
A paragem seguinte seria junto ao Pelourinho, mas sem antes atravessarmos novamente a Ponte Românica, de cuja beleza original já quase nada se pode apreciar. A necessidade de a alargar e possivelmente reforçar, deixou os seus arcos com pouca visibilidade. O ribeiro, que aqui já vem de longe, está praticamente seco.
O Pelourinho é muito simples. Não ostenta elementos decorativos de vulto, apresenta-se como uma estrutura em cantaria de granito, composto por soco quadrangular de três degraus, onde assenta fuste liso e redondo com tendência a estreitar à medida que se aproxima do remate. Este último é em forma de florão.
É, possivelmente, do Séc. XVII.
Depois da visita a estes locais de interesse começou a caminhada propriamente dita. O grupo integrava algumas crianças, e, em maior número, pessoas de avançada idade, muitas delas de Linhares.
O percurso deixa a casas e dirige-se par os campos agrícolas para jusante da Ribeira de Linhares até perto do local onde esta se cruza com a Ribeira da Lameira, que nasce perto de Parambos. No meio dos terrenos fica a Capela de S. Gonçalo. É bastante grande. Tem à frente um espaço coberto, não chegando a ser um átrio, porque não tem qualquer parede. Pelo que foi dito por alguns habitantes locais é bastante útil, porque as pessoas que andam a trabalhar nos campos recolhem-se aqui, quando vem alguma chuvada.
Depois de atravessada a ribeira, o percurso dirigi-se de novo para a aldeia, passando junto à fonte do Carvalhal. Apesar de eu ter chamado à atenção para a existência desta interessante fonte de mergulho, não sei se alguém passou por lá, uma vez que é necessário fazer um desvio de umas dezenas de metros.
De novo na aldeia o percurso dirigi-se para o ponto mais elevado das redondezas, o Castelo. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é castelo só de nome, tendo mesmo ali existindo um castelo até à idade média, mas o espaço já era povoado na pré-história. Este castelo, juntamente com o castelo de Ansiães e o Castelo das Donas (Marzagão), deviam fazer parte de uma linha defensiva, na margem norte do rio Douro, onde os árabes espreitavam uma oportunidade de alargarem a sua influência.
A subida é íngreme, mas depois de ver alguns idosos a fazê-la com grande destreza, não vi razão para me queixar. Levantou-se algum vento e caíram algumas gotas de chuva. Realmente não esteve o melhor dia para apreciar a lindíssima passagem que se avista deste ponto. São 360º de deslumbramento que é necessário apreciar com calma.
No ponto mais alto (729 metros de altitude) está uma enorme cruz, com a data de 18-06-67. São visíveis alguns restos de muralhas e ao longo do percurso foram aparecendo fragmentos de cerâmica, alguns mais antigos, outros mais recentes.
Depois de algumas fotografias no topo, para recordar o momento, iniciámos a descida, pelo mesmo caminho da subida, e que a Junta de Freguesia tinha limpo expressamente para a caminhada.
Depois de uma visita a uma loja escura onde diziam que estava a verdadeira pia de S. Miguel (realmente estava lá uma antiga pia em granito!), todos se juntaram na Casa do Povo, onde foi servido o almoço.
A ementa constou de sopa, carne assada no churrasco, vinho, sumo e pão. De sobremesa havia maçãs e laranjas. Escusado será dizer que para comer aparecem sempre mais uns quantos!
Eu (e o meu colega de caminhadas Helder Magueta) não tínhamos previsto almoçar com o grupo, mas como nem sequer foi facultado o transporte para Carrazeda, não nos pareceu má ideia continuar com os restantes. O almoço custou 5€ (esta informação não é disponibilizada nos cartazes ou na ficha de inscrição). Tinha a ideia que a refeição seria em Carrazeda, num restaurante, mas, assim, no lugar da caminhada, acaba por ser mais interessante. Se o dia estivesse mais convidativo, a capela de S. Bárbara tinha sido um bom local para servir o almoço.
Depois do almoço, eu e o meu colega, decidimos voltar para Carrazeda de Ansiães a pé. Foi uma boa ideia porque o dia acabou por melhorar, proporcionando uma excelente tarde de caminhada.
O balanço neste primeiro Percurso Pedestre foi bastante positivo. Gostei de encontrar muita gente que já não via há muito tempo, mas também de conversar com as pessoas de Linhares que fizeram o percurso.
Foi uma bom momento de Descoberta, tal como este blogue pretende ser.
Vamos esperar pelos próximos percurso (o seguinte é no dia 1 de Abril).

Perfil de altitude (altimetria) Elevação: 599 m @ 4.6 km
Diferenças de Altitudes 136 Metros (Altitude desde 562 Metros para 698 Metros)
Subida acumulada 150 Metros
Descida acumulada 151 Metros
GPSies - Trilho de Linhares

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Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 3/05/2012 08:05:00 AM

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