segunda-feira, 19 de março de 2012

[À Descoberta de Vila Flor] Peregrinações - Capela de Nossa Senhora do Rosário (Lodões)

Pelourinho de Vila Flor
Na continuação da volta às aldeias que ainda não tinham sido alvo de uma "peregrinação" seguiu-se Lodões. O facto de estar mais próxima levou a que fosse deixada para os últimas etapas.
Como quase sempre aproveitei a luz da manhã para fazer algumas fotografias em Vila Flor. Não é só o facto de a luz ser diferente e mais favorável, mas também porque há pouco movimento e a tranquilidade é inspiradora.
Caminho cortado pelo IC5
O percurso a seguir para chagar a Lodões não oferecia dificuldades (em princípio) até porque, para variar, desta vez não havia qualquer vestígio de nevoeiro, antes pelo contrário, o céu oferecia um azul tão intenso que parecia pintado de fresco.
Seguimos pela estrada até à Valonquinta, antiga Quinta de S. Gonçalo. Logo a seguir à quinta havia uma caminho vicinal que utilizei em tempos, mas o IC5 cortou-o e não ficou nenhuma alternativa.
Ponte sobre a Ribeira de Roios
O caminho seguinte está algumas centenas de metros mais à frente, e dava acesso a algumas quintas situados em Vale de Cal. Estranhamente, também este caminho foi cortado, não sendo deixada nenhuma alternativa. Não sei quem negociou o traçado do IC5, mas aqui deveria ter ficado uma passagem subterrânea ou aérea. Desde a Quinta da Barquinha (estrada para M601 Vila Flor- Sampaio), até Roios, não conheço nenhuma passam pública para ultrapassar o IC5! São muitos quilómetros!
Lodões, no vale da Vilariça
Para evitar termos que ir à freguesia de Roios e descermos ao longo da estrada (M601-1), fizemos "rapel" na escarpa que vai da estrada até à ribeira de Roios, a uma quota inferior de mais de 200 metros. É uma descida arriscada e não é recomendável. Esta manobra permitiu-nos ganhar algum tempo, o suficiente para nos aventurar-mos a subir ao monte de S. Pedro, ou cabeço da Santa Cruz, onde está uma enorme cruz de madeira que já mostrei noutras ocasiões. Além da curiosidade da cruz, e do facto de ter existirem vestígios de um castro no local, é um miradouro fantástico, um dos muitos que se estendem ao longo do vale da Vilariça.
Cabeço de Santa Cruz
O acesso ao cabeço é fácil, por caminho, bastando depois percorrer duas centenas de metros pelo meio da vegetação.
Foi um excelente momento para saborear uma peça de fruta e apreciar a paisagem em redor, antes de descermos ao vale e atravessarmos a ribeira da Laça.
Caminho próximo de Lodões
A o contrários de todas as outras aldeias vizinhas, Lodões está implantado em pleno vale. isto não contribuiu muito para o seu desenvolvimento atual, uma vez que é uma das mais pequenas freguesias do concelho. O cruzamento em Lodões do IC5 e do IP2 vieram dirigir o olhar para esta pequena aldeia que poucos conheceriam. Falou-se mesmo de um polo industrial em Lodões, mas possivelmente isso não passará de uma miragem. Santa Comba da Vilariça está ali perto e Sampaio tem já uma das maiores industrias do concelho, as águas Frize.
Capela de Nossa Senhora do Rosário
A capela de Nossa Senhora do Rosário está sitiada no meio da aldeia, sem despertar muito a atenção. A sua construção é anterior à da igreja, possivelmente no Séc. XVI. Exteriormente pode-se admirar o arco da porta, do estilo românico. A torre sineira lateral também é em granito, tal como devem ter sido as pares que agora já se apresentam revestidas e caiadas. O pequeno adro em frente da capela deve ter sido outrora  coberto, ou seja, um cabido, tal como o que existe na capela de Nossa Senhora do Carrasco, no Nabo ou na capela de Nossa Senhora do Rosário, em Samões (há mais exemplares no concelho).
Fonte Romana, em Lodões
Se pensarmos que Lodões tem como padroeiro S. Tiago, que festeja a 25 de Julho, não fica posta de parte a hipótese desta capela ter sido utilizada pelos peregrinos a S. Tiago de Compostela. As peregrinações começaram no Séc. IX mas no Séc XVII ainda estavam no auge em Portugal, nessa altura a capela já existia.
Não foi possível entrar na capela. Estava em obras e afirmaram-nos que não havia nada no interior, por isso não nos esforçámos em encontrar a chave. Haverá que voltar mais tarde, quando as obras tiverem terminado.
A caminhada terminou junto à igreja matriz, mais propriamente na fonte Romana. Este é um dos monumentos mais interessantes da aldeia. Tem gravada a data de 1680 e está num espaço agradável, mas só quando as glicínias estiverem com folhas e flores.
A caminhada não foi muito longa, ultrapassando pouco os 9 quilómetros, mas o tempo impecável fez com que todo o percurso fosse feito com muita calma apreciando a paisagem que nesta zona do concelho proporciona vistas fantásticas do vale da Vilariça.

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Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 3/19/2012 07:17:00 AM

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