sexta-feira, 15 de julho de 2011

[À Descoberta de Vila Flor] Peregrinações – Igreja da Santíssima Trindade (Tr...

Desde que comecei esta série de Peregrinações ainda não repeti um destino, mas a igreja da Santíssima Trindade, na Trindade, merece bem a insistência. Desde 2005 que tento visitá-la, mas em vão. Quando fiz a primeira caminhada à Trindade (9 de Janeiro de 2011) fez tão mau tempo que acabei por não entrar na igreja de tão mal tratado que estava, encharcado e com as botas cheias de lama. Optei por repetir a caminhada, desta vez acompanhado.
De tantas vezes que já passámos em Roios até tivemos direito a provar algumas framboesas e o vinho da adega. Ao início da manhã não cai lá muito bem, mas poderia parecer indelicado recusar. Também não íamos conduzir...
A passagem por Vale Frechoso e Benlhevai foi rápida. Não queríamos ter que desistir a meio do percurso por falta de tempo.
Estávamos a 18 de Junho e o calor já tinha marcas bem evidentes na paisagem. Os caminhos estavam cheios de erva seca que se colava aos cordões das sapatilhas. As flores silvestres já eram poucas, procuradas pelas borboletas no seu eterno corre, corre. Nos ribeiros, com pouca água, havia agriões em flor.
Nas cerejeiras ainda havia alguns frutos maduros, apesar da força da produção já ter passado.
Chegámos ao traçado do IP2 perto da uma da tarde. O tempo já era escasso mas não havia outra solução senão seguir até à aldeia. Acabámos por nos enganar no caminho e fizemos o último quilómetro pela estrada. À distância o estaleiro da empresa que está a fazer a nova estrada já é quase tão grande como o povoado!
Pouco depois estávamos no centro da Trindade, junto à igreja. No dia seguinte seria a festa da Santíssima Trindade, principal festa da aldeia. O largo já estava engalanado e no interior da igreja a imagem da Santíssima Trindade já estava sobre o andor à espera de ser decorado. Não compreendi a imagem, mas depois de ver o estandarte achei que fazia sentido: a imagem representa o Pai, Deus, o criador, nas mãos segura uma cruz, com Cristo crucificado; no topo da cruz está pousada uma pomba, símbolo do Espírito Santo. Tinha imaginado uma imagem como a que fotografei no ano passado em Fonte da Aldeia, no concelho de Miranda do Douro, onde fazem uma interessante festa à Santíssima trindade.
Os altares não são tão ricos como estava à espera. Talvez pelos anos que levei à espera de entrar nesta igreja criei expectativas que não foram satisfeitas. O facto de não ter ricos altares em talha dourada pode advir das várias reconstruções de que foi alvo. Isso não significa que não gostei da igreja.
Na capela-mor destaca-se na tribuna um painel pintado que me pareceu representar a coroação de Maria. Pelo que me disseram é recente e tapa uma parte do altar que está a precisar de restauro. Nas duas paredes laterais há dois nichos. Penso que originalmente eram sepulturas. Estiveram escondidas durante muitos anos. Ao contrário do que vi por aí escrito em vários sítios, pareceu-me que o arco-cruzeiro é românico e não gótico, mas sei muito pouco de arquitectura.
Os dois altares laterais são desiguais no estilo e talvez na época. As imagens são interessantes.
Não deixa de ser curioso o facto desta igreja monumental, uma das mais importantes do concelho, estar numa aldeia com poucas dezenas de habitantes. Podemos pensar que a aldeia é pequena porque as casas foram queimadas no início do século XIX, mas é provável que nunca tenha sido grande. Uma justificação mais plausível pode ser as ligações ao mosteiro de Santa Maria de Bouro funcionando a igreja como ermitério-estalagem, dando apoio aos peregrinos que por aqui passavam para S. Tiago de Compostela.
No frontispício da igreja há uma pedra gravada com o ano de 1619. A igreja original é muito anterior a esta data.
Depois de um último passeio pelo exterior regressámos a casa satisfeitos. Conseguimos fazer os 18 quilómetros do caminho e, sobretudo, visitámos o interior da igreja.

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Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 7/15/2011 08:32:00 AM

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