Este ano parece estar a ser um excelente ano para os tradicionais cogumelos muito apreciados na região. Tenho tropeçado neles em todas as caminhadas que tenho feito, e, mesmo sem nunca ter saído expressamente para os procurar, tenho apanhado bastantes.
Os rocos (Macrolepiota procera) apareceram cedo e muitos secaram rapidamente por falta de chuva. Ainda é possível encontrá-los. No domingo passado vi dois e um deles ainda era bastante jovem.
A apanha de cogumelos é uma tarefa delicada. Come-los sem os ter apanhado é ainda mais complicado. Eu fico muito mais tranquilo quando como cogumelos que eu próprio apanho do que quando os como apanhados por outras pessoas.
Não tenho formação nenhuma sobre cogumelos. Alguns conhecimentos que tenho, adquiri-os em criança. Desde que me conheço, que apanho cogumelos. Penso que entre os 6 e os 12 anos tenha sido os anos em que mais apanhei. Aprendi a distingui-los com a minha família e com os meus amigos, uma vez que cresci no campo e todos os meus amigos apanhavam cogumelos.
Em jovem apanhava perto de 10 espécies, mas, com o passar dos anos, fui perdendo a confiança e agora fico-me pelas 5 mais fáceis de identificar. É uma actividade que não admite erros. Há duas famílias em perigo de vida (uma das quais no distrito de Bragança).
Tudo o que eu disser aqui sobre algumas espécies, não pode ser entendido como instruções para a sua apanha, mas apenas como mais uma amostra da riqueza natural da nossa região e do nosso concelho.
Sanchas, Pinheiras, setas (Lactarius deliciosus)
Características: o chapéu, inicialmente convexo, toma-se posteriormente plano e espalmado ou obcónico e ligeiramente recurvado, com um diâmetro de 5 a 15 cm. É cor de laranja, vemelho-claro ou vemelho-tijolo e com frequência ligeiramente acastanhado; a cutícula do chapéu apresenta zonas anelares concêntricas e com a humidade toma-se um pouco viscosa. A carne quebradiça vai de esbranquiçada a rosa-pálido ou amarelada; quando danificada segrega uma seiva alaranjada ou cor de cenoura. As lâminas apertadas e decorrentes têm comprimentos diferentes; a sua cor vai do laranja-claro ao laranja-avemelhado, mudando sobretudo para esverdeado
quando velhas ou quando tocadas.
Habitat: Espécie por vezes frequente que se encontra sobretudo em florestas coníferas e, nestas, de preferência debaixo dos pinheiros bravos, preferindo solos calcários; aparecem entre Novembro e Dezembro.
Fonte: adaptado do Guia dos Cogumelos (Dinalivro)
As sanchas são seguramente os cogumelos mais apanhados em Portugal e uma das espécies em que as pessoas têm mais confiança. Há muitas pessoas que apenas apanham esta espécie. Mesmo assim, há que ter cuidado. Tenho encontrado um cogumelo muito semelhante sob os sobreiros. Desconheço se é comestível ou não.
As sanchas crescem nos pinhais idosos. Eu prefiro procurá-las nas bordas dos pinhais, principalmente nos locais mais húmidos.
Apesar do seu nome deliciosus (delicioso), não é dos meus cogumelos preferidos. Tem um sabor muito característico e intenso.
Já apanhei esta espécie em Benlhevai, Vale Frechoso, Roios, Vila Flor, Freixiel, Seixo de Manoses, Candoso e Vila Flor.
Nota: o Município de Vila Flor e o Fundo Florestal Permanente editaram há alguns anos um "Mini-manual dos cogumelos". É possível que ainda haja alguns a circular por aí.
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Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Vila Flor a 11/23/2010 12:28:00 AM
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