Na continuação das caminhadas "Peregrinações", no dia 10 de Outubro aconteceu mais uma, desta vez a capelinha de Nossa Senhora da Rosa, em Sampaio.
Mesmo inconscientemente, as aldeias situadas a quotas bastante inferiores às de Vila Flor são muito menos visitadas. Embora ir a Sampaio, ao Nabo ou à Ribeirinha é, sem dúvida muito agradável, mas, a dificuldade está em voltar a Vila Flor. Não podemos esquecer que estou a falar em deslocações em BTT ou a pé, uma vez que de automóvel este problema não se coloca.
A ideia para esta caminhada era que seria só de ida, uma vez que não haveria tempo suficiente para regressar a tempo fazer o almoço de Domingo em família.
Esta caminhada, com saída de Vila Flor pela estrada de Roios, proporcionou a oportunidade de percorrer grande parte da Vila, ao Domingo, de manhã cedo. É impressionante a calma que se respira! A vila tem muita frescura, de manhã cedo! Os primeiros raios de sol a beijarem os Paços do Concelho ou a igreja de Misericórdia, no Rossio, transportam o calor necessário para um acordar tranquilo.
Aproveitei também para fotografar o Solar dos Lemos. Foi das poucas vezes que não tinha uma camioneta estacionada à frente. A luz lateral realçava o rendilhado em granito. Desejei ter uma máquina fotográfica melhor, mas prometi a mim mesmo que estas caminhadas seriam feitas acompanhado somente pelo material fotográfico mais básico que se pode imaginar, correndo por vezes o risco de se perderem oportunidades de fazer registos com qualidade de momentos únicos.
O percurso continua com passagem por várias fontes (entre as quais a Fonte das Bestas) e também pela pequena capela de S. Sebastião, com a sua porta sempre enfeitada com flores.
Junto ao cemitério de Vila Flor, no local onde existiam umas Alminhas, que foram roubadas, foi colocada uma pequena cruz em granito. Gostaria de ver repostas as alminhas, ou as mesmas (coisa difícil) ou outras, as alminhas têm um simbolismo e uma história que não deve ser esquecido ou apagado.
Continuei pela estrada até ao complexo turístico Valonquinta. Mesmo pela estrada, a luz rasante por entre as oliveiras cintilava no orvalho da manhã. As paragens foram constantes e corri o risco de esgotar a bateria da máquina fotográfica no início da caminhada.
Contornei a Quinta do Valongo e meti por uma caminho, à direita, já meu conhecido do BTT. Pouco mais à frente atravessei aquilo que vai ser o IC5. Não me parece que este acesso se vá manter depois do IC5 feito. Infelizmente muitos caminhos vão deixar de ter seguimento.
Pouco depois os pinheiros dão lugar aos eucaliptos e todo o percurso até Sampaio, junto ao cemitério é feito pelo meio do eucaliptal. São caminhos abertos pela próprio explorador da floresta, que funcionam como quebra fogos, mas também para retirarem a madeira quando a mesma é cortada. Também a EDP procede à limpeza da vegetação sob as suas linhas de media a alta tensão. Neste local cruzam-se algumas linhas com alguma importância.
Em termos de paisagem, avista-se um grande espaço em direcção a Roios e Vale Frechoso. O que se destaca da paisagem é, mais uma vez, as obras que decorrem no traçado do IC5. Estão a ser construídos vários viadutos e pontes, para vencer o desnível do Vale da Vilariça, até às Portas do Sol, às portas de Vila Flor.
Deixei o eucaliptal a poucos metros do cemitério de Sampaio. Apesar de já por várias vezes ter descido o ribeiro de Roios em direcção a Sampaio, nunca tinha estado neste local.
Rapidamente se atinge a aldeia. As pessoas abandonavam a igreja, depois da missa dominical. Devia ter pedido a alguém que me facilitasse o acesso á capela de Nossa Senhora da Rosa, mas só mais tarde é que me lembrei disso.
O colorido das romãs chamou a minha atenção em vários locais, mas junto à capela (privada) de Nossa Senhora da Conceição.
O caminho para a capela de Nossa Senhora da Rosa, partindo dos armazéns das águas Frise é plano e sem possibilidades de engano. No entanto, não o segui, fazendo antes um desvio para passar junto ao que resta de uma das antas ou dólmen referenciadas em Sampaio. A erva alta não permitiu fotografar o local com qualidade. Já falei com várias pessoas na aldeia e todos são de opinião que não é correcto assinar a anta junto à estrada nacional e depois não haver mais nenhuma indicação da sua localização. Quem pretende visitar a anta acaba por andar perdido pelos caminhos e raramente a encontra. Outro problema é a facilidade com que um alguém maldoso pode destruir o que pouco que resta de milhares de anos de história. A Junta de Freguesia e a Câmara Municipal deviam preocupar-se em identificar, proteger e mostrar este património. Não deve ser esquecida também a protecção legal.
A capela de Nossa Senhora da Rosa não tem grandes elementos arquitectónicos dignos de realce. Trata-se de uma construção recente, ou de uma reconstrução. É bastante grande, com uma porta larga no frontispício voltado a poente. O elemento mais característico é o pequeno campanário, com algumas semelhanças ao existente na capela de Nossa Senhora do Rosário, em Vilarinho das Azenhas, embora mais pobre. Não há nada que faça lembrar a importância desta capela como local de culto desde a idade média. Na verdade era um dos mais importantes de todo o Vale da Vilariça. Também aqui se realizava uma feira franca nos três primeiros dias de Maio. Havia um ermitério próximo da capela. Seria interessante ver este espaço cheio de gente. S e sonhar com uma feira, ou um arraial, é sonhar demais, o mesmo já não acontece com uma celebração religiosa e uma simples procissão. Estou convencido que o povo de Sampaio ficaria muito feliz, mas o pároco da freguesia não seja muito apologista da ideia.
Depois de fotografar uma interessante haste florida junto à capela, segui, caminho abaixo, paralelamente à Ribeira da Vilariça. Esta zona é incrivelmente fértil. É servida por um sistema de rega que permite uma produção hortícola intensiva e de qualidade. As couves são os vegetais mais abundantes, nesta época do ano.
Depois de ter percorrido alguns quilómetros em direcção a Sul, o caminho terminou no leito da ribeira. Tinha obrigatoriamente que atravessar a ribeira em direcção à Junqueira, ou então voltar para trás. Optei pela segunda alternativa.
Voltei atrás algumas centenas de metros até encontrar um caminho em direcção ao poente, que me levou à estrada nacional depois do Cabeço da Maria da Malta. Há, depois um interessante percurso que contorna todo o monte de Santa Marinha e vai reencontrar a estrada junto à Quinta do Caniço, já a meia encosta para Vila Flor. Foi aí que terminei a minha caminhada.
Seria fácil e interessante seguir da Quinta do Caniço, por entre os eucaliptos e chagar a Vila Flor junto à Quinta do Valongo, onde praticamente comecei a caminhada, mas a hora já estava adiantada e não queria almoçar muito tarde.
Fiz o resto de percurso (da Quinta do Caniço a Vila Flor) de automóvel.
--
Publicada por Xo_oX em À Descoberta de Vila Flor a 11/02/2010 02:26:00 AM
Sem comentários:
Enviar um comentário