A calêndula (Calendula arvensis) tem um colorido que não passa despercebido durante os meses de inverno. Podemos encontrá-la nas encostas da berma da estrada e em terrenos incultos mas é nos terrenos cultivados, como olivais e vinha que ela está bastante presente durante o mês de janeiro. Em todo o vale da Vilariça rivaliza com as margaças (talvez a Chamaemelum fuscatum)e algumas Brassicaceas a alegrar os campos bastante despidos de folhas e de alegria.
A calêndula tem uma parente bastante próxima que quase toda a gente conhece, a calêndula officinalis, muito frequente nos jardins e já conhecida e utilizada como planta medicinal por gregos, romanos, árabes e outras civilizações do oriente. A calêndula escolhida para representar o mês de janeiro tem as flores mais pequenas do que a espécie usada nos jardins, mas partilha com ela a maior parte das características.
É frequente em todo a península Ibérica, nos Açores e Madeira, mas também em grande parte da Europa e África. Trata-se de uma planta anual, que pode atingir mais de 25 cm de altura, com flores alaranjadas ou amareladas. De acordo com os registos da UTAD, a floração ocorre de dezembro a maio. As características botânicas são complexas e por vezes aborrecidas para quem não se interessa por esta matéria, mas há algumas características que são facilmente identificáveis por um leigo. Uma delas é a flor em capítulo, ou seja com um vasto conjunto de flores num disco central, rodeado por um conjunto de flores periféricas que identificamos como "as pétalas". Esta "flor" é sobejamente conhecida nas margaridas, mal-me-queres, girassol ou gerbera.
Os romanos chamavam-lhe solsequium, que significa seguir o sol, uma vez que a calêndula tem um comportamento semelhante ao girassol, seguindo o sol de acordo com a rotação da terra. Ao cair da noite as flores fecham e só se abrem ao nascer do dia.
Toda a planta pode ser usada para fim medicinais, desde as flores às raízes. Na sua composição entram algumas substâncias com interesse medicinal, de entre os quais a calendulina. Tem uma lista enorme de utilizações: uso interno (fervendo flores ou folhas em água ou leite - funciona como regulador do fluxo menstrual, reduz inflamações, aumenta o número de glóbulos vermelhos no sangue e ativa a circulação, servindo ainda como remédio para o estômago, intestino, ulceras gástricas ou infeções causadas por bactérias; uso externo (sob a forma de pomada) - pode ser usada contra queimaduras, contorções, eczema, hemorroides, etc.
É incrível mas não conheço nenhuma utilização desta planta, no concelho!
Em Espanha esta planta tem alguns nomes curiosos, como erva vaqueira, erva do podador, erva lava-mãos, cu-de-velha, pata-de-galo, unha-de-gato, flor dos mortos, etc. Em Portugal a lista é mais curta: Calendula; Erva-vaqueira; Malmequer-dos-campos; Vaqueira.
Quando passar pelos campos nos próximos meses e vir esta planta. é bom lembrar que está ali um espécie vegetal cheia de potencial.
As fotografias foram tiradas durante o mês de Janeiro, entre Roios e Lodões.
Outras Flores do Mês de Janeiro:
- 2009 - Capuz-de-Fradinho (Arisarum vulgare Targ.-Tozz)
- 2008 - Urze (Erica australis L.)
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Publicada por Anibal G. em À Descoberta de Vila Flor a 1/31/2012 07:08:00 AM
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