Durante o mês de maio decorreu a votação na Freguesia Mistério n.º 59.
É claro que é muito mais fácil "conhecer" os monumentos de Paris ou Barcelona, do que conhecer os pequenos nadas das freguesias vizinhas, mas também estes têm "o direito" de aparecerem na Internet. Nos dias de hoje tudo se divulga, talvez por ser efémero. Só não é efémero na nossa cabeça, quando tem significado, quando é recordado.
O "mistério" era representado por um rochedo, não um rochedo qualquer, mas um dos mais "conhecidos" do concelho, ou pelos menos a sua lenda. Chama-se, ou melhor chamam-se, os "mal casados", e podem ser vistos nos limites da aldeia e do termo de Carvalho de Egas.
Como o nome indica, a história não é feliz. O romance de amor termina em frieza, em duas figuras curvadas de costas voltadas, numa indiferença eterna. Quer quiser ler a lenda completa pode fazê-lo no blogue do amigo Jofre Alves, aqui.
Como a Junta de Freguesia fez um arranjo no local, aconselho uma visita, quem sabe alguns namorados em passeio pelo local não quebram o encanto e casal de se volta a olhar nos olhos.
Já por várias vezes referenciei as rochas erradamente. Há outras rochas ou pouco distantes destas, também duas, ou talvez uma fraturada a meio, parecendo o positivo e o negativo. Não sei se são conhecidas por "Penedo Macho", mas os "verdadeiros "Mal Casados" são os que constam nesta fotografia (foi-me confirmado por habitantes de Carvalho de Egas).
Participaram neste desafio 17 pessoas, que dividiram os seus palpites na seguinte proporção:
Candoso (3) 18%
Carvalho de Egas (6) 35%
Freixiel (2) 12%
Samões (1) 6%
Seixos de Manhoses (2) 12%
Vilas Boas (3) 18%
Como se vê Carvalho de Egas teve mais palpites, embora apenas tenha conseguido 35% dos palpites. O local é de fácil acesso e está limpo de mato. É visível da estrada, logo à saída de Carvalho de Egas, pela estrada que leva a Santa Cecília. Visitem-no.
O desfio de junho foi o de saber onde se encontra uma placa de azulejo com uma determinada quadra. É, possivelmente um local onde muito pouca gente esteve, mas de que eu já falei no blogue. Uma consulta a "viagens" de anos anteriores daria a resposta certa. Veremos em que sentido foram os palpites.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 7/31/2012 12:33:00 PM
Concelho:
Carrazeda de Ansiães | Vila Flor | Miranda do Douro | Mogadouro | Torre de Moncorvo | Freixo de E.C. | Alfândega da Fé | |
terça-feira, 31 de julho de 2012
terça-feira, 24 de julho de 2012
[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] Picnic de Caminheiros (2012)
No dia 22 de julho, no parque de merendas da barragem de Fontelonga, realizou-se o 1.º Encontro de Caminheiros do concelho.
Durante o ano de 2012 realizaram-se mais de uma dúzia de caminhadas, que foram criando o hábito da caminhar e aproximando um grupo de pessoas, mais assíduas, uma após a outra caminhada. Distribuídos por várias aldeias e pela vila, estiveram presentes na maior parte das caminhadas, aproveitando o contacto com a natureza, o exercício físico mas também a amizade. Esta foi a génese do grupo, informal, diversificado em todos os aspetos, que foi ganhando forma e que decidiu juntar-se num piquenique.
Na última caminhada, em Beira Grande, já circulava a ideia de um último encontro, diferente, aberto aos familiares que não participavam nas caminhadas.
A família Curralo, numerosa nas caminhadas, disponibilizou-se para núcleo organizador, com o "centro das operações" no Café Planalto.
Foram feitas as inscrições, com o pagamento de 5€. O grupo de caminheiros, e seus familiares, mobilizou à volta de 40 pessoas. O facto de se tratar de um picnic, e não de uma caminhada, como se poderia esperar, prende-se com vários fatores: pessoas que normalmente não caminham, idosos, crianças, etc, puderam participar; os dias estão muito quentes para caminhar; não havia ninguém responsável pela logística, por isso foram os próprios caminheiros a tratar da aquisição dos géneros, tratar da confeção e serviço.
Bem cedo, foram marcadas algumas mesas, para que a sombra não faltasse e reservados os assadores. Às onze os aromas da carne no churrasco já recebeu os participantes que chegaram em força.
Pão, queijo, presunto, azeitonas constituíram as entradas. Foi feita uma grande quantidade de salada mista para, com pão, acompanhar a carne de porco e de vitela assadas na brasa. O almoço decorreu, sem pressas, com boa disposição e partilha. Partilha de bebidas (obrigado Baltazar, o teu vinho era ótimo), de pudins, bolos e frutas, que circulavam pelas mesas para provocação dos regimes mais apertados.
No almoço participaram alguns dos Presidentes de Junta das aldeias que colaboraram ou realizaram caminhadas. Registei a presença de Lavandeira, Beira Grande, Amedo e Carrazeda de Ansiães, mas é possível que outras estivessem também representadas. Marcaram também presença vários funcionários da autarquia, mais diretamente envolvidos no planeamento e execução das caminhadas ou que nelas participaram. O sr. Presidente da Câmara, apesar de ter uma agenda muito preenchida, fez questão de passar pelo local do piquenique, para comer a sobremesa e cumprimentar os presentes.
Durante a tarde houve tempo para tudo. Os mais ensonados fizeram uma soneca. Os mais despertos jogaram as cartas, saltaram a corda e fizeram outras brincadeiras.
No final da tarde os assadores acenderam-se de novo. O grupo já era mais reduzido mas o ambiente de festa foi o mesmo.
Estiveram no piquenique perto de meia centena de pessoas vindas dos mais variados pontos do concelho. Pessoas que (muitas) não se conheciam nos inícios de março, mas que agora se veem de outra forma.
Sobre as caminhadas que decorreram entre março e junho pretendo ainda fazer uma pequena reflexão, a publicar mais tarde. Sobre este piquenique só falta dizer que foi uma excelente ideia. Estou certo que, se no próximo ano continuarem a realizar caminhadas, haverá mais piqueniques de caminheiros (quem sabe se não os haverá antes do próximo ano...).
Parabéns as todos os que marcaram presença e em especial àqueles que se esforçaram um pouco mais, quer planificando e comprando, para que não faltasse nada, quer aos que confecionaram, lavaram a louça, ofereceram o vinho, etc.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 7/24/2012 04:52:00 PM
Durante o ano de 2012 realizaram-se mais de uma dúzia de caminhadas, que foram criando o hábito da caminhar e aproximando um grupo de pessoas, mais assíduas, uma após a outra caminhada. Distribuídos por várias aldeias e pela vila, estiveram presentes na maior parte das caminhadas, aproveitando o contacto com a natureza, o exercício físico mas também a amizade. Esta foi a génese do grupo, informal, diversificado em todos os aspetos, que foi ganhando forma e que decidiu juntar-se num piquenique.
Na última caminhada, em Beira Grande, já circulava a ideia de um último encontro, diferente, aberto aos familiares que não participavam nas caminhadas.
A família Curralo, numerosa nas caminhadas, disponibilizou-se para núcleo organizador, com o "centro das operações" no Café Planalto.
Foram feitas as inscrições, com o pagamento de 5€. O grupo de caminheiros, e seus familiares, mobilizou à volta de 40 pessoas. O facto de se tratar de um picnic, e não de uma caminhada, como se poderia esperar, prende-se com vários fatores: pessoas que normalmente não caminham, idosos, crianças, etc, puderam participar; os dias estão muito quentes para caminhar; não havia ninguém responsável pela logística, por isso foram os próprios caminheiros a tratar da aquisição dos géneros, tratar da confeção e serviço.
Bem cedo, foram marcadas algumas mesas, para que a sombra não faltasse e reservados os assadores. Às onze os aromas da carne no churrasco já recebeu os participantes que chegaram em força.
Pão, queijo, presunto, azeitonas constituíram as entradas. Foi feita uma grande quantidade de salada mista para, com pão, acompanhar a carne de porco e de vitela assadas na brasa. O almoço decorreu, sem pressas, com boa disposição e partilha. Partilha de bebidas (obrigado Baltazar, o teu vinho era ótimo), de pudins, bolos e frutas, que circulavam pelas mesas para provocação dos regimes mais apertados.
No almoço participaram alguns dos Presidentes de Junta das aldeias que colaboraram ou realizaram caminhadas. Registei a presença de Lavandeira, Beira Grande, Amedo e Carrazeda de Ansiães, mas é possível que outras estivessem também representadas. Marcaram também presença vários funcionários da autarquia, mais diretamente envolvidos no planeamento e execução das caminhadas ou que nelas participaram. O sr. Presidente da Câmara, apesar de ter uma agenda muito preenchida, fez questão de passar pelo local do piquenique, para comer a sobremesa e cumprimentar os presentes.
Durante a tarde houve tempo para tudo. Os mais ensonados fizeram uma soneca. Os mais despertos jogaram as cartas, saltaram a corda e fizeram outras brincadeiras.
No final da tarde os assadores acenderam-se de novo. O grupo já era mais reduzido mas o ambiente de festa foi o mesmo.
Estiveram no piquenique perto de meia centena de pessoas vindas dos mais variados pontos do concelho. Pessoas que (muitas) não se conheciam nos inícios de março, mas que agora se veem de outra forma.
Sobre as caminhadas que decorreram entre março e junho pretendo ainda fazer uma pequena reflexão, a publicar mais tarde. Sobre este piquenique só falta dizer que foi uma excelente ideia. Estou certo que, se no próximo ano continuarem a realizar caminhadas, haverá mais piqueniques de caminheiros (quem sabe se não os haverá antes do próximo ano...).
Parabéns as todos os que marcaram presença e em especial àqueles que se esforçaram um pouco mais, quer planificando e comprando, para que não faltasse nada, quer aos que confecionaram, lavaram a louça, ofereceram o vinho, etc.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 7/24/2012 04:52:00 PM
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Festas e feiras,
Fontelonga
[A Linha é Tua] O Douro e a UNESCO
Ser representante de Portugal junto da UNESCO, em acumulação com as funções que desempenho em França, trouxe-me a responsabilidade acrescida de ter de cuidar, na linha da frente, de um conjunto de questões que ligam Portugal a diversas áreas de competência da organização. Devo dizer que, nestes meses, embora tenha tido de me "desmultiplicar" para poder atender a todo esse conjunto de tarefas, aprendi muito sobre mais esta dimensão multilateral da nossa política externa. E, devo dizer, estou a gostar da experiência.
Como é sabido, esta semana, em São Petersburgo, o Comité do Património da UNESCO debaterá uma resolução, preparada pelas instâncias próprias da organização, que apela à suspensão imediata das obras de construção de uma barragem perto da foz do rio Tua, por considerar que essa obra coloca em risco o equilíbrio global do Alto Douro Vinhateiro, como conjunto considerado património mundial.
Alguns países, organizações não-governamentais e diversas outras vozes, nomeadamente na imprensa, estão de acordo com os termos dessa resolução. O Estado português considera que, sendo embora essencial garantir a preservação do estatuto internacional atribuído ao Alto Douro Vinhateiro, tal não é incompatível com a edificação de uma barragem no rio Tua. E que, por essa razão, não se justifica, sem uma análise atenta a um conjunto de medidas que entretanto foram tomadas e outras que estão em análise, que tais obras sejam suspensas de imediato.
Não deixa de ser uma curiosa coincidência que o debate desta questão esteja a ser titulado, junto da UNESCO e em nome de Portugal, por alguém que nasceu a escassas dezenas de quilómetros do Douro e que hoje preside ao Conselho geral da Universidade da região. E que, porventura, gosta muito mais do Douro do que muitos dentre quantos, com outras legitimidades, se têm desdobrado em declarações inflamadas sobre o tema.
Publicado por Francisco Seixas da Costa no Blogue: duas ou três coisas (notas pouco diárias do embaixador português em França).
Aconselho a leitura do texto e os comentários, alguns deles de pessoas conhecidas e empenhadas na defesa doa linha e do vele do Tua.
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Publicada por Blogger em A Linha é Tua a 7/24/2012 01:16:00 PM
Como é sabido, esta semana, em São Petersburgo, o Comité do Património da UNESCO debaterá uma resolução, preparada pelas instâncias próprias da organização, que apela à suspensão imediata das obras de construção de uma barragem perto da foz do rio Tua, por considerar que essa obra coloca em risco o equilíbrio global do Alto Douro Vinhateiro, como conjunto considerado património mundial.
Alguns países, organizações não-governamentais e diversas outras vozes, nomeadamente na imprensa, estão de acordo com os termos dessa resolução. O Estado português considera que, sendo embora essencial garantir a preservação do estatuto internacional atribuído ao Alto Douro Vinhateiro, tal não é incompatível com a edificação de uma barragem no rio Tua. E que, por essa razão, não se justifica, sem uma análise atenta a um conjunto de medidas que entretanto foram tomadas e outras que estão em análise, que tais obras sejam suspensas de imediato.
Não deixa de ser uma curiosa coincidência que o debate desta questão esteja a ser titulado, junto da UNESCO e em nome de Portugal, por alguém que nasceu a escassas dezenas de quilómetros do Douro e que hoje preside ao Conselho geral da Universidade da região. E que, porventura, gosta muito mais do Douro do que muitos dentre quantos, com outras legitimidades, se têm desdobrado em declarações inflamadas sobre o tema.
Publicado por Francisco Seixas da Costa no Blogue: duas ou três coisas (notas pouco diárias do embaixador português em França).
Aconselho a leitura do texto e os comentários, alguns deles de pessoas conhecidas e empenhadas na defesa doa linha e do vele do Tua.
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Publicada por Blogger em A Linha é Tua a 7/24/2012 01:16:00 PM
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Linha do Tua,
Notícias
segunda-feira, 23 de julho de 2012
[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] A ACDZ de Parabéns
A Associação Cultural e Desportiva de Zedes (ACDZ) este ontem de parabéns. São já 31 anos de atividades, contando ao longo destes anos com períodos de maior atividade, outros de menor, mas sempre foi um elemento agregador da população de Zedes, a residente a aquela que se encontra espalhada pelos 4 continentes.
O programa deste 31ª aniversário iniciar-se com a celebração de uma missa na igreja matriz.
Teve lugar a seguir, já no salão da sede da Associação, um par de palestras uma denominada Plantas "Mágicas", proferida pelo Prof. Aníbal Gonçalves, filho da terra e a segunda sobre a temática A estética no quotidiano de uma comunidade local, proferida pelo escultor Helder de Carvalho.
Na primeira interversão foram recordadas e dadas a conhecer espécies vegetais autóctones que tiveram, algumas ainda têm, grande interesse na alimentação da população local, ou como plantas aromáticas e/ou medicinais. Também foram apresentadas algumas espécies às quais se atribuem poderes especiais e outras venenosas.
Na apresentação do escultor Helder de Carvalho foram apresentadas algumas conclusões sobre a estética e a noção do belo na população do concelho. Este estudo, que incidiu sobre a estética há alguns anos atrás, mostrou que essa comunidade usava cores sóbrias, motivos geométricos, não desperdiçava recursos e respeitava um compromisso entre a aparência e a funcionalidade. Em todas as profissões e atividades culturais as preocupações estéticas estavam presentes e continuam presentes, sendo necessário fazer um inventário e um registo sistemático, para que estes património imaterial seja preservado.
É de salientar que para além da população local, que seguiu estas apresentações com muita atenção e até participação, esteve também presente um grupo de jovens escuteiros da vizinha Espanha, que participaram em todas as atividades.
Seguiu-se, ao final da tarde, um lanche convívio onde não faltaram algumas iguarias locais e um grande bolo de aniversário. Depois de cantados os parabéns (em duas línguas!) e de agradecida a presença e participação teve lugar um encontro de futebol de cinco.
Numa aldeia casa vez mais desertificada, estas iniciativas são de estrema importância. Houve tempo para a fé, para a cultura, para o desporto, mas, sobretudo para o encontro e convívio entre pessoas de gerações distintas. Funcionou, também, como pontapé de saída para dias mais agitados que se aproximam, com a chegada de muitos dos filhos da terra que, todos os verões, regressam a Zedes para matarem saudades.
Parabéns à ACDZ pela sua longevidade e por mais esta iniciativa.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 7/23/2012 01:37:00 PM
O programa deste 31ª aniversário iniciar-se com a celebração de uma missa na igreja matriz.
Teve lugar a seguir, já no salão da sede da Associação, um par de palestras uma denominada Plantas "Mágicas", proferida pelo Prof. Aníbal Gonçalves, filho da terra e a segunda sobre a temática A estética no quotidiano de uma comunidade local, proferida pelo escultor Helder de Carvalho.
Na primeira interversão foram recordadas e dadas a conhecer espécies vegetais autóctones que tiveram, algumas ainda têm, grande interesse na alimentação da população local, ou como plantas aromáticas e/ou medicinais. Também foram apresentadas algumas espécies às quais se atribuem poderes especiais e outras venenosas.
Na apresentação do escultor Helder de Carvalho foram apresentadas algumas conclusões sobre a estética e a noção do belo na população do concelho. Este estudo, que incidiu sobre a estética há alguns anos atrás, mostrou que essa comunidade usava cores sóbrias, motivos geométricos, não desperdiçava recursos e respeitava um compromisso entre a aparência e a funcionalidade. Em todas as profissões e atividades culturais as preocupações estéticas estavam presentes e continuam presentes, sendo necessário fazer um inventário e um registo sistemático, para que estes património imaterial seja preservado.
É de salientar que para além da população local, que seguiu estas apresentações com muita atenção e até participação, esteve também presente um grupo de jovens escuteiros da vizinha Espanha, que participaram em todas as atividades.
Seguiu-se, ao final da tarde, um lanche convívio onde não faltaram algumas iguarias locais e um grande bolo de aniversário. Depois de cantados os parabéns (em duas línguas!) e de agradecida a presença e participação teve lugar um encontro de futebol de cinco.
Numa aldeia casa vez mais desertificada, estas iniciativas são de estrema importância. Houve tempo para a fé, para a cultura, para o desporto, mas, sobretudo para o encontro e convívio entre pessoas de gerações distintas. Funcionou, também, como pontapé de saída para dias mais agitados que se aproximam, com a chegada de muitos dos filhos da terra que, todos os verões, regressam a Zedes para matarem saudades.
Parabéns à ACDZ pela sua longevidade e por mais esta iniciativa.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 7/23/2012 01:37:00 PM
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Zedes
sábado, 21 de julho de 2012
[À Descoberta de Vila Flor] Cheira - Seixo de Manhoses(Gavião)
Fui sozinho, e já parti tarde, a escolha do local também se prendeu com estes dois fatores. O relevo para ir ao Gavião e voltar, não é muito acidentado e pode ser feito por caminhos e estradas, sem dificuldades de orientação e mais rápido. Claro que isto é na teoria.
O percurso de Vila Flor à barragem do Peneireiro foi feito pelo caminho habitual, partindo da Quinta da Pereira. É pena que aqui tenham destruído o caminho e nem sequer tenham deixado uma pequena berma para peões. Devem pensar que já ninguém anda a pé!
Os caminhos têm muito pó, e não são agradáveis. Aliado ao calor, fazem com que esta seja a pior altura para se fazerem passeios pedestres no concelho.
Quinta de São Domingos, às portas de Vila Flor |
Na piscina municipal já havia muitas pessoas em banhos, principalmente de sol, porque no fresco da manhã muitos têm medo da água.
Campo de trigo, junto ao IC5 |
Até Seixo de Manhoses segui pela estrada. É curioso verificar que nesta aldeia se continua a construir, bonitas vivendas, por sinal, amostra de que algumas terras poderão ainda ter futuro.
Albufeira do Peneireiro. Quase vazia mas ainda com alguma utilidade. |
Depois de se percorrerem exatamente 500 metros do caminho é necessário abandoná-lo, e seguir por outro à direita. Andando não mais de 30 metros é necessário seguir à direita pela borda do terreno. Desde o caminho do Gavião até ao Marco Geodésico são 260 metros. O marco não é muito (nada) visível, mas basta procurar o local mais elevado, não há outro em volta. A sul do marco há alguns pinheiros altos e um armazém rural, que foi reconstruido recentemente e que chama à atenção. Pode ajudar na orientação, caso não se descubra o marco. Há também nas imediações em medronheiro, de maior porte do que o normal, muito bonito.
Localização do Marco Geodésico partindo de Seixo de Manhoses |
Vista do vale da Vilariça e barragem Nabo/Ribeiro Grande |
Depois de visto talefe e a paisagem, é preferível regressar ao caminho pelo mesmo percurso.
A minha primeira ida ao local, em 2007 |
Há muito mato à volta do marco geodésico |
Do centro do Gavião cruzam-se 4 caminhos, o que segue para norte vai dar ao Arco. É um caminho muito agradável, com umas vistas fantásticas já percorrido por mim por diversas vezes. Não encontrei os medronheiros que normalmente por aqui abundam, mas há várias amoreiras com frutos maduros.
A entrada no Arco poderia ser um lugar paradisíaco, com o sussurrar da água no ribeiro, rodeado de hortas com as mais variadas hortaliças, decoradas com cérceas e gladíolos, se não fosse o cheiro nauseabundo que se sente já à distância. É dos esgotos, que frequentemente transbordam para o ribeiro.
Vista parcial da aldeia abandonada de Gavião |
Já passava da uma da tarde e o calor era intenso. Ainda tinha agendada uma passagem pela Fonte do Olmo, mas segui pela estrada em direção à vila.
Mais do que os 14 km percorridos, ou mesmo as fotografias tiradas, o mais saboroso foi mesmo a tranquilidade que se vive pela área percorrida. Com poucas vias de comunicação e com o chegar do verão, o movimento nos campos é mínimo. Parece que até os pássaros respeitam o silêncio dos lugares!
Amoreira com amoras. Seriam para a cultura do bicho da seda no Gavião? |
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 7/21/2012 05:17:00 PM
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sexta-feira, 20 de julho de 2012
[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Ai Adeganha - Canção
Ai Adeganha, terra formosa,
Botão de rosa, não tem rival.
O seu encanto não era ainda,
Terra mais linda de Portugal.
Ai queira Deus que não se acabem,
Ai em Moncorvo as inspeções.
Rapazes novos vão para Lamego,
Não tem medo são valentões.
Ai a Adeganha está de luto,
Por enterrarem o S. João.
Foram dizer adeus à bandeira
O ai, de lenço branco na mão.
Recolha feita pelo movimento Adeganha - Aldeia Viva, para a recriação da Segada e Malhada Tradicionais a 14 de julho de 2012, em Adeganha.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 7/20/2012 12:26:00 PM
Botão de rosa, não tem rival.
O seu encanto não era ainda,
Terra mais linda de Portugal.
Ai queira Deus que não se acabem,
Ai em Moncorvo as inspeções.
Rapazes novos vão para Lamego,
Não tem medo são valentões.
Ai a Adeganha está de luto,
Por enterrarem o S. João.
Foram dizer adeus à bandeira
O ai, de lenço branco na mão.
Recolha feita pelo movimento Adeganha - Aldeia Viva, para a recriação da Segada e Malhada Tradicionais a 14 de julho de 2012, em Adeganha.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 7/20/2012 12:26:00 PM
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Tradições
[A Linha é Tua] A UNESCO e o TUA
Bem pode o laureado Souto Moura, arquitecto muito apreciado e distinguido nos Foruns internacionais, puxar pela cabeça, esmerar-se e caprichar no seu projecto de tentar ocultar a gigantesca parede de betão que a poderosa EDP, contra ventos e marés sob os protestos de esclarecidos resistentes dos Movimentos Cívicos e insuspeitos órgãos de informação como é exemplo este jornal, decidiu construir na foz do rio Tua em arriscada e porventura negligente colisão com o estatuto do Douro Património Mundial.
Ainda que a sua obra possa ser aplaudida, cujo preço os portugueses por enquanto desconhecem mas que por certo não contemplará nenhum desconto ao dono da encomenda, ela será sempre um bonito penso de proteção em cima duma cicatriz testemunha de má e insensata intervenção do seu executor!
Chegados ao epílogo deste tempestuoso romance configurado na construção apressada duma barragem hidro-eléctrica no ponto onde o sofrido rio Tua se entrega extenuado no portentoso Douro, já não vale a pena argumentar com a destruição dum vale único pela sua singular beleza, nem da sua linha ferroviária orgulho da Engenharia portuguesa e que com alguma imaginação poderia ser a alavanca para o tão necessário quanto vital desenvolvimento sustentado da região empobrecida que parece não causar preocupação aos sucessivos governos da República. Como também não vale a pena trazer de novo à baila os poderosos argumentos fruto de cuidados estudos universitários que demonstram ser dispensável a intervenção no rio Tua como fonte de aumento de produção energética.
O que está agora em apreço é a anunciada visita da Unesco, agência das Nações Unidas para os assuntos da ciência e cultura com grande predomínio dos desafios ambientais e que deu finalmente um sinal de alerta recomendando o "Ralentissement" das obras que a EDP, frenética e arrogante, desencadeou num abrir e fechar de olhos! Da Unesco, todos esperamos uma decisão transparente, alheia a pressões e que defenda os valores um Património que sendo único, é da Humanidade e por isso de todos nós.
É que gato escondido com rabo de fora, não é do agrado de ninguém, nem é para os tempos que correm. O turismo internacional que ora invadiu o Douro, "a realidade mais séria que temos entre nós,"(1) e que tanto ajuda as nossas pobres finanças, não aceita nem perdoará beliscaduras na imaculada simbiose da natureza e do homem. Ainda que tenha a assinatura do melancólico e criativo Souto Moura!
Mirandela, 17-7-2012
José Manuel Pavão
(1) Miguel Torga
--
Publicada por Blogger em A Linha é Tua a 7/20/2012 11:58:00 AM
Ainda que a sua obra possa ser aplaudida, cujo preço os portugueses por enquanto desconhecem mas que por certo não contemplará nenhum desconto ao dono da encomenda, ela será sempre um bonito penso de proteção em cima duma cicatriz testemunha de má e insensata intervenção do seu executor!
Chegados ao epílogo deste tempestuoso romance configurado na construção apressada duma barragem hidro-eléctrica no ponto onde o sofrido rio Tua se entrega extenuado no portentoso Douro, já não vale a pena argumentar com a destruição dum vale único pela sua singular beleza, nem da sua linha ferroviária orgulho da Engenharia portuguesa e que com alguma imaginação poderia ser a alavanca para o tão necessário quanto vital desenvolvimento sustentado da região empobrecida que parece não causar preocupação aos sucessivos governos da República. Como também não vale a pena trazer de novo à baila os poderosos argumentos fruto de cuidados estudos universitários que demonstram ser dispensável a intervenção no rio Tua como fonte de aumento de produção energética.
O que está agora em apreço é a anunciada visita da Unesco, agência das Nações Unidas para os assuntos da ciência e cultura com grande predomínio dos desafios ambientais e que deu finalmente um sinal de alerta recomendando o "Ralentissement" das obras que a EDP, frenética e arrogante, desencadeou num abrir e fechar de olhos! Da Unesco, todos esperamos uma decisão transparente, alheia a pressões e que defenda os valores um Património que sendo único, é da Humanidade e por isso de todos nós.
É que gato escondido com rabo de fora, não é do agrado de ninguém, nem é para os tempos que correm. O turismo internacional que ora invadiu o Douro, "a realidade mais séria que temos entre nós,"(1) e que tanto ajuda as nossas pobres finanças, não aceita nem perdoará beliscaduras na imaculada simbiose da natureza e do homem. Ainda que tenha a assinatura do melancólico e criativo Souto Moura!
Mirandela, 17-7-2012
José Manuel Pavão
(1) Miguel Torga
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quinta-feira, 19 de julho de 2012
[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Visita a Cilhades
A Câmara Municipal de Alfândega da Fé organizou, em parceria com a EDP, uma visita à estação arqueológica de Cilhades, no dia 7 de julho.
Não costumo ter uma postura tranquila quando vejo o logótipo da EDP envolvido. Sempre fui, e serei, contra as barragens no rio Tua e Sabor, mas achei que esta iniciativa é daquelas que se repetem poucas vezes e não quis perder a oportunidade. Contactei o posto de Turismo de Alfândega e fiz a minha inscrição (paravam-se 5€).
Cheguei a Alfândega pouco antes da hora prevista, as 2 da tarde. Percorri pela primeira vez a o IC5 entre a Vilariça e a Vila, parecendo-me o caminho bem mais curto e rápido. Ao chegar a Alfândega senti-me completamente "perdido". Não é normal eu ficar desorientado, direi mesmo desNorteado, mas acho que isso se deveu a ir com atenção ao GPS (só por curiosidade) que também não reconhecia a estrada.
Para piorar as coisas a vila está completamente "em pantanas". Há paralelos por todos os cantos, os passeios estão desfeitos e as ruas esburacadas. Não tem um aspeto muito acolhedor. Só me senti orientado quando cheguei ao centro.
À hora marcada estava cheio um mini-autocarro e uma carrinha de nove lugares, cerca de 30 pessoas. Ao que percebi a procura excedeu as disponibilidades da oferta, sendo necessário limitar as inscrições.
Conheço relativamente bem a estrada de Alfândega à Póvoa, já no concelho de Torre de Moncorvo. Gouveia, Adeganha, Cardanha e Póvoa são aldeias que já visitei várias vezes. Quase não dá para imaginar, mas a minha esposa já lecionou na Cardanha. Nessa altura os alunos da Póvoa deslocavam-se para a Cardanha num táxi!
Fizemos uma paragem nos estaleiros da barragem. Distribuíram coletes, capacetes e panfletos sobre a obra. O meu constrangimento começou quando iniciámos a descida até às margens do Sabor. A desolação é tremenda. Nunca frequentei uma área de guerra, mas foi essa a ideia com que fiquei ao ver quilómetros de montanhas esventradas.
Este triste cenário ficou para trás e aproximar-nos de Cilhades, no termo de Felgar, concelho de Torre de Moncorvo. Já tinha estado no local algumas vezes, por isso tinha alguma ideia do que iria encontrar.
A primeira paragem aconteceu no sítio arqueológico do Castelinho, alto amuralhado datado da Idade do Ferro. Este lugar era completamente novo para mim, mas tive dividir o tempo e a atenção entre a fotografia e a audição das explicações da equipa de arqueólogos no local. Fiquei positivamente surpreendido com a forma como o sítio foi apresentado, de forma simples, clara e creio que suficientemente histórica para todos perceberem o que se apresentava a nossos olhos.
O sítio fortificado parece estar datado da II Idade do Ferro, tendo um perímetro oval com cerca de 100 metros de comprido, com 60 de largo. A largura da muralha é de aproximadamente 4 metros mas no lugar mais acessível chega a ter 11 metros! Externamente há um conjunto de fossos a completar a linha defensiva. Na extremidade sul há uma rampa que dá acesso a uma entrada ladeada por dois torreões. Todo o interior está repleto de estruturas interessantes, que só os arqueólogos sabem descrever com exatidão. Além das estruturas visíveis têm sido encontradas muitos fragmentos cerâmicos, fíbuários de vários tipos, um anel, várias moedas, etc. Embora o sítio não tenha sido romanizado (possivelmente não era suficientemente atrativo), as moedas encontradas eram romanas sendo uma datada do ano 7 a.C.
Também já foi encontrada uma cabeça antropomórfica, em granito. O que eu achei mais interessante foi mesmo um vasto conjunto de lajes em xisto, com os mais variados motivos gravados. Foi-nos mostrada uma no local, mas vimos um extenso conjunto delas nos estaleiro, na sala de Espólio.
A segunda paragem aconteceu na necrópole do Laranjal, a menor altitude, já no complexo de Cilhades. O nome Laranjal advém da existência de um conjunto de laranjeiras, numa zona com mais de solo. Mas as sepulturas ultrapassam essa zona e espalham-se pela encosta, umas simplesmente escavadas na terra, outras bem delimitadas e cobertas por lajes em xisto. Aqui foram encontrados muitos ossos e alguns esqueletos quase completos. A existência deste cemitério era do conhecimento de algumas pessoas de Felgar, dado que alguns artefactos foram surgindo à superfície denunciando a sua presença. Deve ser do período medieval.
Mais próximo das casas apresenta-se outra área onde há grande atividade de escavação. É o cemitério dos Mouros. A área é grande, mostrando muros de diferentes períodos, mas não nos foram mostrados elementos de relevo.
Visitámos algumas casas onde onde nos foi explicado como estavam organizadas e para que serviam.
Por último visitámos a pequena capela de S. Lourenço. Foram feitas prospeções no chão e nas paredes. É possível perceber que a capela tinha uma sacristia encostada, que foi destruída e o acesso tapado. A talha do altar estava coberta por uma tela.
É possível que a primeira capela se situasse no antigo cemitério do Laranjal. Há no local uma estrutura mais elaborada, com algumas pedras em granito, que pode bem ser a base de uma pequena capela. Foi também nesta área que foi encontrada uma ara votiva de granito dedicada a Tutela, um dos achados mais recentes mais relevantes. Já anteriormente tinha sido encontrada no local outra ara votiva dedicada a Denso (ambas divindades tutelares).
A capela de S. Lourenço vai ser transladada para um local mais elevado, na margem oposta do rio.
Abandonámos Cilhades. O dia estava luminoso mas fazia algum vento e a poeira dificultou a visita e a audição das explicações, mas fiquei bastante satisfeito com o que vi, ouvi e fotografei.
A paragem seguinte foi junto ao paredão da barragem. Quando atravessámos o leito do rio (moribundo), parecia que o paredão era gigantesco, mas quando nos colocámos à altitude a que vai chegar deu para perceber que ainda vai ser necessário fabricar muito betão (para contentamento do eng, Sócrates). O paredão vai ter 123 metros de altura. Os poços onde vão ficar as duas turbinas estão completamente enfiados na montanha granítica, não se vendo mais do que o local de saída da água para o exterior. Não vai haver nenhum sistema a possibilitar a circulação de peixes. Na barragem mais pequena, a jusante, será construido um percurso alternativo (via ribeira da Vilariça) para a circulação dos peixes. Espero bem que isso não fique só no plano das intenções, como está a ficar a alternativa ferroviária, na Linha do Tua, na barragem de Foz-Tua.
Quando a barragem estiver concluída vai ser possível circular. O estradão que serve para os camiões vai ser transformado em estrada e estão já marcados alguns miradouros!
Toda a maquinaria estava em funcionamento, produzindo betão, que era despejado no paredão. Mesmo não partilhando da miragem do progresso e do benefício nacional que algumas pessoas veem nestas estruturas, não deixa de ser impressionante a capacidade do homem organizar tanta maquinaria, cabos, tubagens, etc. sendo capaz de mover montanhas.
Voltámos a atravessar o leito seco do rio em direção a Póvoa, onde se situam os estaleiros e o Gabinete de Espólio. A par do Castelinho e da necrópole do Laranjal, este foi um dos locais mais interessantes da visita. É impressionante o espólio recolhido! Foram-nos mostrados os achados mais importantes, podendo fazer perguntas e tirar fotografias. No entanto, fomos alertados para o facto de não deveram ser publicadas fotografias, o que me deixou bastante limitado. As lajes em xisto com guerreiros a cavalo, veados, javalis, ou simples padrões de riscas, ou estrelas impressionaram-me.
Nem todo o espólio está tratado, existindo muitos achados encaixotados à espera da sua vez. Acredito que haja grande entusiasmo, porque os achados são de relevo e têm sido apresentados em encontros de arqueologia em Portugal e Espanha.
Se eu já tinha reservas quanto à construção da barragem - não me consigo esquecer que vai destruir território da Rede Natura 2000 - agora fico com a certeza de que também vai submergir importantes sítios arqueológicos. É que além daqueles que estão a ser estudados, e só do período românico já são bastantes, quantos mais se perderão para sempre?
Está assumido que a barragem vai produzir pouca energia, não vai servir para rega, funcionando principalmente como reserva de água e de energia! Está por estudar o duplo sistema de turbinagem e bombagem e a experiência já está a ficar-nos cara, mesmo sem sabermos se vai dar resultado. Será que as eólicas vão cumprir a sua função? Será que os parques eólicos conseguem manter-se sem os exagerados apoios estatais? São muitas perguntas por responder.
Terminada a visita à sala de Espólio terminou também o programa de visita, com o regresso a Alfândega da Fé, um pouco depois da hora prevista, porque toda a gente estava bastante entusiasmada.
Independentemente da minha posição em relação à construção da barragem gostei muito da visita. Cilhades e a zona envolvente, são espaços de acesso livre, podendo ser visitados. Os arqueólogos presentes mostraram disponibilidade para prestar esclarecimentos a potenciais visitantes. A obra do Escalão e a Sala do Espólio só são acessíveis em visitas autorizadas pela EDP, em iniciativas semelhantes a esta.
Ainda não está definido, ou eu não consegui perceber, o destino a dar ao espólio. As equipas de arqueólogos farão a divulgação gradual, em encontros ou artigos científicos, mas que não chegam ao grande publico. É natural que Torre de Moncorvo esteja interessado em manter e mostrar todo este espólio. A antiga escola Primária de Felgar pode ser a solução. Será necessário bastante espaço porque o espólio já é vasto e variado, mas, pelo que li, a referida escola tem 6 salas e alguma área coberta. O importante é não deixar sair o espólio da região, tal como já aconteceu com outro, nomeadamente algum encontrado no vale da Vilariça.
Já em Alfândega da Fé decidi não usar o IC5 para voltar a casa. Percorrer as estradas estreitas e sinuosas do concelho é uma coisa que me dá muito prazer. Posso fazer inúmeras paragens, conhecer as pequenas aldeias e Descobrir as belezas do concelho.
Nota:
Esta reportagem foi inicialmente publicada no Blogue À Descoberta de Alfândega da Fé, porque a visita foi organizada pelo município Alfandeguense, mas, como o território visitado se situa no concelho de Torre de Moncorvo, pareceu-me bem republica-lo aqui.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 7/19/2012 08:00:00 AM
Não costumo ter uma postura tranquila quando vejo o logótipo da EDP envolvido. Sempre fui, e serei, contra as barragens no rio Tua e Sabor, mas achei que esta iniciativa é daquelas que se repetem poucas vezes e não quis perder a oportunidade. Contactei o posto de Turismo de Alfândega e fiz a minha inscrição (paravam-se 5€).
Cheguei a Alfândega pouco antes da hora prevista, as 2 da tarde. Percorri pela primeira vez a o IC5 entre a Vilariça e a Vila, parecendo-me o caminho bem mais curto e rápido. Ao chegar a Alfândega senti-me completamente "perdido". Não é normal eu ficar desorientado, direi mesmo desNorteado, mas acho que isso se deveu a ir com atenção ao GPS (só por curiosidade) que também não reconhecia a estrada.
Para piorar as coisas a vila está completamente "em pantanas". Há paralelos por todos os cantos, os passeios estão desfeitos e as ruas esburacadas. Não tem um aspeto muito acolhedor. Só me senti orientado quando cheguei ao centro.
À hora marcada estava cheio um mini-autocarro e uma carrinha de nove lugares, cerca de 30 pessoas. Ao que percebi a procura excedeu as disponibilidades da oferta, sendo necessário limitar as inscrições.
Conheço relativamente bem a estrada de Alfândega à Póvoa, já no concelho de Torre de Moncorvo. Gouveia, Adeganha, Cardanha e Póvoa são aldeias que já visitei várias vezes. Quase não dá para imaginar, mas a minha esposa já lecionou na Cardanha. Nessa altura os alunos da Póvoa deslocavam-se para a Cardanha num táxi!
Fizemos uma paragem nos estaleiros da barragem. Distribuíram coletes, capacetes e panfletos sobre a obra. O meu constrangimento começou quando iniciámos a descida até às margens do Sabor. A desolação é tremenda. Nunca frequentei uma área de guerra, mas foi essa a ideia com que fiquei ao ver quilómetros de montanhas esventradas.
Este triste cenário ficou para trás e aproximar-nos de Cilhades, no termo de Felgar, concelho de Torre de Moncorvo. Já tinha estado no local algumas vezes, por isso tinha alguma ideia do que iria encontrar.
A primeira paragem aconteceu no sítio arqueológico do Castelinho, alto amuralhado datado da Idade do Ferro. Este lugar era completamente novo para mim, mas tive dividir o tempo e a atenção entre a fotografia e a audição das explicações da equipa de arqueólogos no local. Fiquei positivamente surpreendido com a forma como o sítio foi apresentado, de forma simples, clara e creio que suficientemente histórica para todos perceberem o que se apresentava a nossos olhos.
O sítio fortificado parece estar datado da II Idade do Ferro, tendo um perímetro oval com cerca de 100 metros de comprido, com 60 de largo. A largura da muralha é de aproximadamente 4 metros mas no lugar mais acessível chega a ter 11 metros! Externamente há um conjunto de fossos a completar a linha defensiva. Na extremidade sul há uma rampa que dá acesso a uma entrada ladeada por dois torreões. Todo o interior está repleto de estruturas interessantes, que só os arqueólogos sabem descrever com exatidão. Além das estruturas visíveis têm sido encontradas muitos fragmentos cerâmicos, fíbuários de vários tipos, um anel, várias moedas, etc. Embora o sítio não tenha sido romanizado (possivelmente não era suficientemente atrativo), as moedas encontradas eram romanas sendo uma datada do ano 7 a.C.
Também já foi encontrada uma cabeça antropomórfica, em granito. O que eu achei mais interessante foi mesmo um vasto conjunto de lajes em xisto, com os mais variados motivos gravados. Foi-nos mostrada uma no local, mas vimos um extenso conjunto delas nos estaleiro, na sala de Espólio.
A segunda paragem aconteceu na necrópole do Laranjal, a menor altitude, já no complexo de Cilhades. O nome Laranjal advém da existência de um conjunto de laranjeiras, numa zona com mais de solo. Mas as sepulturas ultrapassam essa zona e espalham-se pela encosta, umas simplesmente escavadas na terra, outras bem delimitadas e cobertas por lajes em xisto. Aqui foram encontrados muitos ossos e alguns esqueletos quase completos. A existência deste cemitério era do conhecimento de algumas pessoas de Felgar, dado que alguns artefactos foram surgindo à superfície denunciando a sua presença. Deve ser do período medieval.
Mais próximo das casas apresenta-se outra área onde há grande atividade de escavação. É o cemitério dos Mouros. A área é grande, mostrando muros de diferentes períodos, mas não nos foram mostrados elementos de relevo.
Visitámos algumas casas onde onde nos foi explicado como estavam organizadas e para que serviam.
Por último visitámos a pequena capela de S. Lourenço. Foram feitas prospeções no chão e nas paredes. É possível perceber que a capela tinha uma sacristia encostada, que foi destruída e o acesso tapado. A talha do altar estava coberta por uma tela.
É possível que a primeira capela se situasse no antigo cemitério do Laranjal. Há no local uma estrutura mais elaborada, com algumas pedras em granito, que pode bem ser a base de uma pequena capela. Foi também nesta área que foi encontrada uma ara votiva de granito dedicada a Tutela, um dos achados mais recentes mais relevantes. Já anteriormente tinha sido encontrada no local outra ara votiva dedicada a Denso (ambas divindades tutelares).
A capela de S. Lourenço vai ser transladada para um local mais elevado, na margem oposta do rio.
Abandonámos Cilhades. O dia estava luminoso mas fazia algum vento e a poeira dificultou a visita e a audição das explicações, mas fiquei bastante satisfeito com o que vi, ouvi e fotografei.
A paragem seguinte foi junto ao paredão da barragem. Quando atravessámos o leito do rio (moribundo), parecia que o paredão era gigantesco, mas quando nos colocámos à altitude a que vai chegar deu para perceber que ainda vai ser necessário fabricar muito betão (para contentamento do eng, Sócrates). O paredão vai ter 123 metros de altura. Os poços onde vão ficar as duas turbinas estão completamente enfiados na montanha granítica, não se vendo mais do que o local de saída da água para o exterior. Não vai haver nenhum sistema a possibilitar a circulação de peixes. Na barragem mais pequena, a jusante, será construido um percurso alternativo (via ribeira da Vilariça) para a circulação dos peixes. Espero bem que isso não fique só no plano das intenções, como está a ficar a alternativa ferroviária, na Linha do Tua, na barragem de Foz-Tua.
Quando a barragem estiver concluída vai ser possível circular. O estradão que serve para os camiões vai ser transformado em estrada e estão já marcados alguns miradouros!
Toda a maquinaria estava em funcionamento, produzindo betão, que era despejado no paredão. Mesmo não partilhando da miragem do progresso e do benefício nacional que algumas pessoas veem nestas estruturas, não deixa de ser impressionante a capacidade do homem organizar tanta maquinaria, cabos, tubagens, etc. sendo capaz de mover montanhas.
Voltámos a atravessar o leito seco do rio em direção a Póvoa, onde se situam os estaleiros e o Gabinete de Espólio. A par do Castelinho e da necrópole do Laranjal, este foi um dos locais mais interessantes da visita. É impressionante o espólio recolhido! Foram-nos mostrados os achados mais importantes, podendo fazer perguntas e tirar fotografias. No entanto, fomos alertados para o facto de não deveram ser publicadas fotografias, o que me deixou bastante limitado. As lajes em xisto com guerreiros a cavalo, veados, javalis, ou simples padrões de riscas, ou estrelas impressionaram-me.
Nem todo o espólio está tratado, existindo muitos achados encaixotados à espera da sua vez. Acredito que haja grande entusiasmo, porque os achados são de relevo e têm sido apresentados em encontros de arqueologia em Portugal e Espanha.
Se eu já tinha reservas quanto à construção da barragem - não me consigo esquecer que vai destruir território da Rede Natura 2000 - agora fico com a certeza de que também vai submergir importantes sítios arqueológicos. É que além daqueles que estão a ser estudados, e só do período românico já são bastantes, quantos mais se perderão para sempre?
Está assumido que a barragem vai produzir pouca energia, não vai servir para rega, funcionando principalmente como reserva de água e de energia! Está por estudar o duplo sistema de turbinagem e bombagem e a experiência já está a ficar-nos cara, mesmo sem sabermos se vai dar resultado. Será que as eólicas vão cumprir a sua função? Será que os parques eólicos conseguem manter-se sem os exagerados apoios estatais? São muitas perguntas por responder.
Terminada a visita à sala de Espólio terminou também o programa de visita, com o regresso a Alfândega da Fé, um pouco depois da hora prevista, porque toda a gente estava bastante entusiasmada.
Independentemente da minha posição em relação à construção da barragem gostei muito da visita. Cilhades e a zona envolvente, são espaços de acesso livre, podendo ser visitados. Os arqueólogos presentes mostraram disponibilidade para prestar esclarecimentos a potenciais visitantes. A obra do Escalão e a Sala do Espólio só são acessíveis em visitas autorizadas pela EDP, em iniciativas semelhantes a esta.
Ainda não está definido, ou eu não consegui perceber, o destino a dar ao espólio. As equipas de arqueólogos farão a divulgação gradual, em encontros ou artigos científicos, mas que não chegam ao grande publico. É natural que Torre de Moncorvo esteja interessado em manter e mostrar todo este espólio. A antiga escola Primária de Felgar pode ser a solução. Será necessário bastante espaço porque o espólio já é vasto e variado, mas, pelo que li, a referida escola tem 6 salas e alguma área coberta. O importante é não deixar sair o espólio da região, tal como já aconteceu com outro, nomeadamente algum encontrado no vale da Vilariça.
Já em Alfândega da Fé decidi não usar o IC5 para voltar a casa. Percorrer as estradas estreitas e sinuosas do concelho é uma coisa que me dá muito prazer. Posso fazer inúmeras paragens, conhecer as pequenas aldeias e Descobrir as belezas do concelho.
Nota:
Esta reportagem foi inicialmente publicada no Blogue À Descoberta de Alfândega da Fé, porque a visita foi organizada pelo município Alfandeguense, mas, como o território visitado se situa no concelho de Torre de Moncorvo, pareceu-me bem republica-lo aqui.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 7/19/2012 08:00:00 AM
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Felgar,
Património
quarta-feira, 18 de julho de 2012
[À Descoberta de Vila Flor] Na matriz de Vila Flor
O Bispo da diocese de Miranda-Bragança, José Cordeiro, em Vila Flor, a 1 de julho de 2012.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 7/18/2012 08:30:00 PM
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 7/18/2012 08:30:00 PM
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5360 Vila Flor,
Festas e feiras,
Património,
Vila Flor
[À Descoberta de Vila Flor] Vila Flor, concelho - no Facebook
O Blogue À Descoberta de Vila Flor tem estado menos dinâmico devido a um conjunto de fatores. Por um lado há um conjunto de iniciativas dos concelhos vizinhos, que chamam a atenção e não se pode estar em dois lados ao mesmo tempo. As atividades em que participo podem ser acompanhadas no endereço TrasOsMontes.net, em formato blogue. Por outro lado, não totalmente convicto, mas não ficando alheio ao fenómeno, passei parte da minha atividade online para o Facebook. Assim nasceu a página VILA FLOR, CONCELHO.
Depois de algum tempo de reconhecimento e adaptação à plataforma, optei pela criação de uma Página, (também) porque já existiam alguns Grupos, muitos especificamente dedicados a aldeias do concelho.
A Página Vila Flor, concelho é mais um espaço de divulgação do concelho, aberto à participação, mas com algum rigor e qualidade (atributos pouco frequentes no Face).
Para aderirem e acompanharem a Página, basta entrarem nela e clicarem em GOSTO. A partir daí poderão acompanhar a Página e participar nela. Apenas serão aceites fotografias, cartazes, notícias, etc. que, de alguma forma, promovam a divulgação do concelho. Pensamentos, cartoons, etc. serão removidos.
Poderão acompanhar Vila Flor e outros concelhos vizinhos na Página do Facebook TrásOsMontes.net (https://www.facebook.com/TrasOsMontes.net).
A minha página pessoal poderá não apresentar a minha verdadeira identificação, isto porque insisto em manter alguma separação entre o que é o meu gosto por explorar e conhecer novas paragens e a minha vida pessoal e profissional.
Apesar disso, aceito "amigos", desde que haja decência e respeito. O nome que utilizo é Trasmontano, À Descoberta, (https://www.facebook.com/transmontanonet) e aí podem ver algumas fotografias que ainda não foram publicadas no blogue, ou nem serão. O Facebook tem realmente esta vantagem, é muito fácil publicar coisas (também tem muitas desvantagens).
Não pretendo descurar o Blogue em função do Facebook. Pretendo apenas a divulgação do concelho e, se for possível, que algumas pessoas que por lá navegam visitem o Blogue À Descoberta de Vila Flor e se desloquem ao concelho.
Visite, adira, participe.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 7/18/2012 01:33:00 PM
Depois de algum tempo de reconhecimento e adaptação à plataforma, optei pela criação de uma Página, (também) porque já existiam alguns Grupos, muitos especificamente dedicados a aldeias do concelho.
A Página Vila Flor, concelho é mais um espaço de divulgação do concelho, aberto à participação, mas com algum rigor e qualidade (atributos pouco frequentes no Face).
Para aderirem e acompanharem a Página, basta entrarem nela e clicarem em GOSTO. A partir daí poderão acompanhar a Página e participar nela. Apenas serão aceites fotografias, cartazes, notícias, etc. que, de alguma forma, promovam a divulgação do concelho. Pensamentos, cartoons, etc. serão removidos.
Poderão acompanhar Vila Flor e outros concelhos vizinhos na Página do Facebook TrásOsMontes.net (https://www.facebook.com/TrasOsMontes.net).
A minha página pessoal poderá não apresentar a minha verdadeira identificação, isto porque insisto em manter alguma separação entre o que é o meu gosto por explorar e conhecer novas paragens e a minha vida pessoal e profissional.
Apesar disso, aceito "amigos", desde que haja decência e respeito. O nome que utilizo é Trasmontano, À Descoberta, (https://www.facebook.com/transmontanonet) e aí podem ver algumas fotografias que ainda não foram publicadas no blogue, ou nem serão. O Facebook tem realmente esta vantagem, é muito fácil publicar coisas (também tem muitas desvantagens).
Não pretendo descurar o Blogue em função do Facebook. Pretendo apenas a divulgação do concelho e, se for possível, que algumas pessoas que por lá navegam visitem o Blogue À Descoberta de Vila Flor e se desloquem ao concelho.
Visite, adira, participe.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Vila Flor a 7/18/2012 01:33:00 PM
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Vila Flor
[À Descoberta de Carrazeda de Ansiães] em Pinhal do Norte
A fotografia foi tirada durante a Rota das Maias, iniciativa da Associação Cultura Recreativa de Pombal de Ansiães, mas a fotografia foi tirada em Pinhal do Norte.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 7/18/2012 07:00:00 AM
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Carrazeda de Ansiães a 7/18/2012 07:00:00 AM
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5140 Carrazeda de Ansiães,
Fotografias,
Pinhal do Norte
[À Descoberta de Alfândega da Fé] Cruzeiro em Gouveia
Não é nem o mais importante nem o mais bonito cruzeiro de Gouveia, mas também é digno de ser mostrado (ainda mais com um trabalho de texturas a dar-lhe um ar de pintura).
Está situado junto à entrada (ou à saída) da aldeia, na estrada que liga Gouveia à Cardanha.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Alfândega da Fé a 7/17/2012 07:17:00 PM
Está situado junto à entrada (ou à saída) da aldeia, na estrada que liga Gouveia à Cardanha.
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Alfândega da Fé a 7/17/2012 07:17:00 PM
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5350 Alfândega da Fé,
Fotografias,
Gouveia,
Património
[À Descoberta de Torre de Moncorvo] Segada e malhada tradicionais em Adeganha (2ªParte)
Continuação de: Segada e malhada tradicionais em Adeganha (1ªParte)
Depois de almoço fiz um passeio pela aldeia visitando alguns espaços onde decorriam atividades.
Na Capela de Nª Sª do Rosário passavam ininterruptamente registos do passado. Gostei de conhecer o interior da capela porque já tinha fotografado o exterior em 2008, numa das minhas primeiras visitas à aldeia.
Na antiga Escola Primária decorreram atividades ao longo de quase todo o dia e estava patente uma exposição. O tear era o centro das atenções. A senhora Isabel Marinho manejava-o com a mestria de quem passa muitas horas neste ofício. Isto porque não o faz apenas para exibição, mas porque este é o seu trabalho de todos os dias. Os batimentos secos e repetidos nas tiras de trapos e a cadência alternada dos pedais despertavam as mais inesperadas perguntas das pessoas que nunca tinham visto um tear a funcionar. Era possível perceber o tratamento do linho e da lã, conhecer os artefactos, tocar no linho, na estopa, na linhaça, e, para finalizar, apreciar bonitos trabalhos feitos em linho e em lã, não peças do passado, mas peças que atualmente ainda têm grande procura e são muito bem pagas.
Na escola funcionou a oficina de cardar e fiar, durante a manhã e oficina de urdir e tecer, durante a tarde. Também existiam espalhados pelo recreio jogos tradicionais como andas, piões, macaca, aro, etc.
Regressei ao largo, centro da festa. Não queria perder as principais atividades, a segada e a malhada. O campo a ceifar não era distante da aldeia. Pelo caminho ainda passei pelo forno, onde durante a manhã se fizeram económicos e pão, mas já "estava frio".
Pelas 5 da tarde chegou o "cortejo"! Foram muitas as pessoas que compareceram para verem e participarem na segada e malhada tradicionais. No mesmo horário estava ainda a decorrer na igreja de São Tiago Maior uma visita guiada (paga) patrocinada pela Direção Regional de Cultura do Norte, sendo impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo!
A segada começou num ambiente de festa. Eram mais os fotógrafos do que os segadores. Pareceu-me os olhos de ambos brilhavam de entusiasmo. Alguns dos segadores não realizavam semelhante tarefa há algumas décadas!
Gritava-se - O burro gosta da palha! Esta nunca tinha escutado mas percebe-se rapidamente; é mais fácil e rápido cortar o cereal mais pelo alto, mas os verdadeiros "profissionais" cortavam a palha o mais rente ao solo possível, aproveitando-a ao máximo.
Cada um mostrou o melhor de si na seleção da granheira, no amanhar das gabelas e na feitura dos molhos. Os dedais ajudavam e as manadas eram fartas. Demonstrou-se a feitura dos banceilhos e os visitantes puderam aprender o manejo da seitoira e testar a sua destreza. Eu não quis ficar de fora.
Chegou a canastra com a merenda e cabaça do vinho (para fazer esquecer as bilhas com água). A merenda não passou de uma simulação. Não se fizeram relheiros e passou-se à acarraja. Alguns molhos foram carregados às costas pelos segadores, outros foram carregados num burro (coitado do burro que passou toda a manhã a passear turistas!).
A eira estava próxima. Tal como eu, muitos dos presentes pouca memória terão das malhadas feitas com de forma manual, com um malho. Assisti, acho que pela primeira vez, ao astrar do cereal (espalhá-lo na eira para ser malhado), fazendo a covela, até o eirado ficar completo.
O trabalho violento e cansativo de retirar o grão da espiga com pancadas repetidas do malho não é comum em todas as zonas do nordeste. No Planalto Mirandês era feito com a ajuda de animais atrelados a uma alfaia própria com o nome de trilho. O mesmo procedimento era utilizado para o grão-de-bico, tremoço e lentilhas.
Durante a malhada o grupo coral entoou algumas canções típicas da malhada. A primeira passagem, a decrua, é muito violenta e o bater cadenciado e sincronizado os malhos é a melhor "música" que se pode ouvir, mas, depois de virada a covela e o eirado, começa a entravessa (segunda passagem) com pancadas menos violentas das mangueiras.
Os cânticos foram recolhidos e treinados previamente. Na encenação prévia das atividades de segada e malhada (e do baile) esteve o grupo de teatro "Alma de Ferro" de Torre de Moncorvo.
O vento não se mostrou colaborante, mas conseguiu-se separar o coanho ou rabeiras do grão após alguma insistência e muito jeito.
Terminada a tarefa, a merenda da malhada foi servida na sombra de um gigantesco sobreiro, próximo da eira, numa toalha, no chão. Convencidos de que haveria muitos candidatos para a merenda, apenas levaram 6 pratos, os suficientes para os malhadores. Mesmo assim, usou-se uma técnica antiga com várias pessoas a comerem do mesmo prato! O aspeto das migas de bacalhau era fantástico e o sabor ainda melhor. Estou convencido que numa situação real na toalha haveria muitas mais iguarias.
O grupo regressou ao largo das Amoreiras, para o ensaio do baile. Não ao som a música popular mas de canções tradicionais de Adeganha, dançadas em jogos de roda.
Vamos seguindo avante,
Caminhos da nossa aldeia,
Mostrando as nossas rendas,
Mais as nossas finas meias.
E nós os nossos calções,
Nossos pés tão delicados,
Nossos copinhos bem feitos,
Pelas damas invejados.
O "mestre" dos ensaios e impulsionador do evento, André, bem se esforçava por conversa os pares do baile de que os passos eram simples, mas alguns pés de chumbo teimavam em trocar a esquerda com a direita, ou em se agarrarem à mulher do par do lado. Depois de algumas repetições, as coisas começaram a funcionar. Eu também ensaiei alguns passos de dança.
Contrariamente àquilo que eu esperava, à ceia o movimento foi bastante menor do que ao almoço. Só na barraquinha onde eu almocei foram servidos mais de 70 refeições, mas à noite tudo esteve mais calmo. A ementa também era recheada e eu aproveitei para terminar com as migas da segada e uma alheira assada nas brasas.
Pelo recinto alguns grupos tentavam espetar pregos num cepo, para testarem quem seria o mais rápido. Não sei se pelo calor da bebida ou se pela falta de luz (ou de jeito), a maior parte das marteladas saía ao lado.
Mais tarde atuou o grupo Mindibaile, que executou música para dançar, e executaram-se as danças treinadas ao fim da tarde. Já não estive presente nessa parte da festa, mas a julgar pelas fotografias que já vi, deve ter sido um final bastante animado.
Estas atividades designadas Segada e Malhadas tradicionais deram uma dinâmica diferente à aldeia de Adeganha, justificando a utilização das palavras Aldeia Viva. Essa dinâmica não apareceu no dia 14 de julho, iniciou-se muito antes, com investigação, planificação e ensaio de todas as atividades. Tudo isto surgiu graças a um movimento designado Adeganha, Aldeia Viva que integra algumas pessoas envolvidas nos estudos arqueológicos a decorrer no vale do sabor na consequência da seu aproveitamento hidroelétrico, com a tão polémica barragem e que residem temporariamente em Adeganha.
Houve também o apoio direto da ACE, consórcio formado para a construção da barragem e do grupo de teatro Alma de Ferro. A Junta de Freguesia "está sempre presente", como o seu Presidente me disse. Estranhamente a Câmara Municipal preferiu ficar à margem, apesar de ter sido solicitado o seu apoio.
De parabéns está toda a população de Adeganha e demais participantes. A sua entrega e simpatia são o que de melhor vi nesta iniciativa. Quando falei com uma pessoa do coro sobre o entusiasmo que ela colocava no canto, limitou-se a responder-me - Pudera, estou a representar À'deganha!
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Publicada por Blogger em À Descoberta de Torre de Moncorvo a 7/18/2012 02:53:00 AM
Depois de almoço fiz um passeio pela aldeia visitando alguns espaços onde decorriam atividades.
Na Capela de Nª Sª do Rosário passavam ininterruptamente registos do passado. Gostei de conhecer o interior da capela porque já tinha fotografado o exterior em 2008, numa das minhas primeiras visitas à aldeia.
Na antiga Escola Primária decorreram atividades ao longo de quase todo o dia e estava patente uma exposição. O tear era o centro das atenções. A senhora Isabel Marinho manejava-o com a mestria de quem passa muitas horas neste ofício. Isto porque não o faz apenas para exibição, mas porque este é o seu trabalho de todos os dias. Os batimentos secos e repetidos nas tiras de trapos e a cadência alternada dos pedais despertavam as mais inesperadas perguntas das pessoas que nunca tinham visto um tear a funcionar. Era possível perceber o tratamento do linho e da lã, conhecer os artefactos, tocar no linho, na estopa, na linhaça, e, para finalizar, apreciar bonitos trabalhos feitos em linho e em lã, não peças do passado, mas peças que atualmente ainda têm grande procura e são muito bem pagas.
Na escola funcionou a oficina de cardar e fiar, durante a manhã e oficina de urdir e tecer, durante a tarde. Também existiam espalhados pelo recreio jogos tradicionais como andas, piões, macaca, aro, etc.
Regressei ao largo, centro da festa. Não queria perder as principais atividades, a segada e a malhada. O campo a ceifar não era distante da aldeia. Pelo caminho ainda passei pelo forno, onde durante a manhã se fizeram económicos e pão, mas já "estava frio".
Pelas 5 da tarde chegou o "cortejo"! Foram muitas as pessoas que compareceram para verem e participarem na segada e malhada tradicionais. No mesmo horário estava ainda a decorrer na igreja de São Tiago Maior uma visita guiada (paga) patrocinada pela Direção Regional de Cultura do Norte, sendo impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo!
A segada começou num ambiente de festa. Eram mais os fotógrafos do que os segadores. Pareceu-me os olhos de ambos brilhavam de entusiasmo. Alguns dos segadores não realizavam semelhante tarefa há algumas décadas!
Gritava-se - O burro gosta da palha! Esta nunca tinha escutado mas percebe-se rapidamente; é mais fácil e rápido cortar o cereal mais pelo alto, mas os verdadeiros "profissionais" cortavam a palha o mais rente ao solo possível, aproveitando-a ao máximo.
Cada um mostrou o melhor de si na seleção da granheira, no amanhar das gabelas e na feitura dos molhos. Os dedais ajudavam e as manadas eram fartas. Demonstrou-se a feitura dos banceilhos e os visitantes puderam aprender o manejo da seitoira e testar a sua destreza. Eu não quis ficar de fora.
Chegou a canastra com a merenda e cabaça do vinho (para fazer esquecer as bilhas com água). A merenda não passou de uma simulação. Não se fizeram relheiros e passou-se à acarraja. Alguns molhos foram carregados às costas pelos segadores, outros foram carregados num burro (coitado do burro que passou toda a manhã a passear turistas!).
A eira estava próxima. Tal como eu, muitos dos presentes pouca memória terão das malhadas feitas com de forma manual, com um malho. Assisti, acho que pela primeira vez, ao astrar do cereal (espalhá-lo na eira para ser malhado), fazendo a covela, até o eirado ficar completo.
O trabalho violento e cansativo de retirar o grão da espiga com pancadas repetidas do malho não é comum em todas as zonas do nordeste. No Planalto Mirandês era feito com a ajuda de animais atrelados a uma alfaia própria com o nome de trilho. O mesmo procedimento era utilizado para o grão-de-bico, tremoço e lentilhas.
Durante a malhada o grupo coral entoou algumas canções típicas da malhada. A primeira passagem, a decrua, é muito violenta e o bater cadenciado e sincronizado os malhos é a melhor "música" que se pode ouvir, mas, depois de virada a covela e o eirado, começa a entravessa (segunda passagem) com pancadas menos violentas das mangueiras.
Os cânticos foram recolhidos e treinados previamente. Na encenação prévia das atividades de segada e malhada (e do baile) esteve o grupo de teatro "Alma de Ferro" de Torre de Moncorvo.
O vento não se mostrou colaborante, mas conseguiu-se separar o coanho ou rabeiras do grão após alguma insistência e muito jeito.
Terminada a tarefa, a merenda da malhada foi servida na sombra de um gigantesco sobreiro, próximo da eira, numa toalha, no chão. Convencidos de que haveria muitos candidatos para a merenda, apenas levaram 6 pratos, os suficientes para os malhadores. Mesmo assim, usou-se uma técnica antiga com várias pessoas a comerem do mesmo prato! O aspeto das migas de bacalhau era fantástico e o sabor ainda melhor. Estou convencido que numa situação real na toalha haveria muitas mais iguarias.
O grupo regressou ao largo das Amoreiras, para o ensaio do baile. Não ao som a música popular mas de canções tradicionais de Adeganha, dançadas em jogos de roda.
Vamos seguindo avante,
Caminhos da nossa aldeia,
Mostrando as nossas rendas,
Mais as nossas finas meias.
E nós os nossos calções,
Nossos pés tão delicados,
Nossos copinhos bem feitos,
Pelas damas invejados.
O "mestre" dos ensaios e impulsionador do evento, André, bem se esforçava por conversa os pares do baile de que os passos eram simples, mas alguns pés de chumbo teimavam em trocar a esquerda com a direita, ou em se agarrarem à mulher do par do lado. Depois de algumas repetições, as coisas começaram a funcionar. Eu também ensaiei alguns passos de dança.
Contrariamente àquilo que eu esperava, à ceia o movimento foi bastante menor do que ao almoço. Só na barraquinha onde eu almocei foram servidos mais de 70 refeições, mas à noite tudo esteve mais calmo. A ementa também era recheada e eu aproveitei para terminar com as migas da segada e uma alheira assada nas brasas.
Pelo recinto alguns grupos tentavam espetar pregos num cepo, para testarem quem seria o mais rápido. Não sei se pelo calor da bebida ou se pela falta de luz (ou de jeito), a maior parte das marteladas saía ao lado.
Mais tarde atuou o grupo Mindibaile, que executou música para dançar, e executaram-se as danças treinadas ao fim da tarde. Já não estive presente nessa parte da festa, mas a julgar pelas fotografias que já vi, deve ter sido um final bastante animado.
Estas atividades designadas Segada e Malhadas tradicionais deram uma dinâmica diferente à aldeia de Adeganha, justificando a utilização das palavras Aldeia Viva. Essa dinâmica não apareceu no dia 14 de julho, iniciou-se muito antes, com investigação, planificação e ensaio de todas as atividades. Tudo isto surgiu graças a um movimento designado Adeganha, Aldeia Viva que integra algumas pessoas envolvidas nos estudos arqueológicos a decorrer no vale do sabor na consequência da seu aproveitamento hidroelétrico, com a tão polémica barragem e que residem temporariamente em Adeganha.
Houve também o apoio direto da ACE, consórcio formado para a construção da barragem e do grupo de teatro Alma de Ferro. A Junta de Freguesia "está sempre presente", como o seu Presidente me disse. Estranhamente a Câmara Municipal preferiu ficar à margem, apesar de ter sido solicitado o seu apoio.
De parabéns está toda a população de Adeganha e demais participantes. A sua entrega e simpatia são o que de melhor vi nesta iniciativa. Quando falei com uma pessoa do coro sobre o entusiasmo que ela colocava no canto, limitou-se a responder-me - Pudera, estou a representar À'deganha!
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